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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Bolsonaro volta a 64 e ataca Maduro

"Sem o menor cuidado com as aparências, o engajamento de Bolsonaro contra o governo Maduro lembra os piores momentos da diplomacia de 64, quando Castelo Branco mandou até tropas para fazer guerra na República Dominicana apenas para agradecer a Washington pelo apoio prestado na queda de Goulart", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia; "Em 2002, Fernando Henrique Cardoso e Lula se empenharam, em ocasiões diferentes, para esvaziar o ovo da serpente que já conspirava na Venezuela. Agora, Brasília atua abertamente como braço auxiliar de um golpe que interessa aos EUA" 

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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia - O engajamento do governo Jair Bolsonaro numa operação direta de combate ao governo de Nicolas Maduro,  com apoio da Casa Branca, nem de longe pode ser considerado uma surpresa. As sucessivas demonstrações de submissão diplomática de Brasília em relação a Washington já levaram o próprio Donald Trump a tratar Bolsonaro em tom de "ironia", de "escárnio" e "deboche", conforme registra, em várias passagens, a colunista Maria Cristina Fernandes,  no Valor Econômico (17/1/2019).

A postura do governo também consolida uma mudança de porte na diplomacia brasileira, que já nos anos finais do regime militar, procurava construir uma diplomacia com sinais -- as vezes só simbólicos, outras não -- da soberania dos povos. Foi assim naquela época, com o reconhecimento de governos criados pela luta armada contra potenciais coloniais na África.

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Agora Brasília mostra que atua como força auxiliar na articulação de golpes que interessam aos EUA -- uma mudança notável, quando se considera episódios ocorridos nas duas últimas décadas.  

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O governo de George W Bush foi o primeiro a reconhecer um governo fantoche formado a partir de um golpe ocorrido em Caracas, em 2002, quando Hugo Chávez foi sequestrado e preso. A resistência popular produziu uma virada na situação, apoiada por vários governos vizinhos,  inclusive o Brasil, sob presidência de Fernando Henrique Cardoso, que teve um papel reconhecido no episódio. Após 72 horas,  Chávez estava de volta ao poder.

No  final daquele mesmo ano, uma paralisação na estatal de petróleo, organizada pela alta burocracia aliada de antigos governos,  paralisou o caos no país e cobrava a saída de Chávez. As vésperas de ser empossado, Lula e o futuro chanceler Celso Amorim articularam um grupo de países amigos da Venezuela. Atravessando vários terrenos minados pela diplomacia da região,  numa sucessão de encontros reservados, conseguiram encontrar uma porta de saída para a crise, esvaziando um ovo da serpente que ameaçava envenenar a restauração democrática em curso em toda região. Em vários países -- Equador, Bolívia, Argentina -- nasceu uma nova situação política. 

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No retrocesso visível de agora, a conspiração contra Nicolas Maduro lembra os piores momentos do regime militar instaurado em 64 e mostra os compromissos de cada um. Apoiado abertamente pela Casa Branco para depor João Goulart, Castelo Branco montou uma tropa brasileira para ir a República Dominicana sustentar  um golpe contra um presidente deposto pelo EUA. Bolsonaro tenta colocar o país de volta no caminho que sempre deu errado.  

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