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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Bolsonaro está devidamente digerido

Jornalista Denise Assis destaca que "o senador Renan Calheiros, bem como o ministro do STF Gilmar Mendes apontam dados positivos no desempenho de Bolsonaro, que não ruge mais e, tudo indica, está devidamente digerido"

(Foto: Reprodução)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia

Em artigo recente, escrevi que naturalizamos o mal. Agora, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli se deixa flagrar em abraço caloroso em mangas de camisa, com Bolsonaro, enquanto Rodrigo Maia apazígua suas rixas com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Toda a ira santa do também ministro do STF Alexandre de Moraes, que aparentava estar pronto a desmontar um aparato tecnológico identificado nas dependências do Palácio do Planalto, parece ter ido dar uma volta de chalana no Lago Paranoá. Enquanto isto, o senador Renan Calheiros, bem como o ministro do STF Gilmar Mendes, apontam dados positivos no desempenho de Bolsonaro, que não ruge mais e, tudo indica, está devidamente digerido.

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Em agosto do ano passado a desaprovação do seu desempenho pessoal bateu na casa dos 53,7%. Um mergulho, para quem em fevereiro do mesmo ano colhia 28,2%, apontava em matéria publicada na Folha de São Paulo, tomando por base a pesquisa CNT/MDA. Não se chora o leite derramado, mas talvez tenhamos deixado escapar, ali, a nossa grande oportunidade de balançar o pé da goiabeira.

Naquela época, em que ele despencava nas pesquisas, a casa onde dão expediente Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, estava sob a mira constate de atos e manifestações inconstitucionais, a economia andava de lado e tinha índices no chão. Bonecos inflados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, puxavam os cordões da turma de verde e amarelo, que avançava sobre os canteiros e gramados de Brasília gritando ameaças a ele, à sua família e a quem mais eles considerassem que se interpunham no caminho do “Rei Sol”. Até ali, achavam que o cargo de presidente era o poder absoluto e a três por dois, ele e os seus ministros ameaçavam a população com um golpe. Bastava que esticássemos a corda.

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Tonitruante, das ameaças que fez enquadrado que foi pelos limites da Constituição que acaba de fazer 32 anos, Bolsonaro só conseguiu cumprir uma, das que grassavam pelo seu repertório naquele período. A de deixar o seu partido, o PSL, provocando dissenções em suas fileiras. Foi uma época de verdadeiro inferno astral para o recém-chegado ao poder.

Nós, enquanto oposição, andávamos paralisados e dando murros em sombras de fantasmas na parede do quarto. Articulações para derrubar do poder aquele que nos infelicitava dependia de costuras não tecidas. Melhor fazer chegar às mãos de Rodrigo Maia uma enfiada de pedidos de impeachment. Caso ele se animasse a colocar em votação, talvez nos mobilizássemos a irmos às ruas, até então livres para serem usadas sem uso de máscaras ou distanciamento social.

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Nem ameaças à sua família fizeram com que o presidente da Câmara saísse dos seus cuidados para destrancar a gaveta e de lá tirar um dos pedidos de impeachment. Por outro lado, as notícias que chegavam eram de que Rodrigo Maia e as “esquerdas” não queriam ver gravada em suas histórias a queda de um presidente eleito. Seja lá de que maneira tenha sido. (E que não me venham contar aquela dos 57 milhões de votos. Há controvérsias).

Como pra frente é que se anda, Bolsonaro devidamente esclarecido de que o artigo 142 da Constituição não lhe permitia dar um golpe, enfrentando uma série de escândalos e com os seus principais ministros enfraquecidos, desapartou-se do partido que o elegeu. Para agravar, internacionalmente estava tão queimado quanto os hectares de florestas da Amazônia.

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Aconselhado por quem entende do uso do poder – Michel -, emudeceu, abraçou-se ao Centrão e foi fazer o que nunca soube, mas rapidinho tratou de aprender: política. Aquela, da pior qualidade, a da troca de cargos, das indicações descaradas e úteis e da aproximação com quem pode lhe garantir costas quentes. Os senhores da Justiça, os do Congresso.

Agora, quando a pandemia segue rumo aos 150 mil mortos, e daí? Quando Flávio empurra seus processos com a barriga, quando Moro arruma as malas para deixar o país – desistindo de uma candidatura de Centro, que poderia dividir o seu eleitorado -, eis que surge em cena Renan Calheiros. O quadro da velha política, tanto quanto Gilmar Mendes, já veem nele qualidades e até “um legado”. Do alto do seu cientificismo o filósofo e sociólogo Marcos Nobre avisa: um segundo mandato nas mãos de Bolsonaro será um perigo. Nobre enxerga radicalização no horizonte. E quem está pensando em 2022, não é mesmo?

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