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Celso Raeder

Jornalista e publicitário, trabalhou no Última Hora e Jornal do Brasil, é sócio-diretor da WCriativa Marketing e Comunicação

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Bolsonaro tomou chá de cogumelo

A verdade é que o chá de cogumelo que Jair Bolsonaro tomou para fazer aquele discurso me deu o maior “barato”. O problema é que temos um presidente que age como se fosse guru de comunidade, desses tantos que levaram seus seguidores ao suicídio coletivo

(Foto: ADRIANO MACHADO - REUTERS)
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Eu juro que ouvi o barulho dos helicópteros norte-americanos UH-1 Iroquois sobrevoando as florestas do Vietnã, procurando um local de pouso para recolher os corpos dos soldados abatidos pelos vietcongs, enquanto o presidente Jair Bolsonaro discursava no plenário da ONU. E quanto mais ele falava, mais eu mergulhava num estranho túnel do tempo, me sugando de volta à década de 1960. A onda foi tão pesada, que achei que John Kennedy ocuparia a tribuna em seguida, para falar pelos Estados Unidos.

A verdade é que o chá de cogumelo que Jair Bolsonaro tomou para fazer aquele discurso me deu o maior “barato”. Tirei o som da TV, que infelizmente não é mais preto e branco, coloquei um disco do Bob Dylan na vitrola, e me deixei levar pelo papo viajandão do presidente, que duvida do fim da guerra fria, da desintegração da União Soviética, da queda do Muro de Berlim, e que Cuba ainda exporta guerrilheiros para o mundo, treinados por Che Guevara, que deve estar vivo em algum lugar.

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Bolsonaro hoje não conseguiu ser o Bozo de sempre. Foi o Palhaço Carequinha, aquele que movimentava a gola da camisa para cima da boca, só faltando repetir o bordão “Tá certo, ou não tá?”, ao final de cada mensagem moralista que tentava pregar diante de uma plateia de líderes mundiais atônita. Acho que nem Charles Manson, dono daquela seita que assassinou a esposa do cineasta Roman Polanski, em 1969, escancarou seus fanatismos como fez o presidente brasileiro nesta manhã de terça-feira.

Levou debaixo do braço uma índia com cara de riponga, anunciando-a como a representante da voz das populações indígenas, em substituição ao bom e velho cacique Raoni, mentiu descaradamente para centenas de autoridades, afrontou parceiros comerciais, enfim, agiu como moleque rebelde, que desafia os pais só para ganhar prestígio na patota.

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Como presidente, Bolsonaro é igual aquele franzino folgado, que provoca todo mundo confiando na proteção do amigo fortão, no caso, Donald Trump. Foi por isso que distribuiu nas redes sociais um vídeo onde o dono da Casa Branca o defende, poucos minutos depois de ter chamado o mundo inteiro para a porrada.

Mais do que os delírios de um mundo que ficou para trás, está o esforço em materializar essa vontade, levando o Brasil de volta a indicadores sociais trágicos. Em 1970 contávamos 90 milhões de habitantes, e hoje somos 209 milhões, que precisam de trabalho, educação, saúde e moradia. O problema é que temos um presidente que age como se fosse guru de comunidade, desses tantos que levaram seus seguidores ao suicídio coletivo. E se essa marola alucinógena se prolongar até 2022, é isso o que acontecerá.

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