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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Bolsonarismo ressuscita, como farsa, a velha Arena

Ao contrário da Arena antiga, serviçal dos militares, no faz-de-conta do legislativo no período ditatorial, a nova Arena, vestida de DEM-PSL, berço do bolsonarismo, teria, também, a retaguarda das forças militares; com um detalhe importante: o carimbo da democracia

Bolsonarismo ressuscita, como farsa, a velha Arena (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)
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Novo centrão 

A dupla PSL-DEM, que se desponta como novo centro político a dominar o Executivo e o Legislativo, no governo Bolsonaro, pode reviver a história, possivelmente, como farsa.

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O DEM é uma metamorfose política; começou como Arena, partido de apoio à ditadura militar; virou PDS, que traiu os militares na transição democrática e; juntou-se ao PMDB, como PFL, na Nova República, transformando-se em âncora do neoliberalismo tucano, na Era FHC, subordinada ao Consenso de Washington.

Na Era Lula, transmutaria de PFL em DEM, que vira, enfim, braço direito de Bolsonaro.

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Haveria, agora, evolução qualitativa, com o quadro democrático.

Ao contrário da Arena antiga, serviçal dos militares, no faz-de-conta do legislativo no período ditatorial, a nova Arena, vestida de DEM-PSL, berço do bolsonarismo, teria, também, a retaguarda das forças militares; com um detalhe importante: o carimbo da democracia.

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A nova Arena = PSL/DEM, no governo bolsonariano, com apoio militar, é o ensaio geral que se inicia pela economia, com semelhanças e dissemelhanças relativas à velha Arena.

Neoliberalismo castelista 

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A Arena antiga deu amplo apoio ao programa econômico militar neoliberal do Governo Castelo Branco(1964-1967), ditado por Washington, depois do golpe de 64; porém, mudou quando mudaram as circunstâncias políticas e econômicas, que levariam ao desenvolvimentismo econômico militar concentrador de renda.

A nova Arena, PSL/DEM, que, também, começa com proposta ultraneoliberal, de Paulo Guedes, teria fôlego político suficiente para banca-la, se não romper com a praga do desemprego, alavancado pelo neoliberalismo golpista de Temer?

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A dupla econômica da ditadura de 1964, Roberto Campos e Octávio Gouveia de Bulhões, conseguiu, facilmente, passar, no Congresso, todas as proposições econômicas liberais ditadas pelo presidente Castelo Branco, monitorado pelo embaixador dos Estados Unidos, Lincoln Gordon.

No entanto, a terapia ortodoxa Campos-Bulhões revelou-se eleitoralmente suicida, como destacou Carlos Lacerda, ao dizer que o governo Castelo, cercado de generais neoliberais, governava para os Estados Unidos, atendendo os interesses de Washington, não do Brasil.

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Eleição 1965

Interessado em disputar a eleição presidencial em 1965, como estava, supostamente, prevista, já que os militares disseram que interviriam no poder, em 1964, até às eleições, Lacerda atacou o entreguismo econômico militar castelista, de subordinação a Washington, porque percebeu ser ele eleitoralmente inviável; passou a pregar aumento de salários para fortalecer consumo interno, a fim de puxar desenvolvimento.

Lacerda sabia que não competiria com JK, em 65, se, como candidato do sistema, tivesse que defender arrocho salarial e recessão econômica de Campos e Bulhões, em nome do combate à inflação e ao déficit público.

Emergia discurso econômico lacerdista neodesenvolvimentista para disputar, eleitoralmente, com JK, que detinha o prestígio de ter criado Brasília e alargado a fronteira econômica nacional, rumo ao oeste do País, com discurso favorável ao agronegócio.

Os militares, pressionados pelos golpistas nacionais e internacionais, coordenados pela Casa Branca, tinham outra proposta política: suspender a eleição de 1965 e prender JK e Lacerda, contrários ao arrocho neoliberal Campos-Bulhões.

No campo da economia, porém, mudaram de rumo: contiveram a onda neoliberal, que jogava a economia no buraco, e retomaram discurso desenvolvimentista varguista-juscelinista, a partir do governo Costa e Silva(1967-1969), intensificando-o, gradativamente, com Médici(69/74), Geisel(74-79) e Figueiredo(79-85).

Corrupção e ideologia

Mutatis mutantis, a nova Arena travestida de PSL/DEM, novo Centrão bolsonarista, começa, também, com seu guru, Paulo Guedes, nova marcha ultra-neoliberal, semelhante à praticada, em 1964, por Campos-Bulhões.

Volta ao útero materno?

Primeiro, liquidar, logo, o patrimônio público, para pagar dívida, com a justificativa de combater a corrupção, anseio nacional, que desaguou na vitória de Bolsonaro, portador da nova moral da direita eleitoralmente vitoriosa.

O discurso ideológico anti-corrupção passa servir para apressar tanto as privatizações das estatais como a acelerar economia de mercado, com a justificativa de que o mercado ajuda combater a corrupção.

Associa-se estatal à corrupção e corrupção à estatal, em miscelânea ideológica; desvia-se, dessa forma, do assunto principal: desmobilização patrimonial do estado nacional.

Nova panaceia

Enquanto queima a discussão ideológica, colocando combate à corrupção como prioridade nacional e não a mudança do modelo de desenvolvimento econômico concentrador de renda e promotor de exclusão social, fica mais fácil acelerar a solução à mão, privatização, como a nova panaceia.

Por meio dela, seria possível tirar a economia do buraco, que o modelo neoliberal de Temer abriu, gerando 13 milhões de empregos, 30 milhões de desocupados, 63 milhões de inadimplentes dependurados no SPC etc?

A nova Arena(DEM/PSL) seguirá, adiante, com a terapia neoliberal de Paulo Guedes, enquanto ela der certo, do ponto de vista da popularidade do governo bolsonariano.

Portanto, terá que passar no teste da eleição municipal de 2020.

Se até lá, ou antes, a depender de circunstâncias instáveis, internas e externas, o programa de Paulo Guedes não der no couro, sairia no segundo tempo(2020-2022) do mandato presidencial.

Experiência fardada

Foi o que aconteceu na passagem do governo Castelo Branco para o de Costa e Silva, quando saiu de campo  o neoliberalismo de Campos-Bulhões para dar lugar ao desenvolvimentismo nacionalista militar delfinista, que se estenderia aos governos Medici, Geisel e Figueiredo.

O processo somente se interromperia com a crise do petróleo e do câmbio, com a puxada radical dos juros americanos, de 5% para 20%, em nome da valorização do dólar, cujo resultado detonou a ditadura militar, financeiramente, endividada, abrindo espaço à Nova República.

O teste ultraneoliberal de Paulo Guedes depende, portanto, da sua capacidade de ultrapassar o desastre deixado pelo neoliberalismo de Temer, expresso no desemprego incontrolável, torcendo, também, para que, no meio do caminho, não haja crise internacional.

Se não der conta do recado, certamente, cai fora.

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