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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Black Friday do fascismo, governo vende racismo como justiça

O linguista Gustavo Conde denuncia o artigo racista escrito por um deputado e chama a atenção para o esgotamento prematuro da lógica miliciana no poder. Ele ainda diz: "o bolsonarismo é, por assim dizer, a Black Friday do fascismo: eles vendem racismo como se fosse justiça - e com desconto"

(Foto: Alan Santos/PR)
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Acabei de ler o artigo mais racista da história do Brasil, publicado na Folha de S. Paulo e assinado por Hélio Lopes, o Hélio "Negão". Entre uma aberração fascista e outra, o cidadão critica o vitimismo e se vitimiza o artigo inteiro. É pitoresco, como tudo que emana dessa lógica debochada-miliciana.

É desumano. É fraudulento. É precarizado. É a encarnação de tudo de pior que o ser humano produziu em termos de preconceito, racismo, cegueira, burrice e sentimento de vingança.

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Não é a "revanche do homem comum", mas a revanche do "homem incomum", do homem interrompido, do homem mentiroso, do homem assassino, do homem sem caráter, do homem sem dignidade, sem raízes, sem história, sem lastro, sem honra, sem amor.

É a revanche do homem incapaz, do homem abandonado à própria ignorância, do homem oportunista, do homem violento, do homem-barril-de-pólvora-sempre-pronto-a-matar.

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Até quando teremos de suportar essa marcha dos imbecis? Bolsonaro, Weintraub, Ricardo Salles, Damares Alves, Delegados Tadeus e Waldires, esse baixo clero que é mais baixo do que o próprio baixo clero?

Eu conheço a matriz semântica precarizada que alimenta essa legião. Ela habita a rotina das famílias sem acesso a qualquer tipo de cultura política - e que por isso precisam rechaçar as conquistas da civilização, seja por ciúme, seja por frustração, seja pela tristeza profunda que é não fazer parte de nenhuma coletividade real, a não ser a da própria família, bolha suicida e matriz explosiva de violência doméstica, a mais letal do país.

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Por isso Lula os ofende tanto. As famílias brasileiras que saíram dessa indigência intelectual opressora e tiveram o coração "desfibrilado" pelo discurso profundamente humanístico e politizado de Lula, foram libertadas dessa maldição do homem-comum-incomum, conquistando valores como solidariedade, generosidade, fibra política e sensibilidade estética (que depende do gesto político da busca real pelo conhecimento e pela experiência).

O texto de Hélio Lopes é o testemunho máximo desse fenômeno nefasto que devastou e devasta um país inteiro: a avacalhação generalizada do discuso político, dos valores humanos, da história, do compromisso coletivo, da civilização, da própria vida e do próprio homem.

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Todos esses seres anti humanos, no entanto, que compõem essa doença mortal chamada bolsonarismo, serão em breve descartados pelo sistema de poder que os engendrou como forma de combater a real soberania popular.

Como o deputado, missivista do terror anti-intelectual, não prognosticou na sua clarividência de esgoto, o sistema que escravizou e escraviza nossos antepassados faz apenas e tão somente a mesma coisa, com a diferença de controlarem agora, as filigranas do discurso barato que edifica a futura criminalização destes que se lambuzam com o poder efêmero da República.

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Bolsonaristas estão expostos e estão sendo usados, com sua burrice meridiana, assumida e consentida, para desacreditar em futuro próximo o homem simples que, a partir da experiência fascista no poder, rudimentar, precária, jocosa e debochada, será devolvido ao gueto histórico de onde jamais "deveria" ter saído.

A família Bolsonaro, incluindo o filho adotivo eleito com o sobrenome tóxico, será toda cuspida pelo sistema que tolerou sua existência como forma de impedir o talento genuíno do povo em conduzir os destinos do país inteiro pela via democrática.

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O sistema, remediado, secular e de posse do tempo necessário de espera, tolera disciplinadamente a vergonha de um governo formado por homens rudimentares, para simplesmente refluírem de volta ao poder como salvadores da pátria, uma pátria - na visão publicitária deles - não vulgar nem fascista nem grotesca. É o tic-tac da queda.

Bolsonaristas se acham inteligentes, mas é justamente essa pretensão que lhes confere o lugar na história de meras ferramentas de manutenção de poder em um sistema muito mais complexo que este que miseravelmente somos obrigados a desenhar todos os dias para combater.

O bolsonarismo é perfeito para o sistema que está acima dele, pois desqualifica o debate público e deixa em relativo stand-by toda a reação popular soberana que poderia - e deveria - explodir diante de tanta burrice, truculência e racismo.

O bolsonarismo é, por assim dizer, a Black Friday do fascismo: eles vendem racismo como se fosse justiça - e com desconto.

O sistema, ademais, está satisfeito com o fascismo bolsonaro. Por isso, o Grupo Globo se acadelou e manteve vivo o seu maior aliado, aquele que demonstrou na prática ser a solução para derrotar o PT, ou, se preferirem, o povo brasileiro, na sua virtuosa heterogeneidade democrática.

Executivos gostam de resultados. E o resultado é esse: o PSDB, com todo o seu verniz elitista, não conseguia mais derrotar o povo soberano nas eleições - e a bestialidade do bolsonarismo conseguiu. Com fraude, com STF, com tudo, mas, para todos os efeitos, conseguiu.

O caso é que existe um elemento clandestino nessa constatação, que atende pelo nome de imponderável. Quando a elite recobrar a vaidade perdida e quiser debutar na vitrine do poder (Luciano Huck), pode ser tarde demais.

E, além de ser tarde demais, o caminho pode ser a polarização de que eles têm tanto medo (porque, na "polarização", um dos polos é o povo). Ou seja: expor uma ratazana de esgoto como Bolsonaro para mostrar que ela é uma vergonha e deve ser eliminada para dar lugar a um "coelhinho fofinho", pode, no fim das contas, servir a Lula que, ao invés de vergonha, encheu os brasileiros de orgulho por 8 anos, e é o contraste dos contrastes quando o assunto é Bolsonaro.

E aí, caro leitor', seria o retorno não do homem comum ou do "homem do mercado". Seria o retorno da humanidade.

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