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Gustavo Conde

Gustavo Conde é linguista.

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Brasil: ame-o ou mate-o

O editor do 247 e membro dos Jornalistas pela Democracia, Gustavo Conde, afirma que a imprensa tradicional não consegue dar um clima de festividade à posse de Jair Bolsonaro; ele diz: "a produção de mentira, que fique bem claro, depende em grande medida do que se tem de verdade disponível. É impossível falar em otimismo, mesmo dissimulado, quando o grupo que chega ao poder quer refundar o país em bases suicidas de anti-comunismo charlatão"

Brasil: ame-o ou mate-o (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)
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A imprensa está perdida. Ela não consegue criar o clima "de festa" para a posse presidencial. Chega a comover o desalento narrativo.

O clima é de medo generalizado. Medo da cerimônia em si e medo do que vem depois.

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A produção de mentira, que fique bem claro, depende em grande medida do que se tem de verdade disponível. É impossível falar em otimismo, mesmo dissimulado, quando o grupo que chega ao poder quer refundar o país em bases suicidas de anti-comunismo charlatão.

Otimismo, só em pesquisa, que verifica, em grande medida, a saturação da população em opinar "de novo" sobre os mesmos políticos de sempre, que prometem e não cumprem.

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Criou-se um jogo entre instituto de pesquisa, população e cena político-econômica muito parecido com o que acontece no ensino básico: professor finge que ensina e aluno finge que aprende.

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Toda essa encenação, pasmem, acaba por se efetivar no horizonte concreto da realidade: a gente vive o universo paralelo das bestas que se negam a encarar a realidade social do país (imprensa, bolsonarismo e economismo - que é também charlatão).

O PT produziu um choque de realidade - por isso, realizou tanto. O problema, parceiro, é que lidar com a realidade dá trabalho. A elite e sua irmã 'boçalidade pequeno burguesa' incrustada na classe trabalhadora que acha que é média, não são só escravocratas, violentas e burras: elas são também preguiçosas.

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De sorte que a porção podre do Brasil se encontra finalmente consigo mesma nessa posse demoníaca que recebe o bastão presidencial de um satanista-golpista.

Nem Romam Polanski daria conta de um roteiro desses.

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São linchadores em catarse, prontos para a contradição ambulante que é ter a obrigação semântica de "celebrar" alguma coisa.

O bolsonarismo - uma espécie de racismo subdesenvolvido - não celebra, porque o sentido de 'celebrar' se avizinha aos sentidos de solidariedade e amor.

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As palavras 'solidariedade' e 'amor' "queimam" se pronunciadas em meio a bolsonaristas. É como mostrar um crucifixo a um vampiro ou expô-lo ao sol.

Tem a água benta também.

Brasil, ame-o ou mate-o. Esse é o lema do fundamentalismo grotesco que chega ao poder e produz uma espécie de des-celebração da democracia.

A rigor, a posse de um grupo de linchadores enseja cuidados. Estar em um lugar em que o público é violento, a segurança é violenta, os visitantes são violentos e o suposto protagonista é violento, pode fazer o mais cético dos céticos a aceitar a tese de que se trata de um evento com "risco extremo" para a vida das pessoas.

Risco imediato e histórico.

A agenda regressiva que já se instalou no Brasil e que vê seu aprofundamento radical - aguardem o dia 2 de janeiro para já sentirem o que vem por aí - é cianeto de hidrogênio: veio para matar.

A ascensão desse nazismo subdesenvolvido e avacalhado faz lembrar aqueles controles espontâneos e apocalípticos de superpopulações: na falta de uma doença biológica para exterminar indivíduos em massa, a natureza do discurso produz uma doença política para fazer o serviço.

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Extermine-se, metralhe-se e libere-se as ferramentas letais de violência. Em 2 anos, talvez, o Brasil volte à casa da centena de milhões de habitantes.

A ideia de um governo Bolsonaro é meio "Planeta dos Macacos". Daqui a alguns séculos, poder-se-á andar em Copacabana e encontrar a mão do Cristo soterrada na areia.

Tal é o nível de desumanidade e anti-civilização deste holocausto surgido das cinzas do ódio, do ressentimento, da desinteligência e das pulsões suicidas.

Contra tudo isso, devo dizer com todas as letras e sons: a luta só começou.

E lutas difíceis assim são as lutas boas de se lutar. Desafios fáceis são para os fracos.

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