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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Bolsonaro tenta dar um salto triplo de 2019 para 2022, sem fazer o dever de casa

"É preciso lembrar a Bolsonaro que antes de 2022, há um 2019 a ser encerrado e um 2021 a ser percorrido", afirma Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia. "Sua obrigação - já que os pesados processos em que está arrolado não caminham como deviam para tirá-lo do cargo conquistado com um gol de mão – é parar de destruir o país e tudo o que está à sua volta"

Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

A ala progressista desse país é mesmo cordata ou distraída. Bolsonaro está no cargo há 10 meses e nada fez além de delegar poderes a ministros neófitos, colocar os filhos no centro do poder, subtrair e entregar riquezas nacionais ao seu chefe maior, os Estados Unidos, e deixar a política econômica nas mãos do Paulo Guedes, como aliás, havia prometido fazer desde a campanha. O que quer que disto resulte, é o que estamos pagando para ver. Um dos já resultados já obtidos: deflação.

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Sem mudar um milímetro da personalidade tosca e ignorante na extensão do termo, Bolsonaro agrega a faceta de ser um exímio auto sabotador. Desfez-se – independente do grau de competência ou incompetência ou valores – dos mais fiéis aliados. Gustavo Bebianno e Santos Cruz são apenas os exemplos mais evidentes. Abriu mão da excelência de nomes de grande gabarito e reconhecimento internacional, como o Ricardo Galvão, presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Estabeleceu o caos na política externa, brigando ou criando caso com países do peso de uma Alemanha e de uma França. E, agora, sem maiores delongas, compra um barulho bom o PSL, partido que cerrou fileiras para a sua eleição.

O quadro acima exposto deságua no acirramento das discussões para a eleição de 2022, sem que Bolsonaro tenha nem sequer governado ou exercido o seu primeiro mandato. Talvez seja uma estratégia. E por que observar lá no alto, que a ala progressista é cordata ou distraída? Porque estabelecido o caos nesse (des)governo, Jair não precisa fazer o que deveria: governar. E a oposição, perdida nas minudências de questões criadas por ele, não o chama para, de fato, obter a cadeira da presidência que tanto brigou e cumprir o seu papel.

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O governo está nas mãos de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente os presidentes da Câmara e do Senado. O mais, é ir tocando a bola como sobra, embolando o meio de campo a mais não poder, até 2022. Acontece que no meio de 2018/2022, para piorar – ou melhorar, depende do ângulo pelo qual se olha – tem 2020, com eleições municipais. Há que cobrar que o governo em vez de entrar em campanha prematura, no mínimo administre, enquanto a oposição deve tratar de se organizar para reconquistar espaços perdidos nas bases e impedir àquelas aves que saíram raquíticas e anêmicas da última eleição, não abram o bico para se alimentar das migalhas que caem do caos promovido por Bolsonaro.

Há uma equipe trabalhando fortemente na reorganização tucana para 2022, que já corre para se articular, estendendo os braços aos ultradireitistas (há pouquíssima diferença entre uns e outros, no modelo tropical) descidos do governo. É preciso lembrar a Bolsonaro que antes de 2022, há um 2019 a ser encerrado e um 2021 a ser percorrido. Sua obrigação - já que os pesados processos em que está arrolado não caminham como deviam para tirá-lo do cargo conquistado com um gol de mão – é parar de destruir o país e tudo o que está à sua volta. 

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Quanto à esquerda e os progressistas que anseiam por dias melhores, é necessário acelerar a pauta e os trabalhos, pois a direita “boba”, aquela que puxa para perto da orelha o cobertor de “centro”, está a pleno vapor com discursos assemelhados aos dela, esquerda. Fala sobre “redução da desigualdade”, enquanto se aproxima dos radicais de direita, tentando fazer um mix que os fortaleça. Sobram no jogo, além da urgência do “Lula Livre”, a conquista de importantes municípios em 2020 e descolar do partido o discurso da polarização, que aquele colunista insiste em desengavetar, pois sabe que sempre cola pintar a ala mais à esquerda como bicho-papão. Não há radicalismo na esquerda. O radicalismo está em quem continua a fazer concessões a um governo fascista, para voltar ao poder. Só ele não enxerga o caos criado pelo governo que apoiou. 

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