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Celso Raeder

Jornalista e publicitário, trabalhou no Última Hora e Jornal do Brasil, é sócio-diretor da WCriativa Marketing e Comunicação

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As derrapadas de Lula

A palavra de ordem é: RENOVAÇÃO! Tá na boca do povo. A estrela de Lula voltou a brilhar. Mas, cada vez que derrapa numa fotografia com Renan Calheiros, aparece uma nuvem para escondê-la

Ex pres Lula ao lado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e do governador Renan Filho. Foto Ricardo Stuckert (Foto: Celso Raeder)
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O céu começava a pontuar suas primeiras estrelas naquela noite de 28 de setembro de 2016, em Campinas, a maior cidade do interior paulista. Ali, como de resto em todo o Brasil, o assunto era a Operação Lava Jato, e de como o juiz Sérgio Moro e seus procuradores estavam passando o país a limpo. Havia no ar aquele clima de unanimidade burra, profetizado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, e foi nesse cenário hostil que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva subiu ao palanque para fazer o discurso que testemunhei.

Não havia povo para dar atenção às suas palavras. Apenas uns poucos militantes, devidamente uniformizados e suas bandeiras. Fiquei um pouco distante, avaliando as reações das pessoas que atravessavam a Avenida Treze de Maio, e pelos adjetivos impublicáveis que ouvi me convenci de que a carreira política do ex-presidente estava definitivamente enterrada.

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Mas em política não existe a palavra definitivo. O tempo foi passando, e Sérgio Moro e seus meninos não conseguiram provar absolutamente nenhuma de suas acusações contra Lula. Mesmo lastreado pela mídia servil, habituada a fazer a sociedade de idiota, nem a família Marinho, nem os Civitas, e tampouco os Frias e Mesquitas, contavam com o poder avassalador das mídias sociais como instrumento de resistência e luta democrática.

A Internet fez as perguntas que nenhum jornalista da grande imprensa estava autorizado pelos seus patrões a fazer. Por que a mulher e a filha do Eduardo Cunha foram inocentadas? Por que nenhum político do PSDB está na cadeia? Por que a conversa do Joesley com Temer não resultou na cassação do déspota? Por que ninguém escuta o que disse o advogado Tacla Duran? Por que o governo compra votos de deputados para escapar de processo e o Ministério Público se cala? Por que uma mala cheia de dinheiro roubado não é crime, na opinião do novo chefão da Polícia Federal? Por que Gilmar Mendes, Temer e Rodrigo Maia se acham no direito de decidir entre eles um modelo semipresidencialista para enfiar na goela do povo? Por que o Supremo usa o Direito como se fosse um cardápio "à la carte" para atender ao paladar do Aécio Neves?

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Some-se a estas interrogações a política catastrófica de desmonte dos direitos sociais da população brasileira, o desemprego de quase 20 milhões de trabalhadores, a volta ao mapa da fome da ONU, um governo recheado de corruptos que tira foto ao lado do juiz Sérgio Moro com os dentes arreganhados, e temos aí a usinagem que deu forma ao ex-presidente Lula, que volta ainda mais forte do que antes.

Lula, no entanto, precisa entender que sua versão 2.0 é fruto dessa conjugação de fatores, enriquecida pela memória do bom governo que fez. E comete grave erro ao achar que a sociedade também concederá o benefício da dúvida àqueles que, comprovadamente, se organizaram em quadrilhas para saquear os cofres públicos, como é o caso do ex-governador Sérgio Cabral. Como estrategista experimentado na lide política, Lula sabe que o sistema eleitoral brasileiro exige composições que embrulham o estômago. Mas não pode deixar de considerar a questão de maior relevância para as eleições de 2018, que é a repulsa da sociedade por tudo isso que aí está. A palavra de ordem é: RENOVAÇÃO! Tá na boca do povo. A estrela de Lula voltou a brilhar. Mas, cada vez que derrapa numa fotografia com Renan Calheiros, aparece uma nuvem para escondê-la.

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