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Robson Sávio Reis Souza

Doutor em Ciências Sociais e pós-doutor em Direitos Humanos

159 artigos

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Brevíssima análise de conjuntura em 10 pontos

"Temer, provavelmente, permanecerá no poder porque não há, no momento, outra marionete (dos poderosos) para substituí-lo. A depender da situação, outro golpe dentro do golpe será engendrado", diz o colunista Robson Sávio Reis Souza; segundo ele, o PT deveria, "em articulação com seu líder maior", explicitar o mais rápido possível que "está disposto a formar, de fato e não na verborragia inconsequente, uma frente de democrático-popular de centro-esquerda, inclusive abrindo mão da cabeça de chapa"

"Temer, provavelmente, permanecerá no poder porque não há, no momento, outra marionete (dos poderosos) para substituí-lo. A depender da situação, outro golpe dentro do golpe será engendrado", diz o colunista Robson Sávio Reis Souza; segundo ele, o PT deveria, "em articulação com seu líder maior", explicitar o mais rápido possível que "está disposto a formar, de fato e não na verborragia inconsequente, uma frente de democrático-popular de centro-esquerda, inclusive abrindo mão da cabeça de chapa" (Foto: Robson Sávio Reis Souza)
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1. Quem governa o Brasil (e boa parte do mundo, diga-se de passagem) são os donos do capital, principalmente os rentistas. Temer e sua camarilha são serviçais, em nosso país, dessa turma: latifundiários, banqueiros, empresários (do yellow duck) e especuladores. Temer, provavelmente, permanecerá no poder porque não há, no momento, outra marionete (dos poderosos) para substituí-lo. A depender da situação, outro golpe dentro do golpe será engendrado. Ou seja, desde o impeachment fajuto, o Estado brasileiro está para os donos do capital e não para os cidadãos. Quem manda é o deus todo-poderoso e invisível chamado "mercado", que não respeita a Constituição (nem os processos eleitorais); não se preocupa com o povo e a Nação e, portanto, não vai se curvar aos cânones democráticos.

2. O golpe foi para manter a metade do orçamento do país intocável, destinado aos especuladores da banca e, também, para conservar privilégios de elites e segmentos que sempre se beneficiaram desse modelo escroto de sociedade (altamente excludente, violenta e injusta). Por isso, todas as contrarreformas do grupo que usurpou o poder em 2016 não são para melhorar o país ou a vida do povo; são para garantir a pilhagem do erário pelos ricos e precarizar os direitos dos trabalhadores, aqui, inclusa, por óbvio, a classe média (inclusive os batedores de panela inox que se acham burgueses).

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3. Para manter o Brasil prostrado aos interesses geopolíticos norte-americanos e à banca, o baronato brasileiro se uniu a segmentos hegemônicos do Poder Judiciário na empreitada golpista. Numa parceria com o MP e a PF, o Judiciário institucionalizou um estado judicial-policial seletivo que interfere nos processos democráticos, com as bênçãos do Supremo.

4. O golpe se constituiu numa união, precária, mas eficiente, das elites nacionais, da mídia empresarial e do judiciário. Parlamento e Executivo, repletos de prepostos dos barões (como os que mandam no banco central, por exemplo), ora servem, ora são massa de manobra dos donos do poder.

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5. Para inviabilizar qualquer projeto popular, Lula foi preso e continuará como preso político. É uma infantilidade achar que o STF e/ou o TSE, históricos representantes da Casa Grande, irão liberá-lo às eleições.

6. Se houver eleições, Lula estará fora do páreo. Portanto, suas chances de se desvencilhar das armadilhas dos golpistas são: (a) restauração da democracia (mesmo que formal), favorecendo mudanças institucionais a médio prazo (incluindo substituições no STF) e/ou a ação indireta de organismos internacionais que venham a denunciar o processo judicial de exceção, a exigir revisões do mesmo.

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7. Enquanto isso, se houver eleições, os setores democráticos e do campo de esquerda precisam trabalhar, e rápido, com a hipótese de um candidato que tenha musculatura eleitoral (aspecto pragmático) e seja do campo democrático (aspecto programático). O apoio de Lula será o diferencial e decisivo a alavancar essa candidatura.

8. Mesmo sendo compreensível a luta correta, mas quixotesca, do PT em relação à candidatura de Lula, seria estratégico que o partido, em articulação com seu líder maior, explicitasse o mais rápido possível que está disposto a formar, de fato e não na verborragia inconsequente, uma frente de democrático-popular de centro-esquerda, inclusive abrindo mão da cabeça de chapa. E que incluísse as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo nessa concertação.

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9. Neste sentido, um candidato do campo progressista, que tem alguma competitividade e que tiver o apoio de Lula (e não necessariamente do PT), terá condições de disputar, seguramente, as eleições presidenciais com chances de vencer o pleito no segundo turno e iniciar um longo processo de reconstrução nacional, com alguma legitimidade (dado o alto nível de esfacelamento da sociedade).

10. É nesse cenário que, sem abandonar a denúncia constante e veemente das arbitrariedades cometidas contra Lula e intensificando a luta de organização social, que o campo progressista, principalmente o PT, deve considerar os demais pré-candidatos. Insistir na luta fratricida de desconstrução da imagem dos demais candidatos que podem compor uma aliança de centro-esquerda é petulância e irresponsabilidade política e eleitoral.

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NB: Vejo comemorações efusivas de decisões periféricas do TSE e do TRF3. Pessoas, bem-intencionadas, que acreditam que a justiça irá liberar Lula. Fé? Ingenuidade? Ilusão? Não sei se é trágico ou hilário.

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