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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Cartão vermelho para Alexandre de Moraes

"Os 15 minutos de má fama do ministro Alexandre de Moraes estão chegando ao fim agora que, depois de cometer várias barbeiragens no governo foi denunciado por receber 4 milhões de reais de empresa investigada na Operação Acrônimo, por serviços de advocacia", diz o colunista Alex Solnik;  "As relações suspeitas com uma empresa mais suspeita ainda forneceram pretexto definitivo: tem que sair do governo para ter tempo de se defender das acusações"

Brasília- O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes e o presidente interino Michel Temer participam da posse do novo defensor da Defensoria Pública da União, Carlos Eduardo Barbosa Paz (Valter Campanato/Agência Brasil) (Foto: Alex Solnik)
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Os 15 minutos de má fama do ministro Alexandre de Moraes estão chegando ao fim agora que, depois de cometer várias barbeiragens no governo foi denunciado por receber 4 milhões de reais de empresa investigada na Operação Acrônimo, por serviços de advocacia.

   Nem nomeado deveria ter sido, tal a sua má fama enquanto foi secretário de Segurança Pública de Alckmin em São Paulo, onde ficou conhecido por reprimir com violência manifestações de estudantes desarmados.

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   Era a cara repressora do governo tucano.

   Temer errou ao entregar a Justiça a uma pessoa com esse perfil.

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   Devido às circunstâncias em que assumiu o razoável seria mandar mensagem de pacificação aos brasileiros e não de truculência.

   Ainda mais no ministério da Justiça.

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   Mas Temer optou pela segunda.

   Conseguiu, com isso, contaminar seu governo com a fama do ministro e levantar suspeitas de que ficaria mais à direita do que supunha a vã filosofia.

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   Talvez ele tenha adotado o modelo dos porões da ditadura onde os torturadores atuavam em dupla. Um era o mau e o outro, bonzinho.

   Comparado com o mau, o bonzinho seria ele.

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   Não deu certo. Moraes mostrou ser, desde o começo, o ministro que nenhum governo deseja ter.

   Trocou a sobriedade e liturgia do seu cargo por uma atuação midiática em que seu physique-du-rol – facilmente identificado com membros do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) ou adeptos de Mussolini – não ajudava em nada.

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   Louco por holofotes tentou atrair para si todas as atenções ao anunciar que havia desbaratado plano terrorista de atentado durante a Olimpíada.

    Com o que em vez de trazer sensação de segurança produziu temores e dúvidas e afastou uma boa parcela de turistas potenciais.

   Mas não parou por aí. Não resistiu à tentação de passar adiante um segredo da Lava Jato, antecipando, num final de semana, operação que seria realizada na semana seguinte.

   Voltaram os comentários de que Temer estaria controlando a Lava Jato. O ministro levou um pito. A julgar pelo discurso na primeira reunião ministerial após a posse, o presidente deve ter mandado que escrevesse no quadro negro cem vezes a frase “nunca mais vou anunciar qualquer coisa sem antes comunicar ao presidente”.

   Temer recebeu de bandeja dois bons motivos para se livrar dele.

   A vitória de João Dória em São Paulo marcou o início da campanha de Alckmin a presidente da República, do que Temer não deve ter gostado. Nada melhor do que devolver a Alckmin o presente de grego. Toma que o ministro é teu.

   As relações suspeitas com uma empresa mais suspeita ainda forneceram pretexto definitivo: tem que sair do governo para ter tempo de se defender das acusações.

   O governo pode querer tirar o país do “vermelho”, pode até proibir o vermelho, mas não tem jeito: Temer tem que dar cartão vermelho para um dos baluartes da batalha contra "os vermelhos".    

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