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Chico Vigilante

Deputado distrital e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Legislativa do DF

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Brasília em pé de guerra

O silêncio foi rompido. Carros de som, shows, comícios com discursos inflamados contra o golpe, contra a corrupção, contra a hipocrisia, contra Temer e sua turma, contra o governador Rodrigo Rollemberg

O silêncio foi rompido. Carros de som, shows, comícios com discursos inflamados contra o golpe, contra a corrupção, contra a hipocrisia, contra Temer e sua turma, contra o governador Rodrigo Rollemberg (Foto: Chico Vigilante)
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As amplas e silenciosas praças do Plano Piloto da Capital da República mudaram de cara e de caráter nos últimos tempos. De áreas de lazer passaram a arenas de protesto e resistência.

A cada dia, o morador de Brasília e cidadãos vindos de todo o país, caminham quilômetros com suas reivindicações para ocupar e gritar palavras de ordem no gramado do Congresso Nacional, na praça em frente ao STF, no pátio da Câmara Legislativa, nas fontes diante do Palácio do Buriti.

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O silêncio foi rompido. Carros de som, shows, comícios com discursos inflamados contra o golpe, contra a corrupção, contra a hipocrisia, contra Temer e sua turma, contra o governador Rodrigo Rollemberg e a situação insustentável da saúde, da educação, da segurança na cidade, do atraso no pagamento de salários de várias categorias.

O sentimento de revolta cresce e não cabe mais nas escolas, universidades, sindicatos, movimentos, lares. Ele é por vezes difuso, mas os que tomam os microfones para falar à multidão são claros, desfiam razões para chamar pela união de todos contra o ataque aberto às conquistas sociais, aos nossos mais básicos direitos, inclusive o de defender os interesses da Nação.

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Cobra-se respeito à Constituição, critíca-se sem meias palavras o roteiro do golpe, seus pilares, sua voracidade em entregar o Brasil e dizimar as conquistas trabalhistas.

Cobra-se de Rollemberg promessas de campanha jogadas no lixo. Cobra-se respeito aos nossos direitos de manifestação, sem repressão.

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Muitas vezes, não importa se diante da Rede Globo, na Esplanada dos Ministérios – a veia mãe do poder no Brasil – ou do Parlamento brasileiro, manifestantes correm sufocados por bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta, cassetetes de choque elétrico, empurrões e safanões das Polícias Militar e Civil, e até da Polícia Legislativa.

Nos perguntamos o que nos separa ainda daqueles tempos sombrios e tenebrosos da ditadura militar onde se manifestar, criticar e pensar eram atos pecaminosos, muitas vezes punidos a morte, sem atestado de óbito.

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Nas últimas semanas Temer e Rollemberg acirraram o clima de guerra instalado em Brasília.

Nem a chuva forte desanimou categorias profissionais de gritar em praça pública por reajustes e pelo cumprimento de antigos acordos não cumpridos.

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Na terça, 08/09, a Câmara Legislativa foi ocupada por estudantes secundaristas que participaram das ocupações de mais de dez escolas e universidades do DF. Ali denunciaram atrocidades cometidas por policiais nas desocupações forçadas das escolas. Ao serem atacados por estudantes contra as ocupações a PM não os protegeu, apesar de pedirem ajuda. A PM não exigiu identificação dos vândalos que depredaram os portões de escolas e atacaram com paus e pedras os alunos da ocupação pacífica, mas pediu nome e endereço de um a um dos que participavam da ocupação organizada.

Na quarta, enquanto realizávamos, meu gabinete, e a Comissão de Direitos Humanos do Senado, presidida pelo senador Paulo Paim, uma audiência pública no Plenário da CLDF sobre as consequências da PEC 241/55 de congelamento dos gastos públicos por 20 anos, do lado de fora duas manifestações simultâneas ocorriam, uma no pátio da Casa, outra na frente do Buriti, de categorias reivindicando serem recebidas pelo governador por questões salariais.

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Na quinta, visitei postos de vigilantes em greve que prestam serviços para as secretarias de Saúde e de Educação, por meio das empresas Ipanema, Confederal e Brasília Segurança. Eles lutam pelo direito constitucional de receber o pagamento dos salários no quinto dia útil do mês, o que só não aconteceu por irresponsabilidade das empresas e do governo do DF.

Na sexta, 11/11, Dia Nacional de Greve, várias categorias no DF se posicionaram e participaram de manifestações na Esplanada dos Ministérios e na Praça em frente ao Conjunto Nacional.

Foram interrompidos, segundo a CUT, serviços de limpeza e vigilância, nas vias urbanas, nas escolas, nos postos e hospitais do DF.

Mantiveram-se fechados por um período mais de 70 agências bancárias e a sede do Banco do Brasil, além de agências bancarias de Formosa.

Quinze sindicatos da área do Comércio tomaram um dos shoppings mais antigos da cidade, o Conjunto Nacional, com faixas, palavras de ordem e preencheram uma grande passarela no local com cruzes representando a morte anunciada dos trabalhadores se não nos unirmos agora contra as medidas do governo golpista.

Nas ruas se misturaram também trabalhadores rurais, servidores públicos de uma maneira geral, profissionais liberais, donas de casa.

Professores participaram de protestos contra a PEC241/55 e o SINPRO decidiu só retomar as aulas na segunda-feira.

Brasília e as regiões administrativas amanheceram sem transporte coletivo.
Dirigentes dos sindicatos dos rodoviários reuniram motoristas e cobradores nas garagens e deram o mote: paralização das 4 até as 9 da manhã, por nenhum direito a menos.

A medida afetou cerca de 1,2 milhões de pessoas e, obviamente, quando se trata de greve a mídia coloca os grevistas como os grandes culpados pelos problemas. A população, no entanto, precisa entender que a greve é um instrumento de luta da qual não podemos abrir mão neste momento.

Houve também paralização de servidores municipais em Valparaíso, São João D'Aliança e Águas Lindas de Goiás, cidades do entorno do DF com moradores que trabalham em Brasília e se utilizam da infraestrutura de saúde do DF no dia a dia.

A universidade de Brasília – UnB, cujo campi, Asa Norte, Planaltina, Ceilândia, e Gama estão há vários dias ocupados por estudantes e professores - realiza diariamente debates, palestras, shows, todas elas atividades voltadas para a conscientização do público a respeito da situação política delicada pela qual passa o país. É necessário resistir.

A primavera brasiliense chegou com um acúmulo de greves: dos empregados da Caesb, da Companhia do Metrô, dos agentes penitenciários, dos auxiliares e técnicos de enfermagem. O SindSaúde está, inclusive, pedindo à Câmara o impeachment de Rollemberg, sob a alegação de não pagar parcela de aumento aprovado por lei em 2013.

Acreditar no discurso do governo de que com a terceirização do trabalho vão acabar com o problema dos 12 milhões de desempregados que temos no país é acreditar em conto de fada.

No DF os trabalhadores não acreditam mais nesta balela. A terceirização retira direitos já adquiridos e dá condições para que o patrão explore mais o trabalhador. Todos os dias esses trabalhadores são vítimas fatais e se permitirmos que a terceirização se expanda será o maior golpe contra o direito do trabalho já sofrido pelos brasileiros.

Acreditar no discurso do governo de que para salvar a previdência devemos nos aposentar mais tarde é fazer papel de trouxa. Se o governo cobrasse devidamente de todas as grandes empresas, principalmente as de comunicação que ajudaram a vender o golpe como legal, o que devem de atrasados em impostos e em previdência social, o sistema previdenciário brasileiro não teria problemas.

É isso que devemos propor nas praças da capital da República deste país.

Sim, o povo do DF deve usar suas imensas praças para se manifestar e lutar contra este processo de facistização que ocorre no país; contra o avanço sobre escolas e universidades; contra a tentativa de fragilizar as entidades sindicais; contra a criminalização dos movimentos sociais; e a demonização da política como algo nefasto.

O Brasil é nosso, seu futuro depende de nós. Cada um de nós faz parte da história, e cada um de nós se verá no futuro como resultado da omissão ou da participação, da cumplicidade ou da resistência.

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