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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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As condenações de Lula

"Lula desafiou, ao longo de sua vida, enorme quantidade de condenações, superou a todas, contrariando os que acreditam em destinos inelutáveis para as pessoas", escreve o sociólogo Emir Sader, fazendo um retrospecto desde o nascimento de Lula, sua ida para São Paulo e o enfrentamento do câncer, entre outros desafios; "Lula prova o contrário, anima os que se sentem desesperançados, convoca aos novos combates com a mesma força com que enfrentou a miséria, a discriminação, os maiores problemas do Brasil, problemas de saúde, perseguições. Lula sempre foi um condenado e sempre superou as perseguições e os destinos a que queriam condená-lo. Não deixará de fazer o mesmo de novo agora", afirma

Lula (Foto: Emir Sader)
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As condenações não são alheias na vida de Lula. Na realidade, ele já nasceu condenado à morte, como tantos milhões de crianças de sua geração e do seu meio social, no Nordeste, condenadas à morte pela fome e pelas doenças vinculadas à pobreza. Ele mesmo perdeu 3 irmãos, que não conseguiram sobreviver a essa condenação.

Lula sobreviveu, superou essa primeira condenação, se considera um verdadeiro sobrevivente. Mas aprendeu, desde cedo, a enfrentar condenações, a encará-las de frente e a superá-las.

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A viagem de 13 dias de pau de arara com a mãe e os 8 irmãos sobreviventes os fez sobreviver à condenação da seca, mas passou a condenar a Lula e a seus irmãos à pobreza e à miséria. Eles todos estavam condenados, no melhor dos casos, a se tornar operários de construção, na cidade que se orgulhava de ser a "que mais cresce no mundo, se constroem 4 casas por hora". A viverem nas obras, que eram suas casas, se mudavam quando a obra terminava, para a obra.

Condenados a seres desqualificados como "paus de arara", "cabeças chata", "nordestinos", "baianos", "cearenses". A serem discriminados, marginalizados. A viverem o sonho difícil de um dia voltarem pra sua terra.

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De cara trabalhou nas atividades mais desqualificadas – engraxate, office boy, entre outros. Viveu nas condições de pobreza em que estava sua família, como ele costuma contar.

Mas Lula conseguiu sobreviver também a essa condenação. Fez curso técnico e se tornou torneiro mecânico. Fez o discurso na formação, diante das lágrimas de Dona Lindu.

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Porém, estava condenado a ser operário toda a sua vida. Foi quando Lula foi desenvolvendo a sua capacidade de liderança nas lutas dos metalúrgicos contra o arrocho da ditadura. Foi surgindo o extraordinário dirigente de massas, no Estádio de Vila Euclides, protagonizando os momentos mais impressionantes da luta contra a ditadura.

Lula foi preso, queriam condená-lo a ser um "subversivo", a ser marginalizado da luta sindical. Porém Lula fez daquele momento o começo da sua projeção como líder político. Lula superou também esse momento, fundando um partido que envergava o nome de Partido dos Trabalhadores.

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Na vida política, a primeira experiência eleitoral, diante de candidatos com grande experiência e conhecidos nacionalmente, ao ser candidato a governador de São Paulo e ficar em quarto lugar, foi muito decepcionante. Lula parecia condenado a um lugar secundário na vida politica nacional.
Até que foi candidato a presidente do Brasil, chegou ao segundo turno e quase ganha. Para surpresa de muita gente, Lula superou essa condenação também e mostrou que poderia vir a dirigir o país.

Aí veio a era neoliberal, com Collor e FHC, e parecia que Lula estava condenado a ser um eterno líder do protesto impotente da oposição. O discurso neoliberal pretendia condenar Lula a personagem do passado.

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Mas Lula superou, mais uma vez, a tentativa de condenação, e se elegeu o primeiro líder sindical presidente do Brasil. Na esquerda muitos diziam que o país não tinha mais jeito, que tinham deixado uma herança impossível de ser revertida pelo Lula. Na direita, apenas esperavam seu fracasso imediato. Mas Lula realizou o melhor governo que o Brasil já teve, superando talvez a maior condenação a que se enfrentou.

Não se dispondo a candidatar-se a um terceiro mandato, foi condenado a ter encerrado o ciclo de governos do PT. Lula lançou Dilma e elegeu sua sucessora.

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Logo em seguida, teve o diagnóstico de um câncer na garganta. Uma condenação dura, que Lula encarou com garra e superou.

Com o golpe de 2016 e a operação Lava Jato a todo vapor, de novo Lula era condenado a ser excluído da vida política, acusado de corrupção, com oito processos contra ele. A história brasileira seria passada a limpo por alguns juízes que se reivindicavam ser justiceiros. Os governos do PT teriam sido uma fraude e Lula, como seu personagem maior, o principal responsável por tudo isso.

Lula seria condenado definitivamente, preso ou apenas excluído da vida política, seria condenado ao ostracismo, como político corrupto. A pena de 9 anos e meio e a de 12 anos representaria a condenação definitiva de Lula.

Não é a primeira, nem a última condenação de Lula. Ele enfrenta de peito aberto, desafiando que apresentem provas para as acusações de processos sem crise e sem provas.

Lula enfrenta nova condenação de forma serena, firme, digna, porque sabe que não cometeu nenhum crime. Segue candidato, se anuncia que deve aumentar ainda mais sua liderança nas próximas pesquisas, se dispõe a seguir as Caravanas, a fazer a nova campanha presidencial, a ganhar e a voltar a presidir o Brasil.

Lula desafiou, ao longo de sua vida, enorme quantidade de condenações, superou a todas, contrariando os que acreditam em destinos inelutáveis para as pessoas. Lula prova o contrário, anima os que se sentem desesperançados, convoca aos novos combates com a mesma força com que enfrentou a miséria, a discriminação, os maiores problemas do Brasil, problemas de saúde, perseguições. Lula sempre foi um condenado e sempre superou as perseguições e os destinos a que queriam condená-lo. Não deixará de fazer o mesmo de novo agora.

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