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Leônidas Mendes

Professor de História

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As Encruzilhadas do Labirinto – Parte 2

Dessa origem histórica não mais escapamos: ao invés de um Estado-nação, nossas elites criaram um Estado-território

Exército do Brasil (Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil)
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Na primeira parte destas reflexões, chamei a atenção para a aliança sociopolítica e ideológica entre as elites e as forças armadas brasileiras, desde que o Exército se consolidou como força política ao final da Guerra do Paraguai, em 1870. 

Lembramos também que, desde então, sempre que nossas elites se sentiram ameaçadas em seus privilégios de classes recorreram às forças armadas para reprimir e/ou submeter, às vezes preventivamente, as camadas populares, até fins do século XIX, composta basicamente de escravos, depois, por seus descendentes; ao menos em sua maioria.

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Agora, que mais uma vez o país se vê ameaçado em seu processo civilizatório pelos “braços armados” de suas elites, nos propomos a, minimamente, tentar compreender, através de nossa história, como nossas forças armadas, provavelmente como em nenhum outro lugar, se lançam constante e facilmente contra seu próprio povo. 

Sem dúvidas, um dos fatores está na forma como se constituiu e se consolidou o Estado brasileiro, nas primeiras décadas do século XIX, precisamente entre os anos de 1820 e 1840, durante o processo de nossa independência: na verdade, uma conspirata maçônica e familiar de nossa aristocracia e a família real portuguesa, aqui representada pelo príncipe regente D. Pedro I.

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Nas palavras do historiador Jaime Pinsky, “um negócio de pai (D. João VI) pra filho (D. Pedro I)”, tendo grandes proprietários de terras e de escravos, os grandes comerciantes e a Inglaterra como intermediários, fiadores e financiadores, além de base política interna e arrimo diplomático externo, respectivamente. Juntos e misturados.

Já naquele momento, os objetivos eram claros. Tratava-se de uma “transformação sem mudança”, uma “troca de placas”. As classes dominantes locais se associavam ao mercado internacional para assegurar a exclusão das camadas pobres e dos escravizados, proclamando-se a independência política mas preservando-se o latifúndio, a escravidão e monocultura.

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Nasceu assim o Estado brasileiro: falava-se em nome do povo, mas agia-se contra o povo, contra sua liberdade, contra sua autonomia. Tornávamos um Estado, mas não uma nação. Mais precisamente, tratava-se de um Estado contra a nação, acima da nação, estranho à nação!

E, como naquele contexto, algumas facções das mesmas elites tivessem projetos políticos distintos para o modelo de Estado e tentassem a secessão, como foram exemplos a Confederação do Equador de 1824, no Nordeste, e Guerra dos Farrapos, entre 1835 e 1845, no Sul, a imposição da unidade política e territorial fez-se a fórceps!

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Dessa origem histórica não mais escapamos: ao invés de um Estado-nação, nossas elites criaram um Estado-território. E, ao que nos parece, passados quase dois século da tal independência, raiz primeira de nosso Estado e, portanto, de suas forças armadas, até hoje sua identidade se vincula à defesa de nosso território, não de nosso povo!

Não ouso a dizer que este é o motivo pelo qual temos um Estado mas não uma nação, temos paisagem mas não um país; mas, não há dúvida de que a ruptura do nascedouro ainda não foi sanada! Ao contrário, a fissura vem constantemente aumentando.

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E, à medida do distanciamento, damos mais um passo nas encruzilhadas do labirinto entre a democracia e o arbítrio, entre a civilização e a barbárie!

Continuaremos?

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