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Hildegard Angel

Jornalista, ex-atriz, filha da estilista Zuzu Angel e irmã do militante político Stuart Angel Jones

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Brasil só vai mudar se sua elite mudar

"Não basta o povo adquirir consciência sobre nossa realidade, como agora ocorre. Nada se modificará, todo progresso voltará a ser retrocesso, se não houver mudança radical e estrutural no comportamento da elite brasileira", escreve Hildegard Angel, do Jornalistas pela Democracia

(Foto: Ricardo Moraes/Reuters)
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Por Hildegard Angel, para o Jornalistas pela Democracia 

Escrevo sob a inspiração das recentes e magníficas entrevistas de Lula em liberdade, único líder brasileiro de primeira grandeza vivo, em plena lucidez e vigor para a luta. 

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Apesar de todas as mazelas que se multiplicam a cada dia e pesam sobre nosso cotidiano, somos abençoados por ter um Lula, que nos fala à consciência, ao coração, à alma. Um farol. O maior Presidente da República de nossa História, e que, justamente por ser tudo isso, sofreu a maior campanha já movida contra um político em nossa vida contemporânea. 

Lula é perigoso, sim, porque é revolucionário. Tudo o que fala, pensa, faz é transformador. Como foram seus dois governos, retirando do Mapa Mundial da Fome um país atavicamente indigente, onde a fome está tão entranhada e normalizada, que, em vez de escândalo e dor, suas representações nas artes são saudadas pela beleza pictórica, não pela agonia que deveriam inspirar. 

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Nas paredes dos salões da opulência, os retirantes de Portinari, com suas crianças esqueléticas, contrastam com naturalidade, e sem causar escândalo, com os tapetes persas. 

O Brasil caminhou um longo percurso de sofrimentos e dificuldades, desde o seu Descobrimento. Séculos em que apenas os da elite puderam descansar a cabeça nos travesseiros com tranquilidade, sabendo que no dia seguinte teriam um teto, alimento para os filhos, condições para as despesas básicas. Os miseráveis, os pobres e mesmo a classe média sempre provaram o amargo pão dos obstáculos e injustiças sociais. 

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Um país em que a ignorância foi ardilosamente cultivada para que os mesmos poderosos de sempre prevalecessem, controlando o domínio do saber. Um país em que ser analfabeto era até há pouco tempo visto com naturalidade. E não possuir sequer certidão de identidade, um lugar comum. Um país que historicamente demonizou seus mártires e incensou seus demônios. 

Elite racista, age como restrita sociedade de escolhidos, sem qualquer responsabilidade sobre o que lhes acontece ao redor, ungidos que mal enxergam as pessoas que os servem, olham através delas, como se não existissem. O pobre brasileiro é transparente. Seus nomes e rostos não são lembrados por aqueles a quem prestam zelosos serviços, mesmo que por longo tempo.

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E é atravessando esta fase tenebrosa pandêmica, com os mortos se amontoando nos corredores dos hospitais e nos gráficos das estatísticas, que essa deformação comportamental dos donos do dinheiro e do poder, seu alheamento sobre o que parece não lhes dizer diretamente respeito, mais inspira nosso desprezo. A economia sempre à frente da vida humana. Esta é a pandemia à brasileira.

Elite que sempre ignorou e normalizou a corrupção, quando esta lhe serve, e que se faz de chocada e ofendida quando os corruptos não são os frequentadores de seu mesmo clube.

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Sempre ouvimos que atrás de grandes fortunas há grandes crimes. Crimes contra o erário, impostos não pagos, poluição de águas e terras antes semeáveis, em nome de seus empreendimentos econômicos; poluição do ar que respiramos; devastação das florestas que purificam o ar, para fazer delas pastos ou contrabandear sua madeira; bancos que falem, evaporando junto economias de vidas inteiras. Até mesmo na caridade, obras, que se dizem generosas com os pobres, não sem antes drenarem para suas contas pessoais parte dos quinhões arrecadados com festas, convescotes, rifas, boletos.    

Não basta o povo adquirir consciência sobre nossa realidade, como agora ocorre. Nada se modificará, todo progresso voltará a ser retrocesso, se não houver mudança radical e estrutural no comportamento da elite brasileira. Caso contrário, recorrendo ao tão explorado Giuseppe Lampedusa, estaremos sempre andando em círculos, no exercício de mudar para não mudar, andar para não caminhar, conquistar para em seguida capitular. 

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