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Claudete Costa

Representante dos Catadores e Catadoras de Material Reciclável do Estado do Rio de Janeiro MNCR/RJ. Pré candidata a vereadora (PT) no Rio de Janeiro.

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Candelária nunca mais

Eu, Claudete Costa, sobrevivi àquela madrugada fria de 23 de julho de 1993 quando policiais que deveriam nos proteger, abriram fogo covardemente contra 70 seres humanos

(Foto: paulo jares/editora abril)
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O dia de hoje, 23 de julho de 2020, marca os 27 anos de um dos episódios mais tristes do Rio de Janeiro e do nosso país: a Chacina da Candelária. Eu, Claudete Costa, sobrevivi àquela madrugada fria de 23 de julho de 1993 quando policiais que deveriam nos proteger, abriram fogo covardemente contra 70 seres humanos. Alívio, dor, sorte, benção...reflexão... porque a violência do Estado não parou por aí. Nem começou ali.

Fui moradora de rua na infância e adolescência. Aos 10 anos, comecei a coletar material reciclável na ruas para complementar a renda da família e fiz da coleta seletiva a minha vida. 

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Na Cidade de Deus, onde eu moro, é o lugar onde a maioria das pessoas é digna, trabalhadora e solidária. Pretos, nordestinos, jovens, mulheres, homens, idosos, todos estão inseguros e passando por muitas dificuldades. Alguns receberam o auxílio emergencial do governo, outros nem isso; e estão vivendo a base de doações porque não receberam nenhum o apoio governamental. Mas as operações policiais, essas sim, chegaram durante a pandemia. Voluntários que estavam se expondo ao risco de contaminação por Covid-19 ao entregar cestas básicas e materiais de limpeza nas portas das pessoas filmaram e viralizou na internet. É assim que o Estado chega para nós.

Dados do Instituto de Segurança Pública mostram que em junho de 2020, a letalidade policial caiu 73% (comparada com abril) e atingiu o menor patamar desde 2015, devido a proibição de operações policiais pelo STF. 

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Crime se combate com inteligência, não com mais violência.

Nós, mulheres pretas da favela, não queremos mais temer pelos nossos filhos no trajeto para o colégio por causa de troca de tiros. Não queremos chorar pelas mortes de nossos jovens e crianças. Exigimos que os despejos não aconteçam durante a pandemia como não acontecem nas mansões construídas em áreas ambientais da barra da tijuca. Queremos e lutamos por dignidade!

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É na sororidade das mulheres negras que nos unimos, resistimos e transformamos nossa dor em potência, em liderança, em movimento. 

Fiz da coleta seletiva minha vida e me tornei a primeira mulher representante do Movimento Nacional dos Catadores no Rio de Janeiro graças ao reconhecimento do presidente Lula sobre a importância da dignidade do trabalho dos catadores. Por isso, sou uma mulher de fé, e tenho esperança em dias melhores. Driblando as dificuldade, seguimos em luta, não somente por mim mas pelos que vieram antes de mim e pelos que virão.

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