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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Bolsonaro quer o país o tempo todo ligado na tomada

"Já deveríamos estar escolados na sua tática rasteira, de jogar um balão de ensaio para ver se cola. Conforme o tamanho do tsunami em torno da ideia, ele vai lá e retira o projeto ou volta atrás", escreve a jornalista Denise Assis, ao comentar a revogação do Decreto 10.530 por Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro e UBS (Foto: Alan Santos/PR | Agência Brasil)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Certamente todos conhecem a máxima: “quando a esmola é muita o santo desconfia”. Em se tratando de Bolsonaro, no entanto, esta lógica precisa ser invertida. Quando a notícia é tão ruim que afeta e aflige a todos, é bom não só desconfiar, como também não dar trela. Já deveríamos estar escolados na sua tática rasteira, de jogar um balão de ensaio para ver se cola. Conforme o tamanho do tsunami em torno da ideia, ele vai lá e retira o projeto ou volta atrás.

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Não é de hoje que Bolsonaro tem esse movimento de “lançadeira”, sobre o que já escrevi um artigo, no 247. “E por que, afinal, estou eu aqui me lembrando da pecinha da máquina de costura? Porque estamos no país em que o presidente da República pela manhã conclama seu gabinete para uma manifestação e à noite ‘desconvoca’, dizia eu, em 22 de maio do ano passado, e agora volto a repetir.

Publicado ontem, o Decreto 10.530 propunha estudos para que as Unidades Básicas de Saúde fossem transferidas para a iniciativa privada. A notícia levou o Conselho Nacional de Saúde a ameaçar ir à Justiça contra a medida. No Congresso, o deputado Rogério Correia propôs um decreto legislativo para sustar os efeitos do documento. As redes sociais transbordaram de posts, artigos e protestos contra a medida absurda, depois do show de competência dado pela rede pública na pandemia. Tivéssemos nós a mercê da iniciativa privada e o número de mortos, hoje em um total de 157.981, quase batendo nos 160 mil, já seria incalculável.

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Para os que foram dormir mais tarde e puderam acompanhar na segunda-feira, no programa Roda Viva (TV Cultura), os prognósticos daquele que por muitos anos foi o principal construtor de imagens e campanhas no meio político, João Santana, foram para cama depois com a sua descrição de Bolsonaro como o dono de um estilo bufo, espalhafatoso. Para o marqueteiro, ele tenta pegar o país no contrapé, na surpresa, no estilo escandaloso de surpreender com atitudes canhestras. João repetiu o que já sabíamos, mas vindo de um expert no estudo do perfil de políticos, a descrição fica referendada. Não devíamos nos espantar mais. Tampouco gastar nossas emoções contradizendo ou nos “revoltando” com seus anúncios bombásticos.

Tem razão João Santana, o ex-mago das campanhas, quando diz que Bolsonaro desconfia estar caminhando para uma derrota em 2022. “É muito mais provável que ele perca a eleição do que ganhe”, disse. Daí o desespero, daí a necessidade de tentar nos chacoalhar com idas e vindas, notícias bombásticas. Para ilustrar o que afirmou, descreveu a brevidade de sua “lua de mel”, com o povo, quando logo após ser eleito, entrou em período de declínio. “Ele não foi esse fenômeno eleitoral. A eleição é que foi atípica”, definiu.

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E se prestarmos atenção ao atual momento, como já previu o comentarista e âncora do Boa Noite 247, Rodrigo Vianna, ele talvez perca as eleições nas principais capitais do país, onde os candidatos a prefeito associaram seu nome ao dele.

E se dermos uma mirada com frieza para o seu índice de aprovação, ainda na casa dos 40%, podemos observar que Bolsonaro conservou os 30% de fanáticos, aos quais se somaram 5% de revoltados e dissidentes do ex-ministro Sergio moro, mais os 5% de tietes do ministro Paulo Guedes, que preferem ver o demônio personificado, do que um candidato de esquerda no poder. Vamos tomar uma chuveirada, esfriar a cabeça e não entrarmos na pilha daquele que a cada dois dias nos quer com o dedo na tomada, levando uma descarga de adrenalina. Infelizmente, não cabe aqui usar uma frase que os antigos gostavam de repetir: “calma que o Brasil é nosso”. Não é mais, mas podemos recuperá-lo.

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