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Marconi Moura de Lima Burum

Mestrando em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB, pós-graduado em Direito Público e graduado em Letras. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Trabalha na UEG. No Brasil 247, imprime questões para o debate de uma nova estética civilizatória

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Barroso: o vértice deplorável de dois lados iguais – Parte I

Parecia ser um homem sério. Um jurista com senso não-convencional. Um profissional digno. Um humanista convicto. Não, não passa [va] de um fingidor político na superestrutura jurídica. Hoje falastrão falsário revelado para a convenção dos comuns de toda a República

Barroso: o vértice deplorável de dois lados iguais – Parte I (Foto: Fellipe Sampaio - STF)
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Vivemos um momento trágico em nossa História enquanto civilização. A democracia, podemos dizer, está alojada numa espécie de limbo político em cuja [in]certeza paira em entes, digamos, zumbizados e instituições ermas de conteúdo lógico. É, portanto, o não-espaço, ou o lugar comum da espera interminável de uma incógnita existencial. O Brasil apodrece nessa vivência grotesca do vazio de esperança, tendo como pseudo defensores, arrogantes no plantão das possibilidades. E para completar, os "homens" responsáveis pela República, de tão voláteis no caráter e na opção ética, estão do lado do outro lado do mesmo lado [1]. Ou seja: não passam de déspotas que transladam a vida em harmonia com a ambiência da zona de conforto aparentemente de abordagem ideológica antagônica até a passagem pelo funil da conveniência protocolar dos egoísmos homônimos. Em outras palavras [que a simplicidade de minha mãe ensina]: "são todos farinha do mesmo saco", infelizmente. [2]

O exemplo mais patético disso que narrei acima é (são) a (s) postura (s) do – agora há poucos anos – ministro Luís Roberto Barroso. Parecia ser um homem sério. Um jurista com senso não-convencional. Um profissional digno. Um humanista convicto. Não, não passa [va] de um fingidor político na superestrutura jurídica. Hoje falastrão falsário revelado para a convenção dos comuns de toda a República. Ou seja: um traidor de convicções de outrora que no momento remontam apenas a manutenção cômoda da ordem vigente, do status quo, da segregação pelas elites, dos boçais dominantes, da hegemonia burra e egoísta. Barroso é o [pior] melhor exemplo da intersecção dos pontos trágicos que nos denotam como uma sociedade de castas.

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Se de um lado temos uma Forças Armadas vacilante de seus deveres cívicos formais que blefa assuntos eleitorais amedrontando a já bem hospitalizada democracia; do outro temos uma elite burguesa segregadora (formada principalmente por magnatas da grande mídia, banqueiros, rentistas, industriais, latifundiárias etc.) que aliena cada eleição. Para interligar como vértice desse cerco (circo) civilizatório-brasileiro, uma mente bestializada [3] como a de Barroso que brinca de ser o cavaleiro da capa preta; melhor: um novo "Moisés" à moda brasileira para, no limiar de sua esquizofrenia de pensar ouvir a "voz de Deus" saindo da sarça ardente e aludindo as "tábuas" mandamentais de uma nova sociedade, nos livrar do todo o mal.

É necessário lembra-lo, Ministro, que Vossa Excelência interpreta Normas; e não as inova, não as fabrica, sob qualquer pretexto. A este comportamento da magistratura interessa uma sociedade autoritária, bem longo dos princípios democráticos modernos.

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O problema aqui é que esse vassalo que tem certeza (em si) ser o arauto da verdade existencial-humana, ao combater a tal impunidade de um lado, reforça-a sobremaneira no outro lado. Novamente é vértice de uma estrutura que se interliga e se fecha viciada por seus despachos "mais do mesmo" para nada em lugar algum. Apenas atende ao interesse de um ente abstrato chamado Mercado – e seus ativos e atores.

Dito isso, penso que Barroso deveria, se houver alguma sinceridade em suas intenções do passado, rever o lado que faz o jogo sistemático das elites e sair da armadilha em que se aprisionou. E ao invés de interligar dois pontos de uma mesma perspectiva, apoiar as discriminadas e minorizadas vozes insurgentes tão sinceras do âmago da sociedade.

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Estas vozes não têm vez e representação institucional. São vozes mendigas jogadas nos calabouços da República. Não são donos do poder, ou do dinheiro, ou da influência. Não têm nada a oferecer à Sua Excelência a não ser a semântica da dignidade humana que jurastes defender quando feito magistrado pelas mãos da democracia. E se o ativismo do Judiciário presta favor ao autoritarismo útil, tão mais pode ser servido a proteger a vida humana entregue à sorte quando direitos sociais são aniquilados e riquezas nacionais [4] são dadas em presente a pessoas jurídicas sem alma e corpo e vida. Trata-se de proteger, por seu cargo, cognição e influência, o Conteúdo Intergeracional que lhe era o namoro pré-transbordo imperial.

[1] Em síntese: é o devir do círculo. É a volta de onde jamais se saiu. Entende?

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[2] Seja capaz, Leitor, de me perdoar pela [in]consequente ousadia de rebuscar a introdução do texto com minha filosofia tupiniquim. Trata-se apenas de uma inquietação do pensamento no esforço de sair da zona de conforto para, analogamente às falas do Barroso, fugir do labirinto retórico do Ministro intelectual de ética relativa.

[3] Embora um gênio da técnica jurídica, volúvel no caráter, o que se impõe sobre parte de seus Autos submetidos.

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[4] Se desejas mesmo ser útil ao País, ouse utilizar-se da interpretação da Constituição para proteger a Petrobrás e a Eletrobrás da venda a preço de banana que não estima sequer o lucro mensal destas empresas. Ou devolva os direitos trabalhistas arrancados de forma (pré-legal) sorrateira pelos nobres Congressistas, quando da Lei da Terceirização plena. Ou ainda: julgue pela Inconstitucionalidade a maldita Emenda nº 95; ela mata pessoas diarialmente. Há precedentes. Há lacunas nos atos administrativos e normativos que impuseram tal desgraça ao povo brasileiro.

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