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Bolsonaro e suas batatas quentes

Para Florestan Fernandes Jr., do Jornalistas pela Democracia, "a batata de Bolsonaro está assando. Quando vai torrar é a grande incógnita"; "As relações de intimidade do clã com as milícias é algo insuportável para o futuro da nossa democracia. E vem colocando em risco a credibilidade e a boa avaliação das Forças Armadas", diz ele, acrescentando que "os tiros em Suzano atingiram em cheio a principal bandeira de Bolsonaro"

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Por Florestan Fernandes Júnior, para o Jornalistas pela Democracia - Como diz um grande amigo, a batata de Bolsonaro está assando. Quando vai torrar é a grande incógnita. A apreensão feita pela Operação Lume de 117 fuzis na casa de um miliciano ligado ao crime em Rio das Pedras deve ter deixado a caserna em polvorosa. Imagino que muitos oficiais das três forças militares devem estar pelas tampas com as trapalhadas produzidas pelo presidente e por seus filhos. As relações de intimidade do clã com as milícias é algo insuportável para o futuro da nossa democracia. E vem colocando em risco a credibilidade e a boa avaliação das Forças Armadas.

Principalmente porque hoje elas são uma espécie de avalistas do governo Bolsonaro. Um fio tênue separa as trapalhadas do clã da imagem de sobriedade e profissionalismo das três forças. Só no primeiro escalão são 9 oficiais de alta patente, incluindo o vice Mourão. No segundo e terceiro escalões são cerca de 100 militares. Amigos em Brasília dizem que na esplanada dos ministérios e em empresas estatais foram acomodados em cargos comissionados mais uma centena de parentes e indicados de militares. As desavenças entre generais já vêm acontecendo por conta das incertezas de um governo paralisado e sem rumo que cada dia que passa se assombra com as maluquices postadas pelo Twitter presidencial. Em entrevista recente, o ex-presidente Fernando Henrique, filho de general, fez um alerta sobre os riscos de um governo militarizado: "Todo mundo gosta de um pouco de poder, mordomias e salário, o problema que eu temo é que eles confundam os papéis. Até agora não confundiram".

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Até um cabo sabia que Bolsonaro não tinha equilíbrio emocional para um cargo de tamanha importância. Mas nunca os que o acompanhavam imaginaram que teriam que socorrer os deslizes quase diários do presidente.
O fato de o presidente ter como vizinho de condomínio o miliciano Ronnie Lessa, preso sob acusação de ter participado da emboscada que levou às mortes de Marielle e de Anderson Gomes, coloca mais lenha na fogueira das batatas quentes da família Bolsonaro.

Não é à toa que o presidente convocou os jornalistas para uma entrevista em que o tema era a reforma da previdência. Pelo jeito Bolsonaro tentou uma aproximação com os grandes veículos para baixar a temperatura. Mas não deu sorte. Fez isso justamente no dia de uma tragédia que levou à morte de 10 pessoas em uma escola na grande São Paulo. Os tiros em Suzano atingiram em cheio a principal bandeira de Bolsonaro. Depois do armamento pesado encontrado na Operação Lume fica ainda mais claro que são as milícias as maiores interessadas na legalização da venda e do porte de armas no país. Será que o nosso Exército concorda com isso? Creio que não.

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Se foi, de certa maneira, fácil colocar Bolsonaro no Palácio do Planalto, difícil vai ser tirá-lo. Podemos em breve ter a repetição de disputas como a do grupo de Geisel contra a do general Silvio Frota. Por enquanto a única coisa certa é que existe um cheiro forte de batata assando.

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