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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Bolsonaro defende golpe militar

"A primeira tentação de um ditador é reescrever e deturpar a história a seu favor. Os exemplos são inúmeros. Assim se comportaram tiranos e tiranetes de todos os quadrantes. Alguns se comportam assim mesmo antes de chegar ao poder", diz o colunista Alex Solnik, destacando que, na entrevista ao Jornal Nacional, Jair Bolsonaro (PSL) defendeu o golpe de 64; "É uma completa subversão do estado de direito. Legal não é o que está dito na constituição, mas o que ele decidir que é. Valem a lei do mais forte, a lei da selva, a lei do talião. E não as leis do estado de direito. É pior que a volta a 64; é a volta às cavernas", afirma Solnik

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A primeira tentação de um ditador é reescrever e deturpar a história a seu favor. Os exemplos são inúmeros. Assim se comportaram tiranos e tiranetes de todos os quadrantes. Alguns se comportam assim mesmo antes de chegar ao poder.

Ontem, na entrevista de Bolsonaro ao Jornal Nacional, o apresentador William Bonner disse que em 2017 seu vice, o general da reserva Hamilton Mourão insinuou que os militares teriam de impor uma solução ao país se o Poder Judiciário não resolvesse certos problemas.

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"Que solução é essa"? ele perguntou.

Bolsonaro respondeu na lata:

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"Isso aconteceu em 64. Na forma da lei".

Ele afirmou, portanto, com todas as letras que seu vice propôs fazer hoje, se necessário, o mesmo que ocorreu em 64, um golpe militar; afirmou que um golpe militar foi solução em 64 e pode ser a solução hoje. Sem problemas, para ele. Não é um problema, é uma solução. Falou como se a constituição tolerasse golpe de estado. E o mais assustador – ou mais esquizofrênico – é que embora ele admita que seja um ato de força, imposto de cima para baixo, o considera legal – "na forma da lei".

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É uma completa subversão do estado de direito. Legal não é o que está dito na constituição, mas o que ele decidir que é. Valem a lei do mais forte, a lei da selva, a lei do talião. E não as leis do estado de direito. É pior que a volta a 64; é a volta às cavernas.

As deturpações (ou delírios) não param por aí.

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"Os militares foram eleitos por cinco mandatos" continuou. Omitindo que foram "eleitos" pelo seleto grupo de generais de quatro estrelas do Exército no silêncio da caserna e não pelos brasileiros em eleições livres e diretas.

Bonner o contestou, "para os historiadores foi um golpe militar, isso está claro". Ele não se deu por vencido:

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"Deixa os historiadores pra lá. Eu fico com Roberto Marinho que no dia 8 de outubro de 1964 defendeu o apoio à Revolução de 64. Roberto Marinho foi ditador ou democrata"?

Bolsonaro, portanto, além de concordar com a "solução" preconizada por seu vice – que é a volta da ditadura – a considera democrática. E ele próprio se considera tão "democrata" quanto o fundador e chefe do clã que dirige a Globo, que nunca foi.

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É o avesso do avesso do avesso do avesso.

Grosseiro, mal-educado, malcriado, agressivo, belicoso, machista, preconceituoso, homofóbico, intolerante, Bolsonaro foi mais Bolsonaro do que nunca, principalmente com a apresentadora Renata Vasconcelos.

Ela subiu nas tamancas como Marina quando ele insinuou que ela ganhava menos do que Bonner apesar de terem as mesmas funções. De maneira elegante, mas sem esconder a indignação pelo comentário inconveniente, afirmou que jamais aceitaria receber salário menor ao de um homem na mesma função que ela.

Bolsonaro afinou. Desinformado, não sabia que eles não têm as mesmas funções; Bonner é seu chefe.

Bolsonaro também constrangeu Bonner, falando de sua separação sem motivo algum e teve um atrito com ele, recusando-se a lhe entregar um livro que segundo ele fazia parte do kit gay, irritado porque Bonner impediu que o mostrasse, uma regra do programa. Com cara de quem não suporta ser contrariado, informou que o mostraria numa "live" em sua página da internet logo depois da entrevista.

Não tem nada contra gays, garantiu, mas "nenhum pai gostaria de chegar em casa e ver seu filho brincando de boneca".

Também repetiu o mantra segundo o qual a violência só se resolve com mais violência:

"Se o policial matar 10, 15 ou 20 tem que ser condecorado".

"Bandido é um tipo de gente que não pode ser tratado como um ser humano normal".

Gabou-se por ter votado contra a PEC das domésticas: "Fui o único! E eu estava certo. Muitas perderam o emprego por excesso de direitos".

Quando Bolsonaro abre a boca dá a nítida impressão de que o Brasil virou um imenso Jurassic Park.

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