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Hélio Doyle

Hélio Doyle é jornalista, foi professor da Universidade de Brasília e secretário da Casa Civil do governo do Distrito Federal

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As excelências estão descansando

Parlamentares e juízes não estão nem aí e gozam suas férias. Vivem em outro mundo, longe da população que sofre os efeitos das crises econômica, política e ética que o país atravessa

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Danem-se, não estou nem aí. Essas poderiam ser palavras colocadas na boca de parlamentares e juízes de todo o Brasil, que não estão mesmo nem aí para a gravíssima crise que o país atravessa e gozam suas férias como se nada estivesse acontecendo e não houvesse urgência para encontrar uma saída. Danem-se, é o que parecem dizer aos que não gozam de seus altíssimos salários, benefícios, privilégios e mordomias, e que mais sofrem com a situação lamentável na qual vive o país. Que se dane a população, que está sendo afetada pela crise que, pelo jeito, passa longe de autoridades que se tratam como excelências.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal já poderiam ter decidido uma questão crucial neste momento: se Eduardo Cunha vai ou não continuar com seu mandato e presidindo a Câmara dos Deputados. Poderiam também tirar logo as dúvidas levantadas quanto à decisão do tribunal a respeito do processo de impedimento da presidente da República. Mas não, estão esperando fevereiro chegar. Se não março, abril. Danem-se todos, esperem acabarmos nossas férias, devem estar dizendo.

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Já os ministros do conceitualmente inútil, desnecessário e caro Tribunal Superior Eleitoral poderiam decidir logo se Dilma Rousseff e Michel Temer serão afastados de seus postos com base na legislação que rege as eleições. Uma decisão, qualquer uma, tiraria de suas cabeças essa espada, ou a enfia de vez. De um jeito ou outra acabaria a novela, e o país poderia definir seus rumos com mais clareza, sabendo que será governado pela dupla até 2018.

O Congresso, onde se trabalha muito pouco e se gasta excessivamente o dinheiro público, está paralisado por um dos muitos recessos – preto, branco, nunca se sabe a cor – a que se dá o direito durante o ano. Suas excelências estão de folga e, se já não gostam de trabalhar em período normal, imagine-se de férias. Mas deputados e senadores poderiam não só estar dando andamento ao processo de impedimento, para que seja logo decidido, como aos processos que andam a passos de cágado em suas comissões de ética.

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Mais do que isso, porém, deputados e senadores poderiam estar discutindo e encontrando soluções consensuais ou negociadas com o governo para minimizar a crise econômica e financeira, já que superar a curto prazo é sonho. Mas debatendo de verdade, fazendo a política que se faz com P maiúsculo, e não fazendo a discussão desqualificada e que mostra o despreparo e a imbecilidade da maioria. E trabalhando com seriedade, não se apoiando em discursos políticos vazios e demagógicos.  

Paralisado na prática, embora não queira reconhecer isso, o governo federal está trabalhando, mas não faz o que tem de fazer: governar, liderar. Não consegue exercer seu papel sob as ameaças de impedimento, por caminho parlamentar ou judiciário; sem maioria estável no Congresso; com a base social e política fazendo uma sustentação parcial por causa de opções de política econômica; e sujeito aos sustos diários com a Lava-jato e a Zelotes. Em vez de buscar soluções políticas inovadoras para sair dessa situação, trabalha com a velha politicagem fisiológica e com uma tal de agenda positiva que beira a indigência. Um de seus temas prioritários, no momento, é quem nomear do corrupto PMDB para a irrelevante e dispensável Secretaria da Aviação Civil.

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O Executivo, pelo menos, não está de férias. Mas como aquele menino que fica sozinho no bairro quando todos os seus amigos viajaram, não sabe o que fazer. Tem de esperar que eles voltem.

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