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José Almi de Oliveira

Economista e mestre em Administração Pública pela FGV-RJ. Atua como professor universitário há 25 anos, em cursos de graduação e pós graduação (lato sensu). Tem experiência em cargos gerenciais e técnicos na área pública e privada

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Bilionários brasileiros aumentam sua fortuna após início da pandemia. E você?

Estamos no mesmo oceano, porém uns poucos estão em cruzeiros e iates, mas a maioria se segura como pode em pequenos botes ou em pedaços de madeira. Muitos morrerão afogados, e é fácil imaginar quem

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A imprensa noticiou nos últimos dias que 42 bilionários brasileiros tiveram um aumento da sua fortuna, em 34 bilhões de dólares, desde o início da pandemia. Se você não conseguiu ficar mais rico no mesmo período, talvez tenha que repensar as suas estratégias. Ou então questionar os motivos que levam a essa gente a ganhar tanto dinheiro em meio à maior crise dos últimos 100 anos. Comecemos refletindo sobre a distribuição de renda e riqueza no Brasil e no mundo.

Segundo o site researchgates.net, o PIB mundial é de cerca 280 trilhões de dólares. Destes, menos de um por cento de bilionários do planeta ficam com 129 trilhões; outros 111 trilhões são apropriados por 7,8% indivíduos, não menos privilegiados; 11,6% de homens e mulheres, dividem entre si 32,5 trilhões. Sobram 3,5 trilhões de dólares para serem fatiados por mais de 80% da população mundial. Pouco mais de 1% de tudo que é produzido no mundo ficam com a grande maioria da sociedade. É assustador, mas é isto mesmo.

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Falando de nosso país, segundo a Revista Forbes de novembro de 2019, no ano de 2012 o Brasil tinha 76 bilionários. Mesmo com a grave crise vivida a partir de 2015, em 2019 o número de magnatas tinha aumentado para mais de 220, todos brancos, numa sociedade de maioria negra. A maior parte da população empobreceu com o desemprego e a quebra de grandes e pequenas empresas, mas os muito ricos ficaram bem mais endinheirados. Como se pode ver, a crise não foi ruim para todos. Aquela história de que estamos no mesmo barco pode ser boa como frase de efeito, mas não é verdadeira. Estamos no mesmo oceano, porém uns poucos estão em cruzeiros e iates, mas a maioria se segura como pode em pequenos botes ou em pedaços de madeira. Muitos morrerão afogados, e é fácil imaginar quem.

Em março passado, fomos atingidos pela pandemia causada pelo coronavírus. Como a nossa economia já estava em frangalhos, a situação ficou insustentável para a maioria das pessoas; porém uma minúscula parcela da população conseguiu ficar ainda mais abastada, aprofundando uma desigualdade já escandalosa. Fica uma lição da Economia: quando alguém perde é muito provável que tem gente ganhando na outra ponta. Não se vê tantos bilionários em sociedades onde a distribuição de tudo que é produzido é feita de maneira menos desigual. Se olharmos países como Suécia, Noruega e Holanda, não veremos miseráveis como aqui, mas também não encontraremos tantas figuras na capa da Forbes, ostentando seus luxuosos iates, jatinhos e helicópteros. País desenvolvido não é aquele produz bilionários, mas o que pratica uma distribuição mais justa da riqueza.

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Por outro lado, o avanço da tecnologia, que poderia melhorar a vida de todas as pessoas, tem aprofundado o fosso entre pobres e ricos, levando a projeções nem um pouco animadoras. O uso da TI e da inteligência artificial pelas empresas, tem levado à eliminação de postos de trabalho, substituindo a mão de obra por máquinas. O aumento do exército de reserva de mão de obra precariza, ainda mais, as condições para aqueles que tiverem a sorte de conseguir algum emprego. Pensadores como Yoval Harari, projetam um cenário desalentador, prevendo uma população de inúteis, num futuro bem próximo. A continuar evoluindo na forma que presenciamos atualmente, teremos uma sociedade onde poucos serão muito ricos e a grande maioria formada de muito pobres ou miseráveis. Vale lembrar que dos 7,8 bilhões de pessoas da população mundial, 4,2 bilhões vivem com até 4 dólares por dia, metade destas, ou seja, 2,1 bilhões, com até 2 dólares diários.

Portanto, o aumento das fortunas, que a princípio pode surpreender, apenas confirma uma tendência. Crises como a que vivemos, quando não acompanhadas por políticas públicas que compensem as desigualdades, aprofundam a distância entre privilegiados e despossuídos. E não se trata de meritocracia dos primeiros, é injustiça mesmo. Tributos sobre grandes fortunas, impostos progressivos, renda mínima universal, cuidados com o meio ambiente, dentre outras medidas, precisam estar no radar de toda a sociedade, se quisermos evitar a barbárie. 

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Acho que os donos do mundo e seus gerentes terão que tomar uma decisão: ficar mais ricos em meio à miséria e violência(quem sabe exterminando os indesejáveis), ou viver num mundo mais justo e sustentável.

Enquanto isso não acontece, eu e meus botões pensamos numa estratégia que me dê a chance de entrar na lista da Forbes.

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