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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Bolsonaro enfraquece as Forças Armadas

"Quando chama as Forças Armadas para comandar um golpe de estado, o que faz à luz do dia e ao arrepio da constituição, Bolsonaro as convoca para destruírem o regime democrático e fundarem outro, totalitário, no qual ele, como novo ditador, irá comandá-las", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia. "Ele será mais forte e elas, mais fracas"

Jair Bolsonaro e Generais (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Na campanha de 2018, tudo indicava que Bolsonaro queria aniquilar somente as esquerdas em geral e o PT em particular, mas aos poucos fomos vendo que seus alvos não eram apenas esses. Aliados de primeira hora também entraram na sua linha de tiro. Mas não só.

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Não dá para esquecer – foi apenas no ano passado – que o alter ego de Bolsonaro, aquele fascista conhecido como Rasputin da Virginia atacou com mísseis de grosso calibre – e ponha grossura nisso – alguns dos generais mais respeitados do Exército (Villas Boas e Santos Cruz) sem que Bolsonaro tivesse dado um pio. Ainda se diz por aí que quem cala consente? Só Freud poderia explicar se tem cheiro de vingança nisso. Afinal, os generais de trinta anos atrás deram-lhe um chute nos fundilhos.

Depois, Bolsonaro começou a lotar seu ministério de fardados. Já são nove de 22 ministros. Parece querer dizer: cuidado comigo, olha os generais.

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E então contratou milhares de oficiais para cargos importantes e bem remunerados. Já são quase 3 mil. Por aí. Ou seja, colocou os militares dentro da política. E os seduz sempre com novas benesses.

A etapa seguinte foi praticamente convidar as Forças Armadas para liderarem um golpe a seu favor  - o que nunca se viu antes neste país - e é o que aconteceu de novo ainda neste domingo. Seria cômico se não fosse trágico: os militares dariam um golpe para ele ser o ditador, não eles!

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Os legisladores que decidiram que os militares não deveriam se envolver em política – depois de terem derrubado a Monarquia e fundado a República - estavam cobertos de razão.

A política divide e as Forças Armadas precisam de coesão. A voz de comando tem que ser obedecida amplamente. Deve haver um só pensamento e um só líder a quem a tropa obedeça. A tropa tem que ouvir ao comandante e não ao presidente da República. O que começa a mudar quando um presidente lhes oferece vantagens pecuniárias. Dividir as Forças Armadas entre bolsonaristas e não bolsonaristas provoca cizânia, afeta a coesão e, portanto, as enfraquece.

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Quando chama as Forças Armadas para comandar um golpe de estado, o que faz à luz do dia e ao arrepio da constituição, Bolsonaro as convoca para destruírem o regime democrático e fundarem outro, totalitário, no qual ele, como novo ditador, irá comandá-las. Ele será mais forte e elas, mais fracas.

Ou seja, convida-as para cometer um crime, depois do qual elas, que o perpetraram, estarão submetidas a ele. Tenta torna-las cúmplices de uma ilegalidade e de uma aventura que teria somente um objetivo: impedir que seus filhos – e ele próprio – sejam responsabilizados pelos atos que cometeram na esfera criminal e na política.

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Dar-lhe mais poder ou derrubar Bolsonaro não cabe às Forças Armadas, como também não é seu papel mediar conflitos entre Bolsonaro (Executivo) e Alexandre de Moraes (Judiciário) ou Bolsonaro e Celso de Mello (Judiciário) ou Bolsonaro e Maia (Legislativo). Quem tem armas não tem vocação para mediar nada.

As Forças Armadas só podem entrar em ação, reza a constituição, a pedido do presidente da República e com permissão do Congresso, em conflitos – externos ou internos -que colocam em risco a segurança do país. Não a segurança de um governo desastroso para o país.

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Só quando obedecem aos interesses do Estado, não do governo, as Forças Armadas são realmente fortes.

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