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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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As sardinhas italianas

Neste último sábado, em Roma, mais de 100 mil pessoas caminharam cantando Bella Ciao, hino da resistência italiana e protestando contra a direita de Matteo Salvini e seu partido, Lega Nord

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Por Miguel Paiva, para o Jornalistas pela Democracia - Estava sentindo falta de ver a Itália protagonizando movimentos progressistas como os do fim do século passado. A esquerda e o centro esquerda se entendiam e o país caminhava para um compromisso histórico que mudaria todo o cenário italiano e europeu. 

Agora estou sabendo que o movimento Sardinhas, nome bem expressivo que simboliza o coletivo, sardinhas sozinhas são presas fáceis mas nadando em cardume são difíceis de parar, começa a ganhar corpo e a se tornar uma possibilidade de transformação real. Quatro jovens amigos de Bologna, entre eles Mattia Santori se juntaram movidos pela ameaça da direita vencer as eleições na Emilia- Romagna, região tradicionalmente de esquerda. 

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A partir daí começaram a se organizar e neste último sábado, em Roma, mais de 100 mil pessoas caminharam cantando Bella Ciao, hino da resistência italiana e protestando contra a direita de Matteo Salvini e seu partido, Lega Nord. "Roma não se Liga" era a palavra de ordem e Mattia, num palanque improvisado na Piazza San Giovanni, local mítico da história da esquerda italiana, leu alguns poucos pontos de uma resolução para que daqui pra frente a Itália voltasse a fazer política e não politicagem eleitoral. 

Diferente dos nossos 10 pontos contra a corrupção que até pode ter nascido de modo honesto mas acabou sendo instrumentalizado pela direita, o movimento dos Sardinhas na Itália pregava resoluções progressistas como apoio aos imigrantes, uma política de gênero, uma transparência no uso das redes sociais pelos políticos e outras pautas muito mais progressistas que conservadoras inclusive contra a grande imprensa. Eles se dizem apartidários, mas são claramente apartidários de esquerda, uma esquerda que há muito tempo sofria de apatia depois de inúmeras derrotas. 

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Mas essa direita que vem comandando a Itália desde os tempos de Berlusconi se fez, como todas as outras pelo mundo, através da manipulação de dados e  de fake news. Agora nada é inventado e nada pode ser manipulado. As pessoas estavam de fato nas ruas, cantando uma canção significativa e pedindo que os italianos voltassem a fazer política e demonstravam que estar ali, falando, cantando, protestando e exigindo mudanças era fazer política na sua essência.

Vivi na Itália nos anos graves do terrorismo mas, ao mesmo tempo, da grande possibilidade do compromisso histórico. Como não interessava nem à direita, nem a extrema esquerda, nem ao capitalismo predador não foi adiante. Aldo Moro, secretário da Democracia Cristã, foi assassinado e a Itália entrou no túnel confuso e sinuoso que misturou Berlusconi, Operação Mãos Limpas, crescimento dos partidos de direita, alienação da população, consumismo, crise econômica e nunca mais vimos a Bell'Italia de antes. Espero que agora as Sardinhas saiam das latas e voltem em grupo a navegar os mares promissores do progresso social. 

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