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Ricardo Nêggo Tom

Cantor, compositor, produtor e apresentador do programa Um Tom de resistência na TV 247

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Bolsonaro e a revolta da vacina - parte 2

O atual governo já demonstrou ser adepto de aventuras radicais. Pelo menos, aquelas onde apenas o povo coloca o seu pescoço em risco e a sua vida à prêmio

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“O povo brasileiro não será cobaia de ninguém”. A frase é do atual presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, um ferrenho negacionista do grau de letalidade do covid 19 e se refere a vacina produzida na China contra o corona vírus. Apelidando-a de “a vacina chinesa de João Dória”, ele diz que não vai adquirir a vacina enquanto não houver comprovação científica de sua eficácia e sem a certificação da Anvisa. Como se alguma outra vacina já tivesse sido adotada sem cumprir tais requisitos.  Em mais um ato de irresponsabilidade, característica que tem pontuado a sua gestão, Bolsonaro distribuiu a senha para os seus apoiadores entrarem na fila do boicote a uma vacina que ainda nem ficou pronta.

A declaração é desastrosa do ponto de vista sanitário e pode provocar uma reedição de “A Revolta da Vacina”, ocorrida no Rio de Janeiro, então capital federal do Brasil, em 1904, quando uma epidemia de varíola tomou conta da cidade. A lei que determinava a vacinação obrigatória foi revogada após o motim popular. Como consequência, milhares de pessoas morreram não apenas com varíola, mas também com peste bubônica e febra amarela, doenças que assolavam a população naquele período.

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Insatisfação popular com os serviços públicos prestados à época e interesses políticos de determinados segmentos, serviam como pano de fundo para a revolta de 1904. Da mesma forma, a guerra ideológica nos dias atuais, permeia esse simulacro de motim que vem sendo sugerido por bolsonaristas, com o aval de seu capitão. Vale lembrar que, após as milhares de mortes provocadas pela epidemia, a população entrou em pânico e buscou a vacinação por livre e espontânea vontade de permanecer viva.

O atual governo já demonstrou ser adepto de aventuras radicais. Pelo menos, aquelas onde apenas o povo coloca o seu pescoço em risco e a sua vida à prêmio. Uma versão “brancaleônica” da revolta de 1904, é tudo o que não precisamos nesse momento. Já bastam os diversos “E daís?” que o governo Bolsonaro vem dando como resposta no combate à pandemia. Já ultrapassamos o número de 155 mil mortos e temos mais de 5 milhões de casos confirmados da doença. A política negacionista de Bolsonaro é genocida e ele precisa ser responsabilizado por esses números.

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A obrigatoriedade da vacina pode até ser discutível, uma vez que todo indivíduo tem a liberdade de escolher entre a vida e a morte. Desde que isso implique apenas a sua vida ou a sua morte. Quando a coletividade está em risco, a coisa muda de figura e cabe ao estado zelar pela saúde do seu povo. Dado a arroubos autoritários e a delírios absolutistas para se afirmar diante do gado que costuma idolatrá-lo, Bolsonaro, que já declarou ser a Constituição, bate o pezinho no chão e diz: “O presidente sou eu e não abro mão da minha autoridade” Suponho que ele também se considere o Estado, o que deveria nos causar muita preocupação com o destino da saúde brasileira nesse momento.

Quando o General que ocupa o ministério da saúde nomeia um Veterinário para cuidar da imunização popular, a única leitura possível a ser feita é a de que estamos nas mãos de um fazendeiro que enxerga a população como animais do seu rebanho. Para Bolsonaro, somos todos gados do seu curral. E ele não deve estar errado, a julgar pelas estultices que ele vem proferindo em todos esses anos de vida pública e que lhe renderam o cargo de chefe da nação. A sua cantilena grotesca é para boi ouvir e aplaudir. Para os amantes da era medieval, eis um representante nato.

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Observemos o desfecho de mais essa marmota bolsonarista que se avizinha. Prevejo manifestações de cidadãos de bem vestidos de verde e amarelo e empunhando faixas do tipo: “Não à vacina chinesa”, “A vacina é comunista”, “Somos todos Covid”, “Fechados com o vírus” e outras idiotices próprias da manada que costuma ruminar o discurso já ruminante do presidente da república. Apesar da jocosidade que o movimento sugere, precisamos levar muito a sério o mal que ele pode provocar à sociedade. A maneira lúdica como Bolsonaro nos foi apresentado durante todos os seus anos na política, sendo atração de “Super Pops” e protagonizando outras bizarrices que alavancam a audiência, nos fez acreditar que ele jamais chegaria onde chegou.

Não podemos permitir é que ele vá mais adiante. 

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