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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Cármen Lúcia e o roteiro do golpe judiciário

"Sem apoio entre os ministros do STF, Cármen Lucia busca apoio na Globo e demais grupos de mídia para impedir uma decisão coletiva sobre o pedido de habeas corpus a favor de Lula", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247; para PML, "ao realizar manobras burocráticas para impor um ponto de vista individual sobre um tribunal que deve funcionar de forma colegiada, Cármen Lúcia jogou o  STF na mais grave crise de sua história desde os conflitos com Floriano Peixoto, no final do século XIX"; conforme o colunista, "dois anos depois da queda de Dilma, trata-se de completar o golpe de 2016 pelo veto ao mais popular presidente da história republicana"

"Sem apoio entre os ministros do STF, Cármen Lucia busca apoio na Globo e demais grupos de mídia para impedir uma decisão coletiva sobre o pedido de habeas corpus a favor de Lula", escreve Paulo Moreira Leite, articulista do 247; para PML, "ao realizar manobras burocráticas para impor um ponto de vista individual sobre um tribunal que deve funcionar de forma colegiada, Cármen Lúcia jogou o  STF na mais grave crise de sua história desde os conflitos com Floriano Peixoto, no final do século XIX"; conforme o colunista, "dois anos depois da queda de Dilma, trata-se de completar o golpe de 2016 pelo veto ao mais popular presidente da história republicana" (Foto: Paulo Moreira Leite)
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Adversária irredutível do habeas corpus apresentado pela defesa de Lula contra a antecipação da pena, não é de hoje que o país pode perceber que a presidente Cármen Lúcia, do STF, resolveu impor seu ponto de vista sobre o conjunto do tribunal. Quer impedir -- de qualquer maneira -- que o pedido seja examinado pelo plenário.

Só a absoluta falta de compromisso de nossas corporações de mídia com a veracidade dos fatos permite explicar a crise profunda do STF a partir de "pressões" internas e/ou externas sobre Cármen Lúcia. O motor da crise é a presidente.  

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Sem a menor condição de convencer a maioria dos juizes do STF a seguir sua posição, como seria natural em qualquer tribunal que se preze, Cármen Lúcia se empenha numa estratégia ao mesmo tempo bisonha e destrutiva para evitar uma derrota anunciada através de manobras burocráticas, que desmoralizam e desgastam a instituição. 

O esforço implica em  impedir que a mais alta corte do país se reúna para tomar uma decisão – qualquer que seja ela --  que diz respeito às garantias democráticas ligadas ao trânsito em julgado de sentença penal condenatória, definidas no artigo 5 LVII Constituição. Trata-se de um debate que, sabemos todos, tem implicações diretas sobre a eleição presidencial, já que pode garantir a liberdade (até o "transito em julgado") daquele que é hoje o candidato favorito ao pleito de outubro.  

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Ao ficar em minoria no tribunal, Cármen Lúcia assume uma situação que costuma ocorrer sem produzir maiores traumas na maioria dos tribunais do mundo, nos quais a figura do presidente não implica numa posição de mando sobre os demais colegas. Nos Estados Unidos, o cargo de presidente da Suprema Corte tem natureza vitalícia, o que já indica um poder diferenciado em relação aos demais magistrados, enquanto no Brasil a presidência é ocupada pelo sistema de rodízio, com trocas regulares a cada dois anos, o que caracteriza um traço coletivo mais acentuado. Mesmo nos EUA, na hora de tomar decisões, cada juiz vale um voto. Foi assim que, por 5 a 4, George W Bush ganhou a presidência de Al Gore, após um impasse na contagem de votos na Flórida. Em 2012, o Obamacare de Barack Obama só conseguiu sobreviver com uma decisão favorável da Corte Suprema. Embora os republicanos tivessem a maioria de 5 a 4, o presidente John Roberts, indicado pelo republicano George W Bush, deu o voto decisivo a favor do projeto democrata -- sem maiores traumas. 

Ao tentar impor um ponto de vista que recebe um respaldo escancarado da Globo e dos oligopólios de mídia, por razões que é ocioso explicar aqui, mas possui uma sustenção frágil em plenário, Cármen Lúcia ameaça criar a mais grave da história da Suprema Corte desde os conflitos históricos de Floriano Peixoto. Nos dias de hoje, é até impossível saber qual o voto consegue aglutinar um voto a favor de todos eles. Mas já está claro qual o sentido do voto contra –  eles não aceitam cumprir a função de bibelôs numa discussão particularmente relevante para o país, para o Direito e, sem dúvida, para suas biografias.

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A pergunta do dia consiste em saber até onde Cármen Lúcia será capaz de submeter o STF a uma postura que atende a suas convicções pessoais, garante  um intimidante tratamento de estrela por parte da justiça do espetáculo mas é rejeitado pela maioria do colegiado.

O calendário é fácil de prever. Consiste em silenciar o STF de cena até que o TRF-4 retome o julgamento e encaminhe a prisão de Lula, o que criaria uma nova dificuldade a ser revertida do ponto de vista dos direitos e garantias individuais. 

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Numa instituição que deve funcionar coletivamente, a tentativa de impor uma supremacia individual à força, de fora para dentro, só é possível a partir de uma ruptura nas próprias regras do STF, fratura que implica em novo elemento da crise de um poder já alimentado por guerras e disputas abertas, muito além de qualquer legitimidade. 

Não é coincidência que o ponto chave envolva uma forma truculenta de excluir o principal líder político da campanha presidencial de 2018. Por isso a guerra é grande. Dois anos depois da queda de Dilma sem crime de responsabilidade, trata-se de completar o golpe pelo veto ao mais popular presidente de nossa história republicana.

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