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Ayrton Centeno

Jornalista

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Bomba! Cunha solta o verbo!

Pela primeira vez, num furo maior que o rombo dos Costa&Barusco no casco da Petrobras, Eduardo Cunha bota a boca no trombone. Não é melodia fácil. É nitroglicerina pura

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Pela primeira vez, num furo maior que o rombo dos Costa&Barusco no casco da Petrobras, Eduardo Cunha bota a boca no trombone. Não é melodia fácil. É nitroglicerina pura. Disfarçados de ministro da Justiça entramos na carceragem de Curitiba de braço no ar e gritando "Heil", passamos pela vigilância, chegamos até a cela do famigerado e anunciamos nossa intenção de lhe extrairmos uma delação sem prêmio. As dependências do profícuo parlamentar nos foram gentilmente abertas por William, o mordomo que importou da Inglaterra e que cumpre meio expediente na Globo. Um rápido olhar pelos aposentos acarpetados nos permitiu divisar mesa de bilhar, TV de 75 polegadas, computador, biblioteca, academia, winter garden, capela e ofurô. Cunha nos recebeu no seu trono, onde repousava abanado por dois eunucos. "Prometeram mas ainda não botaram ar condicionado nessa joça, veja só!", reclamou. "Epa, mas você é o Xandão escarrado!", surpreendeu-se. "Escarrado não! Ninguém me cuspiu", chiamos. "Vamos deixar de miudezas. Mande lá, o que quer saber?" indagou bonachão.

P – Quem você vai delatar primeiro?, retrucamos de chofre.

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R – Tem focinho de gato, rabo de gato, mão de gato, mas não é gato nem mia...

P – Ué, vai ser assim, tipo charada?

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R – Xandão, não me rache a cara! Se você quiser, é gato e tem sobrenome de gato. Pergunte ao Brizola...

P – Como o Brizola já morreu, vamos pular essa. E o segundo?

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R – Só vou dizer a primeira e a última sílaba: "Mi" e "Chel".

P - "Shell"? Então tem a ver com o Serra e a Petrobras...Te peguei nessa, hein?

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R – Sim, pegou...

P – Trocando de assunto: seu parceirão de impiti, o Temer...

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R – Trocando de assunto, é? Sei...

P – Falam que o Temer magoou com você. Numa conversa à meia-luz no palácio do Jaburu, você insistia em lembrar as peripécias de ambos no porto de Santos, de toma lá dá cá, de granas que irrigariam campanhas e trecos assim. Lá pelas tantas, desconfiado, ele avançou pra você e abruptamente, com um safanão, rasgou sua camisa para encontrar um emaranhado de fios, caixas de som, subwoofer, baterias, cd player e luzes piscantes... Desde então, vocês não se falam...

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R- Coisa de alcoviteiros. Você está certo até o momento da camisa rasgada (suspira). Foi quando ele se deparou, na verdade, com meu tórax hirsuto à luz do luar, os peitorais em frenesi, os mamilos róseos eriçados em súplica. Então, se desesperou. Chamou Marcela que bordava uma blusa de organdi na sala ao lado e me mandou embora. Percebeu, então, que nosso affaire era apenas "an affair to remember"...

P – Que adeus tão dilacerante...

R – Antes, porém, segurando minhas mãos, segredou-me: "Nós sempre teremos Paris"...

P – ...(soluçando e fungando) Estou ouvindo "As time goes by"... (recompondo-se, a voz ainda trêmula)... Algo me intriga: onde foram parar os seus 220 milhões? Suas contas estavam zeradas...

R – Doei para Jesus.

P – Quanta generosidade...Só não entendi a parte de Jesus. Foi para obras cristãs?

R – Sim, para Jesus ponto com.

P - Você não se sente solitário aqui? Não gostaria de companhia?

R – Sinto saudade do Malafaia para orar comigo pelo aumento do dízimo. Vou pedir ao Meritíssimo para prendê-lo e trazê-lo para cá.

P - Mas como o Meritíssimo vai prender o Malafaia? Por qual motivo?

R – E você acha que precisa desse detalhe?
(Neste momento, William toca sua vuvuzela e anuncia a entrada nos aposentos cunhais do Meritíssimo e seus Jet Blacks. Todos de preto. Cada frase do Meritíssimo é replicada pelos backing vocals, estalar ritmado de dedos e chubiru-chubiru-biru-lá-lá-lá...).

Meritíssimo - Vim ver se Vossa Excelência está sendo tratado condignamente, Dom Cunha.

Excelência - E o ar condicionado? Até agora nada. E esses eunucos, abduzidos quando passavam aí pela frente, após certo tempo de uso exalam uma sovaqueira feroz. Então tenho que colocá-los em modo de economia de energia. E no calorão, sabe?

Meritíssimo – Vou providenciar, Dom Cunha. Pode deixar.

Excelência – Devo registrar ainda que o caviar da ceia de ontem não era Beluga. E os croutons estavam molengos.

Meritíssimo – Molengos, Excelência? Oh, my God! Que embaraçoso! Colocarei o responsável a ferros. Mandá-lo-ei às galés.

Excelência – Anote meu pedido para o jantar. Gostaria de "Calamares em su tinta", si'l vous plaît...

Meritíssimo – Calamar? Lula, não é? Excelência, me desculpe mas quem tem que trazer Lula para mim é você...

Excelência – Vamos ver. Mas já posso oferecer-lhe o Aéc...

Meritíssimo – Sinto mas não vem ao caso...

Excelência – Tenho ainda o Serr...

Meritíssimo – Ih, esfriou ainda mais...

Excelência – Ah, e o Fernando Henriq...

Meritíssimo – Mais gelado que cu de pinguim...Deixe-me ajudá-lo. Vamos juntos, pra frente Brasil, Brasil, ligados na mesma emoção, tudo é um só coração: Lu... Lu...Lu...Lu...

Excelência – Captei, amado Savonarola! Lu...Lu...Lu... Lucio Bolonha Funaro, aquele doleiro que conhecemos desde os tempos do Banestado!

Meritíssimo – Hum...vou pensar no seu Beluga. Mas os croutons podem vir molengos de novo...

Excelência – Assim não vale! Represália, não, Meritíssimo!
(Com uma rabanada, o Meritíssimo se afasta, seguido pelos Jet Blacks, estes estalando os dedos, gingando e solfejando baixinho: chubiru-chubiru-biru-lá-lá-lá...)

P – Chocante a entrada e a saída do Meritíssimo...Quanto suíngue...

R – Não dá pra negar: ele tem showbiz no sangue...

P – Continuo impressionado com um negócio: como você conseguiu ocultar tanto dinheiro.,.

R – Xandi Junior, posso te falar uma coisa em particular?

P – Pode falar. Ninguém vai ler isso mesmo...

R – (Curvando-se, põe a mão sobre a boca e sussurra) Cá entre nós, tem um troquinho aí que vou entregar pros homens, sacumé? Pra não

ficarem me aporrinhando. O grosso da grana está muito bem guardado...

P – Mesmo? E como vai gastá-lo?

R – Não demora muito, quando eu sair daqui de tornozeleira – a minha será de ouro maciço cravejada de brilhantes porque não se pode baixaro nível, of course – vou pegar a bufunfa e viver na Côte d'Azur... Ou numa praia do Caribe. Não sei bem ainda. Também posso ficar na Banânia. Posso ser, quem sabe, presidente da Câmara...

P – É o que chamam de déjà vu...

R – Seria um sacrifício mas, em benefício da nação, não poderei negar meus serviços. Um homem devotado ao bem público está sempre preparado para atender ao chamado da pátria. Não tem querer. Tem missão.

(N.A. – Não precisava mas como não se sabe a quanto andam os cérebros neste país cada vez mais burro e mal-humorado, informo que isso aí de cima é uma farsa. Sorry)

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