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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

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As máscaras do presidente

Não é que o nosso mandatário não adote máscaras. Ele as usa, ainda que não a nossa, contra a coronavírus. A dele é a da rebeldia vazia, a que não visa mudar o sistema

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Quis a Fortuna – ou a má-Fortuna – que estejamos mergulhados numa tragédia social de proporções drásticas com o surto da Convid-19. Muitas são as consequências que devemos enfrentar, finalmente com uma luz no fim do túnel, graças à perspectiva da vacinação. É um cenário que, em condições normais, exigiria um comando político lúcido para tranquilizar as pessoas, já bastante inquietas pelo número de vítimas em escala alarmante. Em vez disso, temos Jair Bolsonaro. Nossos estabanado Presidente imagina ser capaz de fazer face à situação apelando para um conjunto de máscaras que usa a seu bel-prazer, esquecendo-se de que possui como uma de suas missões a função de orientar os movimentos do nosso estado de espírito. 

Nos anos 50 e 60 do século passado, o cinema inglês tinha um grande ator que ficou conhecido como “o homem das mil caras”. Isso porque, em cada papel, desenhava sua atuação com tais requintes de virtuosismo que se tornava irreconhecível. Aficionados da arte da representação já devem ter inferido que se tratava de Alec Guinness, artista de extraordinária versatilidade capaz de nos convencer que estávamos diante de um herói, quando apenas tínhamos em ação um assassino ou um bandido vulgar. Seu exercício de teatralidade dispensava as máscaras, por que já as integrava em seu corpo físico, não obstante figurassem, como recurso, na história do teatro, sobretudo o grego ou o japonês. Pois na política também, versatilidade (ou máscaras) aparecem no figurino de certas lideranças para fortalecer posições ou atrair seguidores. 

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Parece ironia tocar no assunto quando, por recomendação científica estejamos, hoje, cobrindo-nos para nos proteger da epidemia. Não há quem não as indique, no plano das recomendações médicas, uma vez que nos faltam remédios eficientes quando o ataque do vírus se declara arrastando para a morte. Estatísticas inquestionáveis o revelam. E o nosso Presidente diante disso, o que nos diz? Nas redes sociais, enuncia pregações contra o uso... das máscaras, o único instrumento que nos assegura um mínimo processo de proteção! Como não se trata de brincadeira, há motivo para a aprovação de um pedido de impeachment. Só Hitler, na Alemanha destruída pelas forças aliadas pretendeu massacrar um povo inteiro, o seu, já que não eliminara os outros. Não há novos exemplos na História.

E não é que o nosso mandatário não adote máscaras. Ele as usa, ainda que não a nossa, contra a coronavírus. A dele é a da rebeldia vazia, a que não visa mudar o sistema. É a da irreverência oportunista, para aparecer nos jornais. É a do vilão. A do herói não se lhe ajusta. Alec Guinness também não. E o preço, pagam, não os que o escolhemos (ou não escolhemos) na eleição. Pagam, justa ou injustamente, sem véus de alegoria, brasileiros e brasileiras, à espera do futuro.

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