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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Bolsonaro parece já caminhando para final de mandato

"A permanência de Bolsonaro no Planalto parece a cada dia mais difícil", escreve o jornalista Ribamar Fonseca. "Ele tenta uma última cartada, buscando uma reaproximação com as Forças Armadas mediante um aumento salarial para os militares, mas a esta altura dos acontecimentos não será muito fácil reverter a situação"

(Foto: Marcos Correa/PR)
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O governo Bolsonaro, ao que parece, acabou mesmo. Só está faltando agora ele desembarcar do Planalto, o que não se mostra muito distante, considerando o seu visível derretimento. Após a prisão de Queiroz e a fuga de Weintraub, fuga essa que teria sido facilitada pelo próprio governo, o capitão viu fechar-se o cerco em torno de si e, enfraquecido ao ponto de ser obrigado pela Justiça a usar máscara, buscou imediatamente um caminho que lhe permitisse preservar o mandato: mudou drasticamente o seu comportamento, abandonando a sua arrogância e autoritarismo,  e transformou-se no “Bolsonaro paz e amor”, com discursos adocicados de conciliação. Quebrou até a rotina de encontros diários na porta do Alvorada, deixando seus apoiadores chupando o dedo mas evitando declarações desastrosas que pudessem agravar mais ainda a sua já complicada situação.

Na verdade, depois do fracasso da tentativa de criar um clima favorável a um golpe, com o uso de manifestações de apoiadores que reivindicavam intervenção militar e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal,  Bolsonaro se deu conta de que perdeu o chão. Aparentemente, sem o apoio antes discreto das Forças Armadas, que tentou envolver em seus pronunciamentos para mostrar força, ele se conscientizou de que está praticamente só, depois de brigar com aliados de primeira hora e desagradar até mesmo os militares do governo com tantos erros. Além de tentar criar uma imagem mais simpática, o que não parece tarefa muito fácil depois de tudo o que aprontou, o capitão também conseguiu silenciar os filhos, fonte de crises e demissão de ministros. O seu maior problema agora, no entanto, é que está pendurado no silêncio de Queiroz e do “anjo” Wassef. Se abrirem o bico  ele pode providenciar a mudança de volta para a Barra.

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Em apenas 16 meses de governo, o capitão Bolsonaro conseguiu a proeza de desagradar todo mundo, chegando a transformar velhos aliados em inimigos. Os novos aliados que conquistou através do Centrão, como Roberto Jefferson, por exemplo, estão mais enrolados do que linha em pé de pinto. A esta altura a companhia deles não parece um boa solução para a sua imagem, que se desgastou rapidamente dentro e fora do Brasil. Também não é boa a companhia de Temer, seu conselheiro informal, muito menos a de FHC, cuja senilidade se revela em suas posições contraditórias: um dia engrossa o coro do “Fora Bolsonaro” e no dia seguinte se manifesta contra o impeachment, pedindo tolerância para com o capitão, dizendo, inclusive, que não se deve “derrubar um presidente eleito”. Há alguns anos atrás ele não pensava do mesmo modo quando participou do golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff.   Na realidade, há muito que FHC deixou de ser levado a sério.  

Bolsonaro, na verdade, está pagando o preço dos muitos erros cometidos, a começar pela nomeação, para integrar seu ministério, de nomes afinados com sua ideologia mas sem nenhuma qualificação para os cargos, como Weintraub e Ernesto Araujo, entre outros. Com a valiosa ajuda do deputado Rodrigo Maia, que segurou os mais de 30 pedidos de impeachment que deram  entrada na Câmara, o capitão conseguiu, à custa de cargos,  montar com o Centrão uma base que lhe permitirá  barrar qualquer tentativa de afastá-lo do Poder, mas está com a espada do TSE no pescoço: caso não tenha medo, a Corte Eleitoral pode cassar o seu mandato e do vice Hamilton Mourão, abrindo caminho para a realização de  nova eleição. Afora o julgamento do TSE, a única forma de defenestrar Bolsonaro do Planalto é a renúncia. Parece difícil, mas talvez para ele seja a melhor maneira de blindar os filhos contra possíveis sanções, mediante um acordão.

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O fato é que a permanência de Bolsonaro no Planalto parece a cada dia mais difícil. Ele tenta uma última cartada, buscando uma reaproximação com as Forças Armadas mediante um aumento salarial para os militares, mas a esta altura dos acontecimentos não será muito fácil reverter a situação. Até porque a indústria de fakenews, que garantiu a sua eleição e o tem mantido no poder, sofreu um grande golpe com as investigações do Supremo, que identificaram os empresários financiadores da máquina e os seus operadores, inclusive do chamado “gabinete do ódio”. O inquérito do STF, sob o comando do ministro Alexandre de Moraes, desestabilizou o capitão e inibiu os produtores de notícias falsas. Tudo isso o deixou meio tonto, sobretudo depois que o seu ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, passou a fustigá-lo, com a ajuda da Globo. 

O antes todo poderoso juiz de primeira instância, que se tornara a maior autoridade judiciária do país com jurisdição sobre todo o território nacional, só não ficou ainda inteiramente no limbo, depois de deixar o Ministério da Justiça,  porque  as ligações perigosas  da Lava-Jato com os americanos, ao tempo em que ele estava no comando, voltaram ao noticiário. Além de sepultar o sonho de sentar numa cadeira do Supremo, Moro, agora sem a proteção dos superiores hierárquicos, em especial do TRF-4, poderá vir a ser julgado por suas ações pouco ortodoxas na Vara de Curitiba. Se a Corte Suprema aprovar a sua suspeição, o que pode acontecer nos próximos dias, toda a sua farsa jurídica será anulada. E ele cairá no ostracismo, caso não seja acusado, junto com o seu parceiro Deltan Dallagnol, de alta traição ao país, por ter destruído as maiores empresas nacionais de engenharia e desempregado milhares de trabalhadores para atender interesses dos Estados Unidos. A Justiça, afinal, parece estar voltando a ser Justiça.

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