CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Luiz Carlos Bresser-Pereira avatar

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Professor emérito da Fundação Getúlio Vargas onde pesquisa e ensina teoria econômica e teoria política desde 1959. Foi Ministro da Fazenda (1987) e Ministro da Administração Federal e Reforma do Estado (1995-98). É doutor honoris causae pela Universidade de Buenos Aires

41 artigos

blog

Bolsonaro é um estorvo

"O governo Bolsonaro não chegou a começar e já acabou", diz o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira; "Bolsonaro não tem um projeto de desenvolvimento; não pode, portanto, argumentar e fazer compromissos para levá-lo adiante", afirma; "O melhor serviço que pode fazer ao Brasil é renunciar"

Bolsonaro é um estorvo (Foto: Adriano Machado - Reuters)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

O governo Bolsonaro não chegou a começar e já acabou. Os últimos cinco meses não foram de governo, mas de desgoverno. Que chegou ao paroxismo nos últimos dias, quando o presidente decidiu colocar “os seus 58 milhões de voto” contra o poder legislativo e o poder judiciário.

Há tempo estava claro que Bolsonaro confundia o ato de governar como a emissão de twitters de extrema-direita – que sua principal tarefa como presidente era conservar o apoio de seus eleitores. Agora está claro que é mais do que isso. Que, com isso, ele quer mostrar que o Brasil é “ingovernável” – ao menos para ele que se recusa a fazer acordos políticos. Mas nós sabemos que na democracia governar é fazer compromissos para conseguir a maioria. Assim, ao recusar a fazer acordos e ao convocar seus apoiadores para uma manifestação pública contra “essa política que está aí”, ele está convocando “o povo” para um golpe de Estado.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Bolsonaro está enganado. Seus apoiadores não são 58 milhões mas uma pequena faixa de pessoas conservadoras de extrema-direita. Sua convocação não levará para as ruas no próximo dia 26 os milhares de manifestantes que ele espera. Grande parte dos que nele votaram o fizeram porque se recusavam a votar em um candidato do PT, e hoje já perderam esperanças em relação a seu governo-desgoverno. Por outro lado, as elites neoliberais, que o apoiaram porque ele prometia realizar suas tão desejadas reformas, já perceberam que não contam com ele para fazê-las avançar. Mas que a reforma da Previdência será aprovada, porque o Centrão e o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia já decidiram levá-la adiante independentemente do Planalto.

Governar é ter um objetivo e ser capaz de argumentar a favor dele; é fazer os compromissos para obter maioria na sociedade e no Congresso. Bolsonaro não tem um projeto de desenvolvimento; não pode, portanto, argumentar e fazer compromissos para levá-lo adiante. Governar depois de uma eleição, que naturalmente é divisora, é buscar unir a sociedade. Bolsonaro age por uma divisão ainda maior.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Em um momento de estagnação econômica no qual é urgente adotar uma política contracíclica para interromper o aumento do desemprego, Bolsonaro ignora o problema, enquanto seu ministro da economia, Paulo Guedes, não para de agravá-la ao realizar uma política irresponsável de corte de investimentos. Dado o desequilíbrio fiscal, é legítimo que corte a despesa corrente e lute pela reforma da Previdência, mas não pode deixar a economia brasileira mergulhar na estagnação cortando os investimentos. Ao invés, deveria estar realizando um grande esforço para aumenta-los.

Bolsonaro não para de abrir frentes contra ele. Na economia, na educação, na saúde, na ciência e tecnologia. E se tornou desnecessário senão um empecilho para realizar as reformas econômicas – algumas das quais, necessárias. Ele nada tem mais a fazer em Brasília. É um estorvo. O melhor serviço que pode fazer ao Brasil é renunciar.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO