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Assalariado rural, o novo escravo do golpe

Imagino que Leitão só tenha apresentado esse projeto em nome dos ruralistas por saber que a palavra final não será de Lula ou Dilma, mas de Temer, um homem cujo modus governandi tolera até propostas de conteúdo explicitamente escravocrata

Imagino que Leitão só tenha apresentado esse projeto em nome dos ruralistas por saber que a palavra final não será de Lula ou Dilma, mas de Temer, um homem cujo modus governandi tolera até propostas de conteúdo explicitamente escravocrata (Foto: Elvino Bohn Gass)
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Quando a ex-presidenta Dilma diz que "o golpe não acabou" refere-se à tentativa de inviabilizar Lula, mas, também à inclusão, na pauta do Congresso, de projetos que contemplam os vorazes interesses da classe patronal, aí incluídos o latifúndio e a elite conservadora. Propostas como a terceirização desmedida, a destruição da CLT e o fim das aposentadorias sempre foram reivindicações desses setores, mas, por prejudicarem as camadas mais desprotegidas da sociedade, não transitavam nos governos de Lula e Dilma.

Com o PT no poder, não haveria como devolver aos ricos do Brasil as vantagens a que eles, historicamente e sem méritos, se acostumaram. Foi por isso e para isso que se armou aquele impeachment sem crime e sem vergonha: para que se pudessem apresentar projetos como o do deputado tucano Nilson Leitão (PSDB-MT), ruralista que quer permitir às empresas não pagarem trabalhadores rurais com salário, mas mediante "remuneração de qualquer espécie". Ou seja, um projeto torna legal a troca de trabalho por casa e comida.

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Imagino que Leitão só tenha apresentado esse projeto em nome dos ruralistas por saber que a palavra final não será de Lula ou Dilma, mas de Temer, um homem cujo modus governandi tolera até propostas de conteúdo explicitamente escravocrata. Não por acaso, mas por afinidade, o governo dos golpistas tenta, de todas as formas, impedir a divulgação da famigerada "lista suja" do trabalho escravo.

Mas voltemos ao projeto de Leitão... Combinada com as reformas trabalhista e da Previdência, a proposta aprofunda e potencializa a perda de direitos e de renda do trabalhador e da trabalhadora do campo. Além da troca do salário por casa e comida, o projeto, que tramita sob o número 6442/16, prevê jornadas de trabalho de até 12 horas diárias; permite que, em vez do repouso semanal, o empregado cumpra 18 dias de labor consecutivo para só então dispor de uma folga de três dias; libera o trabalho domingos e feriados sem a prova técnica (laudo) de que isso seja realmente necessário; e ainda revoga normas de segurança e saúde no campo retirando do empregador a obrigação de manter equipamentos de primeiros socorros no campo.

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Pior: como na reforma trabalhista, a prevalência do negociado sobre o legislado também se faz aplicar, aqui, aos assalariados rurais. Talvez o autor e sua bancada contem com o fato de que, por terem sido historicamente abandonados pelos governos anteriores aos do PT, os assalariados rurais não terão condições de perceber que se trata de submetê-los a uma violência absurda. Mas enganam-se os ruralistas se pensam que vamos deixar isso passar sem denunciar que este projeto só torna a reforma trabalhista ainda mais perversa, que oficializa o trabalho rural em condições análogas à escravidão e, ao invés de incluir o homem e a mulher que trabalham no campo como cidadãos e cidadãs de direitos, pretende deixá-los à margem de qualquer proteção.

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