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Carlos Odas

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Batalhas que evitamos não deixam de ser nossas; nunca

Se o PT tiver receio de falar em regular meios de comunicação por medo de apanhar da imprensa que é contrária à democratização da comunicação no país, continuará apanhando dela assim mesmo

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Em 2014, o PT terá de vencer batalhas algumas das quais preferiu se ausentar ao longo destes 12 anos; da coragem para enfrentar essas batalhas depende a vitória naquela que será a mãe de todas elas: a defesa da dignidade desse país, que vimos construindo a muito duras penas. Vale, de certa forma, o aforisma de Churchill sobre a paz com Hitler, proposta e assinada por Chamberlain pouco antes da eclosão do conflito de proporções imprevisíveis para a época e ao qual se buscava evitar com aquele ato – entre a desonra e a guerra, sempre terá a ambas quem optar pela primeira. Não se deve confundir, no entanto, o enfrentamento dessas grandes batalhas com a radicalização tola e com nenhum tipo de contribuição ao envenenamento do ambiente político do país; nossa campanha se dá, justamente, no front inverso, o da profilaxia do veneno inoculado pelos áulicos da direita mais cretina da Terra diretamente sobre as esperanças de parcela significativa do povo brasileiro.

A estratégia adequada, em minha opinião, é expor incoerências e falta de projeto da oposição de direita – fácil, até aí – mas levando em conta que a polarização nessa disputa já não faz tanto sentido na cabeça de muitos brasileiros. Para que volte a fazer sentido o que é esperança – e do que deveríamos ter medo, sim – as diferenças entre os projetos que estão colocados na disputa tem de aparecer; para isto, a primeira das grandes batalhas a ser vencida é a apatia das novas gerações com a ação política propriamente dita; a desmoralização da política e dos partidos políticos promovida ao longo desses anos correspondeu a uma tese e a um sentido: o ideário mais identificável dentre os disponíveis no pós transição era o do PT, e também o mais identificado com ideias de mudança; desconstituir a política, num contexto em que o projeto político mais prestigiado pela população era o PT, era desconstituir o PT. Assim, a “despolitização da política” tem sido a grande aposta da oposição de direita nestes 12 anos de governo petista.

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Resgatar o espaço da política nas relações sociais e colocar em discussão uma agenda avançada que contemple tanto a participação social quanto a Reforma Política é, também, a melhor forma de dialogar com segmentos sociais que já não se contentam mais em atuar na retaguarda da defesa de boas políticas públicas, simplesmente, mas que querem atuar estrategicamente na definição de rumos do país. É preciso retomar espaços de concertação, valorizá-los e incentivar decididamente a participação popular. Sem a apropriação da política pelas novas gerações, estamos fadados ao fracasso, sendo ele uma questão de tempo. Por outro lado, sem que as agendas reais sejam abertas, sem receios e por todos os meios possíveis, essa apropriação está impossibilitada. Mais do que o país que encontrou e transformou nesses 12 anos, o PT tem de convencer sobre qual país quer construir para os próximos vinte. Não em termos simplistas, não com a falta de imaginação que tem caracterizado nossas propostas nos últimos anos; deve ser o primeiro a proclamar, nestas eleições, o fim de um ciclo virtuoso e propor o início de um novo ciclo de mais e profundas mudanças.

Não é guerra de publicitários e marqueteiros, mas o momento crucial em que o país tem de decidir o que quer ser e o que fazer das políticas que promoveram a inclusão de milhões em nosso mercado interno de consumo. Como toda eleição, essa será ganha por quem se aproprie e se identifique com um conjunto de símbolos com os quais a maioria dos brasileiros queira se identificar também; o que não podemos mais é, em nome da política de alianças, insistir em dialogar com o senso comum sem oferecer nenhum conteúdo crítico como contraponto, sob o risco de tornarmo-nos reféns de certos atrasos, como em parte ficamos em 2010. Essa deve ser a eleição dos grandes temas: as reformas estruturantes, o papel do Brasil no mundo, as fundações de um projeto de desenvolvimento que se sustente no longo prazo.

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A oposição de direita não está preparada para esses temas por não ter afinidade com nenhum deles; é um grupo político tacanho e afeto a certos arroubos aristocráticos, fiel tanto à sua origem oligárquica, quando sugere a ideia de predestinação dos “herdeiros políticos” ou acredita ser capaz de reeditar a política do “café-com-leite”, quanto à sua genealogia udenista, quando faz do discurso anticorrupção sua bandeira mais elevada – verdadeira como seu compromisso com a democracia, como comprovado pelas interrupções em momentos cruciais, e sempre pela via do golpe, em qualquer agenda que representasse a quebra de privilégios e o avanço da cidadania. Não existe direita “moderna” no Brasil; os nossos pretensos liberais nunca incluíram o (próprio) risco ou a ampliação de direitos de mercado, para não dizer os civis, em sua agenda. A própria democracia, no Brasil, é um patrimônio das forças à esquerda do espectro político, pois sempre foi reivindicação e bandeira de luta desse campo político.

É hora de fazer a guerra de valores, de construir os símbolos de uma nova agenda. Vamos para a sétima eleição presidencial depois da redemocratização; não é possível que ainda não saibamos, junto com o preço do pão, a fila do ônibus, o tempo de espera no hospital, discutir as mais altas aspirações para o país. Que a reeleição de Dilma signifique, sim, uma mudança profunda de agenda, porque devemos mesmo mudar de ciclo e voltar a ter capacidade de imaginar, para tornar real, o que até ontem parecia impossível. Porque, por mais que a missão da oposição e seus sicários na mídia seja nos fazer acreditar mais em nossas limitações do que em nossas capacidades, na verdade, hoje nada está além das nossas possibilidades.

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A essa altura, creio, a Presidenta já avaliou o mau conselho que lhe deu quem sugeriu a síntese de que, no caso dos meios de comunicação sob concessão pública, o único controle aceitável é o “controle remoto”; então, será preciso enfrentar o debate que não fizemos: regulamentação dos meios de comunicação não é censura, mas a busca da garantia de pluralidade pelo impedimento legal da criação e manutenção de monopólios nesse setor – como fazem democracias avançadas. Se o PT tiver receio de pautar a relação de parte significativa da imprensa corporativa com os partidos de oposição por medo de apanhar de veículos como Veja, Folha, Estadão e Globo, continuará apanhando destes mesmos veículos; se o PT tiver receio de falar em regular meios de comunicação por medo de apanhar da imprensa que é contrária à democratização da comunicação no país, continuará apanhando dela assim mesmo.

Notem que não coloquei à frente nas prioridades a guerra que a mídia trava e travará para substituir o PT pelo PSDB no governo central do país; nós a vivemos em todas as eleições que enfrentamos, com uma leve inflexão da parte dos veículos somente na eleição de 2002. Quanto mais fé no Brasil existir, mais motivos terá a população para votar no PT; e menos tóxico será o veneno cultivado nas redações a serviço da oposição de direita.

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