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Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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Bolsonaro jamais perderá o comichão ditatorial

"É com o avanço dos inquéritos - com o risco claro de abertura de um processo por crime comum no STF ou de cassação da chapa pelo TSE - que Bolsonaro pode ser contido, até que nos livremos dele", escreve a jornalista Tereza Cruvinel

STF, Bolsonaro e TSE (Foto: Agência Brasil | Isac Nóbrega/PR)
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Por Tereza Cruvinel 

Bolsonaro disse ao presidente da Câmara, Arthur Lira, que respeitará o resultado da votação da PEC do voto impresso no plenário. E já sabe que vai perder. Lira finge que acredita mas sabe que Bolsonaro não tem palavra e vai continuar azucrinando. Agora, prepara um desfile de blindados militares coincidente com a votação. E,  até à eleição, inventará outros pretextos para criar confusão e, se puder, melar a eleição.

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A concentração de tanques defronte ao Congresso, a pretexto de exibição de uma manobra militar, é sua outra forma de dizer o que já disse: que pode agir fora da Constituição, aplicando um golpe de Estado com usos das Forças Armadas. Agora ele está passando das palavras para as demonstrações materiais de suas intenções golpistas.

Lira marcará a votação para amanhã ou quarta-feira. Quer tirar logo o bode da sala. E para não deixar Bolsonaro completamente derrotado, negocia com o TSE uma medida consoladora. Por acordo, e sem necessidade de lei, o tribunal ampliará, de 100 para talvez 500 ou mil, o número de urnas eletrônicas submetidas ao teste de integridade. Consiste tal teste na comparação entre resultados impressos e eletronicos de uma votação simulada. Se os resultados batem, a urna é segura. O ministro Barroso, presidente do TSE, parece aceitar a proposta mas isso também não conterá Bolsonaro.

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Ele enfrenta seu pior momento mas não pensemos que está dominado pelas instituições. Aparentemente, agora está disposto a enfrentar o jogo democrático da disputa eleitoral. E para isso, levou ao Congresso uma pedalada fiscal e um programa eleitoreiro. Com a pedalada retira o pagamento de precatórios do teto de gastos e adia os pagamentos, com um cronograma de parcelamentos. Abre-se assim um espaço fiscal no teto de gastos para a criação do Auxílio Brasil, um Bolsa-Família turbinado em valores e número de atendidos.

O novo programa é necessário mas a ampliação não tem fonte perene de financiamento. Pode tornar-se insustentável depois de 2022 mas isso não importa a quem vai receber R$ 300 ou R$ 400, além de outras ajudinhas, como a possibilidade de fazer empréstimos consignados com um parte do benefício. Tal como no caso do primeiro auxílio emergencial, providenciado pelo Congresso, Bolsonaro pode vir a colher dividendos com o programa. Desta vez, não deixou para o Congresso a fixação do valor, para faturar sozinho.

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Rercuperando-se ou não da perda de popularidade e do isolamento institucional - tendo contra si as ruas, o Judiciário e até o capital - Bolsonaro continuará fazendo das suas. Seu forte comichão ditatorial não vai desaparecer. A derrota do voto impresso não o impedirá de continuar colocando em dúvida o sistema eleitoral. Na hora do pleito, estando claramente desenhada sua derrota (que hoje seria para Lula), ele não hesitará em criar confusão, criando pretextos para chamar os militares e seus blindados, não mais para desfilar.

Por isso, não nos iludamos com este momento de aparente submissão a uma decisão do plenário da Câmara sobre o voto impresso. Nem pensemos que ele passará a respeitar o Judiciário, especialmente o STF, onde é alvo de três inquéritos.  Sempre que avançarem, ele reagirá. Mas é com o avanço dos inquéritos  - com o risco claro de abertura de um processo por crime comum no STF ou de cassação da chapa pelo TSE - que Bolsonaro pode ser contido, até que nos livremos dele.

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