Caetano Freixoso

Se ele não tivesse nome e nem sobrenome, seria chamado de Polemicoso. Estou falando do multifacetado e simpatizante dos Black Blocs, que disparou fogo amigo contra o jornal O Globo, do qual é colunista. Ele usou sua metralhadora ambulante no domingo (16), para defender o deputado carioca Marcelo Freixo (PSOL-RJ), sobre o possível envolvimento com os rapazes que lançaram o rojão que matou o cinegrafista Santiago Andrade, em manifestação recente no Rio de Janeiro.

Podemos resumir seu ensaio literário dominical em dois atos:

1 - Caetano Freixoso: "Gosto de Freixo não porque ele é do PSOL. Acho que gosto um tanto do PSOL por ele abrigar Freixo... (sic) Simplesmente me pergunto qual exatamente será a intenção do O Globo ao estampar manchetes e editoriais induzindo seus leitores a ligarem Marcelo Freixo aos rapazes que lançaram o rojão que matou Santiago Andrade. A matéria publicada no dia em que saiu a chamada de capa com o nome do deputado era uma não notícia.

2 - Um Caetano Zeloso: "Um vínculo simbólico entre aquelas demonstrações de antipatia e o ocorrido em frente à Central é óbvio: um rojão sai das mãos de um manifestante e atinge a cabeça de um jornalista. Mas parece-me abusivo ver nisso o propósito de matar o repórter."

Pois bem, no primeiro ponto ele defende com unhas e dentes a idoneidade do deputado Freixo das acusações de "O Globo". Até aí tudo bem, defender quem você admira é normal, só não entendo por que ficou tão ressentido com o "seu" jornal?

O segundo e mais polêmico se refere aos rapazes como se os fossem vítimas do rojão que matou Santiago, e não os responsáveis direto pelo ocorrido.

Pensando "Caetanamente", percebo que o "bandido" dessa história toda é o rojão, que foi jogado apenas para dispersar a polícia, nunca jamais para atingir uma mosca sequer, quanto mais um repórter. Coitadinho do rojão, percorreu a trajetória errada e sujou as máscaras dos Black Blocs de sangue. Era só o que faltava ele dizer nas entrelinhas.

Sem julgar mérito a favor do deputado, até que se prove o contrário, Freixo é inocente das acusações, certo? Que os caluniadores e difamadores midiáticos paguem pelos crimes cometidos. Agora minimizarmos os atos dos algozes de Santiago é tão somente vedar os olhos para a realidade. Quem joga um rojão para frente numa manifestação quer ao menos ferir, matar foi só uma consequência possível. Diferente de quem solta um rojão para o alto na comemoração de um gol.

É muito lindo Caê dizer: "Olho com desconfiança os moços que entram em transe narcisista ao quebrar vidros crendo que desfazem a trama dos poderes." A frase contrapõe a missão dos Black Blocs, admirados por ele.

Conclui-se que: o polêmico se opõe ao que admira? Ou admira o que se opõe?

Como diria o personagem "Caretano Zeloso", criado pelo humorista cearense João Cláudio Moreno e par de "Zelberto Zel", interpretado por Chico Anysio em seu programa "Chico Anysio Show" na outrora da TV Globo: "Eu acho que artista não pode ter medo dessa coisa forte e imensa que é o desejo, que penetra na nossa intimidade e faz a gente ficar maluco... ou não?"

Finalizo esse texto plagiando "Odara" do próprio Caetano, que eu admirava antes de ele hastear a bandeira dos Black Blocs:
deixa eu escrever, que é pro mundo que lê "o Cara", minha sala ficar "as clara", que o palanque está mala, e com Freixo ele sonhara, Black Blocs se lasca.

Como diria o Faustão: "Sou do tempo que" Sininho era apenas a fada do bem que ajudava o Peter Pan a voltar pra casa. Pôrraaaa meu, ô loco bicho!"

A propósito, "Odara" na cultura hindu significa "Paz e Tranquilidade", já no Candomblé e Umbanda é um tipo de exu. Que esse exu de "Odara" traga ao menos "sensatez e respeito", a cabeça daqueles que não as têm, sobretudo em possíveis manifestações no Brasil.