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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Bolsonaro-Guedes preparam Natal da miséria

"A alta das iguarias centrais da ceia de Natal é um produto inevitável de uma política econômica que protege exportadores e ignora importância de proteger mercado interno", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

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Por Paulo Moreira Leite, para Jornalistas pela Democracia -"A sociedade precisa recuperar o dinheiro de comer carne", disse Lula na entrevista exclusiva ao 247. Ele tem razão.

Num país com 13 milhões de desempregados e 38,8 milhões na informalidade, há mais uma surpresa desagradável  -- na ceia de Natal.

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Em 2019 as famílias habituadas há décadas a fazer uma carne porco, assar um churrasco ou mesmo saborear um frango ou partilhar um peru enfrentam  uma despesa salgada, que ameaça hábitos transmitidos há várias gerações.  

Isso porque as exportações estão em alta e, no país de Bolsonaro, os ganhos do agro-negocio têm prioridade sobre costumes tradicionais  da maioria das famílias brasileiras.

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Num período de salários no gelo -- para quem ainda tem emprego, é claro -- os produtos que estarão no centro da noite de 24 de dezembro subiram muito mais do que a média da inflação. A carne de boi subiu 40%. A carne de porco elevou-se 23%. O frango, 15%, enquanto a alta do peru pode chegar a 18%.  

A visão convencional sobre essa situação coloca a culpa na China, que voltou a assombrar os mercados do mundo inteiro com a fome de seus bilhões de habitantes por proteína animal.

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A força do mercado chinês é inegável. Mas é óbvio que o caso é mais complicado.  

Nossos pais e avós também conviveram com altas no preço da carne, que frequentemente era retirada do mercado pelos grandes produtores para forçar uma alta artificial nos preços.

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A diferença é que ela não era  tratada como simples mercadoria -- mas como um bem essencial, que não podia faltar à mesa, muito menos  em ocasiões  importantes como o Natal.   

No passado, o eterno esforço da população para se proteger contra movimentos especulativos levou a formação de estoques reguladores, que permitiam a cada governo tentar garantir o abastecimento quando determinado produto estava em falta -- por causas naturais ou preços exorbitantes.

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A globalização transformou os alimentos em commodities. A mudança é que não estamos falando de clientes individuais, que fazem compras de carrinho na feira mais perto de casa, nem de fazendeiros que criam seus rebanhos,  mas de um mercado de gigantes financeiros que mobilizam bilhões de dólares na compra e venda de alimentos pelo mundo afora, impondo preços com a força que só grandes monopólios possuem.

Mais do que nunca, o abastecimento passa pela disposição de defender as necessidades e hábitos da maioria da população.

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No Brasil de Bolonaro-Guedes, onde o agronegócio é uma das bases fundamentais de apoio político ao governo, a bússola da política econômica está voltada para o mercado externo e seus interesses são intocáveis.  

Nos anos Kirchner, o governo argentino estabeleceu cotas para a exportação de vinho e carne, medida que provocou previsíveis reações fúria de pecuaristas e produtores de vinho -- mas preservou os hábitos da população.

Claro que esta não é a única saída possível.

O fundamental, na realidade, é  reconhecer a necessidade fortalecer e ampliar o mercado interno, protegendo os salários e demais rendimentos da população, para preservar seus hábitos de consumo.

Coerentes com uma postura de entrega das riquezas brasileiras, Bolsonaro-Guedes deixam as famílias expostas ao salve-se-quem-puder do mercado internacional.

O resultado é previsível. O real perde valor frente ao dolar e o mercado transfere  as perdas para o bolso da população. Como sempre, os mais pobres pagam a conta.

Alguma dúvida? 

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