Batalha cibernética de 2022: o encontro do poder das finanças digitais com as eleições digitalizadas
"Movimentos de TSE trazem evidências sobre suas limitações na atuação nestes dois campos: finanças e campanha/marketing digital", diz o colunista Roberto Moraes

No mundo contemporâneo já deixou de ser novidade falar que o dinheiro se tornou virtual e as finanças digitais. Pouco dinheiro passa pelos bolsos e mãos das pessoas que usam cartões, APPs de bancos, fintechs, Pix, etc. As transformações seguem velozes e quase não se percebe que a concordância e o aceite para a consecução destas mudanças, se ancoram numa espécie de confiança no sistema utilizado.
Sistema já amplamente aceito e utilizado, mesmo que baseado em abstratas informações, dados e algoritmos que movem o capital financeiro. Sistema que é muito pouco conhecido, mas confiável para a maioria, que pouco teme pelos seus riscos e suas instabilidades, na guarda do seu dinheiro, que se tornou agora não apenas virtual, mas digital e acessível através de redes.
Também sabemos que os instrumentos financeiros são cada vez mais digitais e servem mais amplamente ao andar de cima, que paga caro para que essa esta dominação tecnológica-digital se estabeleça e se amplie junto com seus lucros.
Passemos agora das finanças digitais para os sistemas eleitorais nacionais que administram a escolha dos representantes do povo mundo afora. As eleições como toda a sociedade entram cada vez mais em amplos processos de digitalização.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADEAs eleições nacionais são muito mais sujeitas aos descaminhos da pressão financeira e da propaganda falsa (fake news) do que os pleitos locais, onde o conhecimento das pessoas e fatos é mais fácil de ser checado e questionado pelos eleitores.
Sobre a digitalização das eleições, não estou me referindo à votação com as urnas eletrônica, já objeto de amplos debates e esclarecimentos, mas ao processo cibernético das campanhas como um todo.
As fake news e a relação profunda, direta e submersa desta com o mundo as finanças. Embora, hoje se tenha proibição do financiamento eleitoral das empresas, aquilo que ocorre no submerso mundo da internet profunda (deep web) é difícil de ser monitorado em termos de financiamento direto e/ou cruzado.
Trata-se de um processo complexo e cheio de tecnicalidades. Difícil de ser acompanhado ou analisado pela imensa maioria da população – e mesmo de técnicos e especialistas - que desconhece os meandros e os intestinos que une o universo das técnicas financeiras digitais com o financiamento e a comunicação na internet.
Se antes no Brasil, a atenção central da Justiça Eleitoral era com o financiamento irregular das campanhas e com o abuso do poder econômico, agora em 2022, as preocupações estão em grande parte voltadas para a batalha cibernética que se apresenta para as eleições de outubro. A transparência e o controle são dependentes de grandes corporações (Big Techs), cujas sedes estão fora do país e que sempre colocam seus ganhos e interesses acima das preocupações dos estados-nações e de suas populações.
Porém, mais importante é observar que os riscos dos desvios e instabilidades não são apenas da comunicação digital entre campanhas e eleitores, como o uso intensivo de fake news nos aplicativos de mensagens, mas também o financiamento para uso de robôs, esquemas de algoritmos e impulsionamentos digitais que, como vimos em 2018, foram sustentados por grupos empresariais – em parte instalados em servidores digitais fora do país - e que desnudaram a ilegal e submersa relação entre as finanças (poder econômico) e as eleições digitalizadas.
Os movimentos da justiça eleitoral (TSE) trazem evidências sobre suas limitações na atuação nestes dois campos: finanças e campanha/marketing digital que se encontrarão nas eleições de outubro. O resultado disso pode ser o de proteger e garantir o interesse democrático de escolha dos eleitores, ou, o de escancarar a conhecida e antiga relação entre poder econômico e político com uso das finanças e da campanha irregular em eleições cada vez mais digitalizadas.
A sugestão é para que os partidos e lideranças políticas progressistas se organizem para além da Justiça Eleitoral, de forma a garantir o resultado democrático das urnas, quando que se espera que os eleitores no voto retirem o país do atual desmonte e da ampliação da ameaça fascista, retomando a reconstrução de projeto nacional para o nosso querido Brasil. A ver!
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
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