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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Bolsonaro mostra ao mundo um Brasil com cara de poucos amigos

"Que péssimo para o Brasil, que ficou mal na foto", resume a jornalista Denise Assis, sobre o discurso de Jair Bolsonaro na ONU. "E, menos mal para os brasileiros, que agora, quando descreverem o clima interno lá fora, terão a compreensão dos interlocutores. Entenderão que sim, vivemos sob um clima irrespirável e autoritário"

Jair Bolsonaro discursa durante a abertura do Debate Geral da 74ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (Foto: Alan Santos/PR)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Quem ligou a TV, hoje, por volta das 10h40, teve a impressão de ter sido sugado por uma máquina do tempo. O cenário, o tom e a postura remeteram aos anos 60, na época da guerra fria, quando o mundo, essa imensa esfera – sim, sinto dizer, mas a terra é redonda –, tal qual uma laranja, foi dividido ao meio.

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Porém, a afirmação acima foi retocada por uma fonte do meio diplomático que, além de ter considerado a fala de Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU, bem pior do que a expectativa, disse, também, que nem na guerra fria o discurso anticomunista e contra o socialismo foi tão contundente e escancarado.  

Esta mesma fonte classificou de “ridículo” o momento em que Bolsonaro sacou uma carta supostamente de caciques e representantes das aldeias indígenas, para falar de particularidades, que ninguém lá fora entendeu. “Foi como contar caso do amigo Juquinha”, avaliou. E quem está interessado na opinião do Juquinha, não é mesmo? “Um momento inusitado e fora de propósito. Não usual”.

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Descontada toda esta performance, o que se viu foi um presidente agressivo, de posse de um discurso belicoso, falando unicamente para os 25% que ainda o aplaudem internamente. Bolsonaro desperdiçou a chance de expor um Brasil parceiro. Conseguiu desagradar setores do empresariado do agronegócio, deixou de falar para o seu tão dileto mercado e, ainda, agrediu nações amigas, que doravante irão nos olhar com a cara que a chanceler alemã, Angela Merkel, mirou o presidente, quando este quase que diretamente ofendeu o seu país e a França. Quando o que Merkel fez de “mal”, foi oferecer recursos para a preservação da Amazônia.

Afrontou Cuba, apontou seu dedo em riste para a Venezuela, numa atitude de menino bem-mandado, em plena arguição. E pecou fragorosamente ao citar o movimento migratório dos venezuelanos sem exibir o número de imigrantes que o Brasil recebeu de lá.

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O Brasil que emerge do discurso de Bolsonaro nada tem da imagem que o mundo guarda do país. O presidente falou apenas para a sua turma, mostrou ao mundo um país rancoroso, disposto a comprar brigas inúteis e infrutíferas e a não estender a mãos para a conciliação e os negócios.  

Lembrou a ditadura militar, como uma guerra que nem ele e os seus pares admitem internamente, o que dizer dos que de fora não seguem a nossa história par e passo. Bolsonaro descortinou para o mundo um país carrancudo, frágil, mal-humorado. Sim, como disse a fonte do meio diplomático: “não poderia ter sido pior”.

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Desfiou lamúrias sobre a polêmica facada, citando uma liderança de esquerda, quando a Justiça no Brasil atestou que Adélio Bispo é inimputável, por sofrer de doença mental. Mentiu, portanto, e não acatou decisão judicial do seu país.  

Que péssimo para o Brasil, que ficou mal na foto. E, menos mal para os brasileiros, que agora, quando descreverem o clima interno lá fora, terão a compreensão dos interlocutores. Entenderão que sim, vivemos sob um clima irrespirável e autoritário.  

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