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Marconi Moura de Lima

Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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As Medidas Provisórias de Bolsonaro e a poluição das cortinas de fumaça

Bolsonaro quer mesmo governar, ou fazer proselitismo com as Medidas Provisórias?

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O presidente do Senado Federal devolveu a Medida Provisória nº 979/2020, que, em síntese, autorizava o ministro da Educação, Abrahan Weintraub, a impor sua ditadura tabajara junto às universidades e institutos federais, escolhendo, por ato unilateral, sem chancela democrática das comunidades universitárias, os reitores destas instituições.

Na prática, a devolução da MP significa mais uma DERROTA ao sistema de multi-golpismo de Jair Bolsonaro, pois, por sua “incompetência” legislativa, o texto normativo sequer poderá ser discutido no Congresso Nacional, tamanha era a aberração inconstitucional desta Medida Provisória. No entanto, no simbólico operacional deste sistema de governo, feito sob a esteira da mentira, das fake News, da hipocrisia, do fascismo e da pós-verdade, Bolsonaro ganha “tempo” em sua tentativa de sobrevivência política. 

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Bolsonaro participa daquela máxima dos alcóolicos anônimos: “só por hoje eu não vou beber”[1]. Alguns grupos do AA trabalham com a frase: “um dia de cada vez”, consignando mais um ciclo sem que estes sujeitos viciados tomem o primeiro gole de álcool – que certamente os derrubará. Bolsonaro vai “cair” do poder. E sobrevive com sua estratégia imunda de produzir diariamente CORTINAS DE FUMAÇA, poluindo o céu, a realidade e o imaginário do povo brasileiro – que se torna incapaz de se mover, de produzir, de avançar na vida diária. 

Retomando a questão das Medidas Provisórias, temos alguns grandes problemas aí. Na primeira esfera de gargalos aos usos das MPs, como dissemos, tornou-se uma fábrica de cortinas de fumaça. No segundo intento, é o completo desvirtuamento desta iniciativa de Lei que é de competência privativa do Presidente da República. Pelo artigo 62 da nossa Constituição Federal, somente “em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional” (texto original da CF-88). Entretanto, não é um poder absoluto. Existe no rol deste mesmo artigo um conjunto enorme de proibições e critérios para a interposição de MPs. 

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Infelizmente, os governos no Brasil, de quaisquer partidos, têm um enorme costume de governar usando o instrumento “Medida Provisória”, o que impõe ao Congresso Nacional uma agenda quase sempre apressada e algumas vezes casuística. Muito embora, também seja culpa de nossos parlamentares a letargia do Congresso em produzir leis com maior celeridade e qualidade que merece o povo brasileiro. Portanto, é um círculo vicioso o apego a este expediente, digamos, mais ligeiro para se propor a política pública e a política estrutural ao País.

No entanto, nunca um governo banalizou tanto o instituto das MPs como faz Bolsonaro. O Chefe do Executivo é tão incompetente e tão inconsequente que é capaz de utilizar desta iniciativa para criar o cargo-boquinha na Cinemateca para sua ex-secretária da Cultura, Regina Duarte. Portanto, Bolsonaro “inventa” temas inexequíveis para seu governo e banaliza a MP como uma espécie de “se colar, colou”, junto ao Congresso Nacional.

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Para se ter uma ideia, no primeiro ano de governo, Bolsonaro editou 48 Medidas Provisórias. Entretanto, de tão absurdos os temas e agendas, apenas 13 tiveram sua tramitação ocorrida até o encerramento do prazo (que é de 60 dias, prorrogáveis por mais 60, a depender), portanto, viraram lei, de fato. Ainda não tinha sido possível votar 24 – por falta de articulação do governo, ou mesmo pelas polêmicas dos textos, ou outros fatores –, e 11 foram rejeitadas, ou caducaram. 

Ademais, têm-se ainda uma preocupação estrutural: o governo não tem articuladores nos espaços institucionais (Congresso, STF, Sindicatos, Entidades Sociais etc.) para aprovar concretamente projetos. Na verdade, o governo não tem pauta, não tem programa... está à deriva! 

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A pergunta que fica é: Bolsonaro quer mesmo governar, ou fazer proselitismo com as Medidas Provisórias? Há de fato uma agenda séria para o País, os temas são urgentes para o desenvolvimento nacional, ou é apenas para desviar o foco de seus inúmeros escândalos, ou dos crimes praticados por seus filhos, contexto que poderá levar o Presidente ao impeachment em algum momento? Portanto, quando Bolsonaro não chama algum de seus assessores para produzir um vídeo, ou conceder entrevistas enaltecendo e repetido atos do nazismo de Hitler, coisa que eles realmente devotam, mas que, neste caso é para turvar a imagem frente às reais aflições da nação; quando Bolsonaro não cria alguma polêmica com suas doses diárias de cloroquina, de delírios golpistas, ou de outras entorpecentes; e chama alguns de seus ignóbeis juristas, fracos de cognição e técnica, e apresenta outra MP do “Absurdo”... somente assim tem assunto para a imprensa, queima de combustível das esquerdas e da oposição, e um dia a mais na soberba do poder e seu deleite...

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