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Jose Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

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Bolsonaro foi ao Japão e à China dizer que o Brasil não tem dinheiro

Para vergonha dos brasileiros, foi no cenário do império do sol nascente que o suposto presidente, Jair Bolsonaro, proclamou que o Brasil não tem mais dinheiro para investir e que é preciso “afastar o Estado”

Jair Bolsonaro conversa com a Imprensa (22 out) na saída para a cerimônia de entronização (Foto: José Dias/PR)
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O Japão é um país que se desenvolveu com seus próprios recursos. Isso inspirou uma frase e o título de um livro famoso do inesquecível Barbosa Lima Sobrinho: “Capital se faz em casa”. Entretanto, para vergonha dos brasileiros, foi no cenário do império do sol nascente que o suposto presidente, Jair Bolsonaro, proclamou que o Brasil não tem mais dinheiro para investir e que é preciso “afastar o Estado”. Não importa que isso seja uma imbecilidade. É uma imbecilidade baseada em imbecilidade, e posta em ação por outro imbecil, Paulo Guedes.

Um país com 210 milhões de habitantes, imensos recursos naturais, uma das maiores reservas de petróleo do mundo, uma base energética ambientalmente auto-sustentável, uma mão de obra de mais de 100 milhões de pessoas trabalhando ou louca para trabalhar, tudo isso é ignorado por Bolsonaro como potencial para investimento interno. Em sua ignorância não sabe que, para ter investimento, basta ter demanda; e tendo demanda, aparece o financiamento. Afinal, para que servem bancos públicos e privados em atuação no país?

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O complexo de vira-lata é que leva ao fetiche da necessidade absoluta do investimento estrangeiro. Sim, o investimento estrangeiro é importante para trazer tecnologia. Entretanto, ele vem para obter lucro em cima da exploração da mão de obra local e para aproveitar-se da demanda interna, e por fim para remeter o lucro, em dólar, para o exterior. Por algum tempo a exportação de primários pode agüentar isso. A médio prazo, cairemos na praga de sempre: crises cambiais recorrentes devidas a déficits nas compras externas de alto valor agregado.  

Caminhamos para o modelo primário exportador absoluto, desejado economicamente por Eugênio Gudin nos anos 50 e desejado politicamente por Friedrich Hayek na sua vertigem neoliberal . Um país sem indústria e sem Estado. Isso  é o que os dois ideólogos queriam antes, e o que Guedes quer agora, sustentando ideologicamente Jair Bolsonaro. A propósito, não sei que tipo de conversa Bolsonaro terá na China. Vai pedir dinheiro? Ou simplesmente vai colocar o Brasil à venda numa pechincha, como está acontecendo com as estatais?

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No entanto, para esclarecer a opinião pública no caos de toda essa estupidez ideológica, convém observar que só na dívida pública os capitalistas brasileiros tem mais de 4 trilhões de reais, prontos para serem investidos se houvesse demanda. O que nem Jair Bolsonaro nem Guedes  compreendem é o funcionamento do capitalismo. A dívida pública é dinheiro vivo para o potencial aplicador. Se houver uma oportunidade de investimento pode virar dinheiro vivo num clicar do computador, e o Banco Central tem que pagar.

O Estado, por sua vez, sobretudo em recessão como é o nosso caso, tem o dinheiro que quiser enquanto houver ociosidade na economia. Basta emitir dívida, sem susto de inflação. Assim, a declaração de Bolsonaro de que o Brasil não tem dinheiro para investir é uma idiotice. O que o Brasil não tem é demanda suficiente para estimular o investimento e o emprego. E não tem demanda porque o desemprego é altíssimo.  Quanto ao investimento externo, ele só vem para setores de demanda garantida, como os serviços, ou para ter acesso  ao grande maná mundial, que é o pré-sal brasileiro.

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E que dizer dos empresários brasileiros? Parece que estão sendo liquidados. Como se dizia na infância, bem feito. Não foram eles os grandes promotores de Bolsonaro junto com as classes médias? Não foram eles que promoveram a reforma trabalhista para reduzir seus custos individuais, em detrimento do consumo global? Não foram eles que exaltaram a reforma da Previdência liquidando direitos dos pobres? Bom, agora agüentem. Bolsonaro não é a favor do capital. Borsonaro e Guedes são a favor e prestam contas ao capital estrangeiro.

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