CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Sérgio Fontenele avatar

Sérgio Fontenele

Sérgio Fontenele é jornalista e comentarista político

74 artigos

blog

As balas paramilitares que atingiram Cid Gomes

A família Bolsonaro tem um longo histórico de condecorações a oficiais milicianos e muitos supostos negócios com essas organizações paramilitares. Corre-se o risco de haver um golpe – ou autogolpe – paramilitar no Brasil, a exemplo do que aconteceu na Bolívia?

(Foto: Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

*Publicado originalmente no Pensar Piauí

O episódio no qual o senador Cid Gomes (PDT-CE) levou dois tiros – uma bala saiu pela clavícula, a outra atingiu o pulmão esquerdo –, em Sobral (CE), disparados por policiais grevistas, encapuzados e amotinados num quartel da Polícia Militar (PM), mostra que há um sentimento preocupante ganhando força nas polícias. E não tem a ver com o respeito às instituições, ao estado democrático de direito, à sociedade à qual deveriam defender. Não se trata, evidentemente, de uma questão trabalhista, greve por melhores salários. Há algo por trás.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Claro, há neste caso uma insatisfação salarial e com as condições de trabalho, porém, o incidente do final da tarde desta quarta-feira (19-2) serve de alerta para o cenário de tensão e conflito político que está sendo armado no País. Parte do núcleo duro do bolsonarismo – os tais 10% ou 15% que apoiam o presidente Jair Bolsonaro em qualquer circunstância, tendo ele feito ou não alguma coisa, por pior que seja –, esse segmento traz apreensão por suas inspirações antidemocráticas, estar muito armado e disseminado em todo o País.

Cid Gomes agiu de forma intempestiva, bem ao seu estilo, ao pilotar uma retroescavadeira em direção ao piquete formado pelos policiais junto ao portão do quartel, mas foi desproporcional a reação dos militares, ao tentar matar um senador da República, sob o manto da impunidade garantido por máscaras, capacetes e capuzes. Como observou a jornalista Eliane Cantanhêde, foram tiros para matar, e por pura sorte não conseguiram. Afinal, o parlamentar foi alvo não apenas de dois disparos, mas um verdadeiro tiroteio.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Violência potencial política

As informações de que o comércio, em várias cidades do Ceará, foi obrigado pelos grevistas a fechar suas portas, entre outras situações problemáticas, teriam motivado o gesto de Cid Gomes. Mas o que chama a atenção, neste momento delicado da vida nacional, é a violência potencial usada como instrumento político, por parte de setores das forças policiais, insufladas constantentemente pelo clã Bolsonaro e seu discurso de ódio. São pessoas que exibem seu desprezo pela democracia, nas redes sociais ou em qualquer ambiente real.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Sob suspeita de manter relações com as milícias cariocas, formadas basicamente por policiais militares, a família Bolsonaro tem um longo histórico de condecorações a oficiais milicianos e muitos supostos negócios com essas organizações paramilitares. É lógico, se formou uma grande identificação entre o clã e parte das categorias policiais, célebre por defender coisas, como golpe militar, fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), liberação total de armas, tortura, perseguição dos inimigos, etc.

Isso talvez explique um pouco do que levou ao atentado contra o senador cearense, irmão do ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes, um dos mais contundentes opositores de Bolsonaro. O episódio levanta dúvidas se há em curso, nos bastidores, uma grande articulação nacional, por parte desses policiais, no sentido de apoiar o presidente, caso as respectivas condições de governabilidade estejam completamente perdidas. Corre-se o risco de haver um golpe – ou autogolpe – paramilitar no Brasil, a exemplo do que aconteceu na Bolívia?

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO