CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Denise Assis avatar

Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

694 artigos

blog

Bolsonaro troca seis por meia dúzia

"Pressionado a demitir o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, Jair Bolsonaro quis passar a imagem de que as decisões são suas, o que quer que elas signifiquem", escreve a jornalista Denise Assis, sobre as mudanças no governo

Ernesto Araújo, Jair Bolsonaro e Paulo Guedes (Foto: Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Apertem o cinto. O piloto pirou. Bolsonaro promoveu uma dança das cadeiras que desaloja do cargo seis ministros, provocando uma troca que, literalmente, troca seis por meia dúzia. Pressionado a demitir o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, quis passar a imagem de que as decisões são suas, o que quer que elas signifiquem.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Com isto, pensa ter dado o troco ao presidente da Câmara, Artur Lyra, que lhe prometeu um remédio amargo, caso não mudasse sua postura com relação à pandemia. Acredita ter colocado no devido lugar a senadora Kátia Abreu, que chamou o ministro Araújo de “marginal” e exigiu a sua saída, após ele ter tentado caluniá-la com os seus pares. E, por fim, deixou no ar uma ameaça ao comandante do Exército, Edson Pujol, que em sua opinião não tem dado aos seus arroubos – como a ameaça a baixar estado de sítio -, a devida importância, mandando o recado ao demitir do cargo de ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva.

Numa semana pós-decisão sobre parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro, em que ficou evidente o que cabe a cada um no latifúndio do desastre em que o Brasil foi jogado, houve de tudo. Primeiro, textos pela mídia, que se admitisse ter sido uma decisão justa, estaria jogando sobre si uma grande parcela de culpa pelo desfecho de termos Bolsonaro à frente do país, em momento trágico e caótico.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Em seguida, um artigo do ex-ministro da Defesa e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Sergio Etchegoyen, um dos articuladores do golpe que destituiu a ex-presidente Dilma Rousseff. Nele, o general se coloca – pasmem – contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), numa postura claramente antidemocrática. Um dos preceitos militares é o respeito à Lei e à Constituição. Ao se colocar contra a decisão de um dos poderes da República, Etchegoyen está indo contra este princípio. No artigo, desbragadamente ultradireitista e pró-estadunidense, o ex-ministro chama a votação de “uma canetada monocrática – referindo-se à decisão de Fachin -, e acusa o Supremo de criar “vácuos jurídicos”, em referência à decisão sobre Moro.

Hoje, segunda (29/03), início da semana, já seriam emoções verdadeiramente fortes, ter que acompanhar ao longo do dia o resultado da incitação feita pelo Twitter, da deputada Bia Kicis, às polícias militares de todo o país, para que pipocassem motins país a fora, como desagravo ao PM, identificado como Wesley Soares Góes. O PM era noivo e trabalhava na 72ª CIPM havia pelo menos quatro anos e foi baleado após 3h30 de negociação para que se entregasse aos integrantes das equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), no início da noite. Wesley morreu nesta tarde, em consequência dos ferimentos feito durante o cerco.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A pauta bolsonarista ao longo do dia só fez crescer. Numa semana em que os nervos já estavam à flor da pele com a perspectiva de atos em comemoração ao 31 de março, que se avizinha, Bolsonaro achou pouco. Premido pela grita para que demitisse Ernesto Araújo, Bolsonaro cedeu. Não tinha opção. Porém, ao fazê-lo puxou a toalha da mesa e trouxe de cambulhada: Fernando Azevedo, substituído pelo general Braga Neto (antes da Casa Civil); o até agora ministro da Justiça, André Mendonça, foi deslocado  para a Advocacia Geral da União (AGU), sendo substituído por um delegado da Polícia Federal, Anderson Torres. Para o lugar de Ernesto Araújo foi Carlos Alberto França, hoje chefe da assessoria especial do presidente, e o atual  ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, cedeu lugar para a até então presidente da Comissão de Orçamento, a deputada Flávia Arruda PR-DF).

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO