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Carlos Carvalho

Doutor em Linguística Aplicada e professor na Universidade Estadual do Ceará - UECE.

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As desventuras de Jair no mato sem cachorro

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Na última terça-feira, dia 10, Jair, o ocupante do cargo mais alto da República recorreu ao termo “marica”, com o objetivo de dizer que o Brasil é um país de gente frouxa, medrosa, de homens efeminados, e que a população deveria enfrentar a pandemia de Covid-19 de peito aberto. O Brasil, disse ele, tem que “deixar de ser um país de maricas”. Ao optar pela lexia “maricas” o político reforça a latente homofobia, que externa de maneira recorrente nas muitas vezes em que fala ao público, e pela qual nunca sofre nenhum tipo de sanção, como se tudo isso fosse parte de um grande acordo nacional. 

Os discursos de Jair, se é que jorros de impropérios e nonsense podem ser assim chamados, não surpreendem mais ninguém. O amontoado de asneiras que costuma ser vomitado pelo habitante do Planalto está em perfeita consonância com seu nível intelectual rasteiro e deficitário, carregado do preconceito e da estupidez que o caracterizam como um dos políticos mais incapazes e irrelevantes da história da política brasileira. E olhe, caro leitor, que a concorrência é pesadíssima! Porém, como Jair não é um “esquerdopata”, mas um “construtor de pontes”, como quer a mídia nativa, tudo é permitido.

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Além de preconceituosa, a fala do dia 10/11 demonstra extremo desrespeito do Estado brasileiro para com a memória dos mais de 160 mil mortos e, consequentemente, para com suas famílias. O que o excelentíssimo Jair não sabe é que não se enfrenta uma pandemia de peito aberto. Como somos levados a crer que o chefe da nossa gloriosa nação sabe muito bem o que quer dizer a expressão “peito aberto”, resta-nos a certeza de que ele não sabe, nem de longe, o que significa uma pandemia de Covid-19. Assim, enquanto as pessoas continuam sendo infectadas e mortas, Jair continua jogando pra torcida, destilando seus ódios por meio dos seus “discursos” inconsistentes e irresponsáveis, como se estes fossem capazes, como cortinas de fumaça que são, de escamotear tudo, inclusive a morte. Claro que não é assim que a banda toca, sabemos. Contudo, como meter isso na cabeça de um mentecapto, cuja preocupação maior é a dificuldade de sair para comer um pastel e tomar um caldo de cana?

Voltando ao uso do termo “marica”, lembramos que o presidente gosta de enxertar metáforas e ironias em suas falas vazias. Metáforas e ironias, no entanto, só devem ser usadas por pessoas inteligentes, haja vista Machado de Assis, Oscar Wilde e Jonathan Swift. Mesmo assim, Jair insiste em utilizar metáforas, na maioria das vezes, de cunho sexual ou de duplo sentido. Assim, o uso que é feito delas pelo pobre Jair beira sempre o tosco. Quando muito, somente Jair, o pequeno, sorri seu sorriso amarelo. E Jair, o anti-heroi sem nenhum caráter, segue em suas desventuras no país de maricas, como se um grande machão fosse. Em mais um de seus delírios, não é que o mascu Jair resolveu peitar os gringos! Yes, nós temos bananas! Mas pólvora, que é good, disse Dudu, nós num have, advertindo o patriarca.

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Sob o desgoverno de Jair o país foi transformado em uma imagem tão caricatural quanto os discursos do próprio presimeme. No entanto, era uma escolha muito difícil, disseram os paus-mandados dos donos do poder. E assim, em meio ao caos que instalaram no Brasil pós-golpe, Jair começa a se desesperar. E agora, Jair? E agora, como ficarão suas desventuras no país de maravilhosos maricas, você que zomba dos outros? E agora? Babando, Jair grita: “Cortem-lhe a cabeça!”. Não há respostas. Quase ninguém mais lhe dá atenção. Isolado e triste no mato sem cachorro, Jair balbucia: “não me deixem só”.

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