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Celso Raeder

Jornalista e publicitário, trabalhou no Última Hora e Jornal do Brasil, é sócio-diretor da WCriativa Marketing e Comunicação

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Caixa 2 é para comprar votos

Sérgio Moro, Rodrigo Janot e Edson Fachin precisam desqualificar o argumento do caixa 2 eleitoral. Dinheiro injetado em campanha política, fora da contabilidade oficial, é para compra de votos. E isso é crime que não prescreve

Sérgio Moro, Rodrigo Janot e Edson Fachin precisam desqualificar o argumento do caixa 2 eleitoral. Dinheiro injetado em campanha política, fora da contabilidade oficial, é para compra de votos. E isso é crime que não prescreve (Foto: Celso Raeder)
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- O senhor poderia dizer como foi gasto o dinheiro não contabilizado que turbinou sua campanha?

- Sim senhor! Paguei líderes religiosos, presidentes de associações de bairros, uma parte foi para a milícia, outra para o tráfico, remunerei cabos eleitorais, gastei muito dinheiro comprando apoio de vereadores, banquei festas, fiz o que tudo mundo faz para se eleger no Brasil. Comprei votos.

Esse diálogo não existe em nenhuma gravação de depoimento dos réus da Lava Jato, mas uma hora esse assunto terá de ser obrigatoriamente abordado. Caixa 2 eleitoral não é tipificado como crime. Mas o uso dado a esse dinheiro, comprando votos no esgoto da democracia, é. Não há outra destinação para essa montanha de "doações" não oficiais das empreiteiras, senão para bancar esse supermercado fisiológico-eleitoral. Quem talvez possa lançar luz à questão é o marqueteiro João Santana. Pergunte a ele se consegue eleger alguém apenas com seu talento e criatividade? O marketing é eficiente para desenvolver estratégias e corrigir rotas. Mas se não entrar o capilé para comprar apoios que se traduzam em votos, nada feito.

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Basta comparar o número de parlamentares eleitos pelo voto de opinião, com aqueles empossados pelo voto financiado com dinheiro de caixa 2, para entender o tamanho desse balcão de negócios que movimenta bilhões de reais de quatro em quatro anos. Um ex-secretário do Cabral, por exemplo, execrado pela opinião pública, aparece misteriosamente eleito com mais de 90 mil votos nas urnas. Essa mágica não é produzida por marqueteiros, por mais competentes que sejam. É a compra de votos - direta ou indireta - que alimenta esse curral sem que os tribunais eleitorais possam fazer nada.

Caixa 2 eleitoral é uma falácia que está colando nessa tsunami de escândalos. A estrutura oficial de uma campanha política não depende de dinheiro não contabilizado, uma vez que esses serviços são comprovados por notas fiscais. Material impresso, produção de programas de rádio e TV, mídias sociais, gastos com combustível, tudo isso está discriminado na prestação de contas dos partidos e dos candidatos. O que não tem explicação contábil é a prática eleitoral subterrânea.

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Nas eleições municipais de 2016 fui contratado por um candidato a prefeito numa cidade do interior de São Paulo. Dinheiro não havia, mas sobrava criatividade na equipe, além do carisma do meu cliente. Com míseros 35 segundos de TV, conseguimos atrair o bombardeio dos nossos adversários, incomodados com as verdades que divulgávamos. Para entender o tamanho da penúria, usei uma câmera de pouco mais de mil reais para fazer programas eleitorais e vídeos para redes sociais. Lógico que perdemos. Mas encarecemos - e muito - a campanha do vencedor. Isso porque não conseguimos uma única alma com representação na sociedade, disposta a caminhar do nosso lado apenas por idealismo. Todos pediam dinheiro. E foram arrumar no caixa 2 do candidato reeleito, que não por acaso está delatado por Marcelo Odebrecht.

Sérgio Moro, Rodrigo Janot e Edson Fachin precisam desqualificar o argumento do caixa 2 eleitoral. Dinheiro injetado em campanha política, fora da contabilidade oficial, é para compra de votos. E isso é crime que não prescreve.

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