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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Caso Flávio já ronda o Planalto e ameaça governo de Bolsonaro

Para Ribamar Fonseca, colunista do 247, diante do desmoronamento do governo Bolsonaro, "a fábrica de fakenews que elegeu o ex-capitão voltou a funcionar a pleno vapor", numa tentativa de atenuar os estragos na imagem do presidente provocados, entre outras coisas, pelo caso do senador eleito Flavio Bolsonaro, que estaria envolvido com as milícias do Rio de Janeiro; Ribamar traça um paralelo com os Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump, "também produto de fakenews nas redes sociais, começa a desmoronar: ao que parece, Steve Bannon, o estrategista da eleição de Trump e Bolsonaro, só ensinou como chegar ao poder mas não como manter-se nele"

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Diante do desmoronamento do governo Bolsonaro, que parece estar chegando ao fim antes de ter começado, a fábrica de fakenews que elegeu o ex-capitão voltou a funcionar a pleno vapor, numa tentativa de atenuar, junto aos seus eleitores, os estragos em sua imagem provocados, entre outras coisas, pelo caso do seu filho, o senador eleito Flavio Bolsonaro, que, segundo as últimas notícias, estaria envolvido com as milícias do Rio de Janeiro. Para completar, o novo presidente produziu um vexame em Davos, onde foi duramente criticado pela imprensa mundial não apenas por seu fraco discurso de apenas seis minutos como, também, por sua fuga da entrevista marcada pelos organizadores do evento. Precisamente pela falta de preparo para enfrentar os questionamentos é que o ex-capitão prefere o monólogo, razão porque fez sua campanha através das redes sociais e fugiu do debate na televisão. E esse comportamento se reflete no seu governo que, a esta altura, se mostra despreparado para gerir os destinos de um país-continente como o Brasil.

As mentiras voltaram a ser espalhadas com incrível rapidez pelas redes sociais, especialmente pelo WhattsApp, com acusações ao PT pelas dificuldades que o capitão-presidente está enfrentando. Essas fakenews já não produzem hoje o mesmo efeito verificado na campanha eleitoral, porque muita gente já começou a ver com mais nitidez o verdadeiro Bolsonaro, mas o número dos que ainda acreditam nessas postagens é muito grande porque, imbecilizados pela mídia tradicional, perderam a capacidade de raciocinar e, por via de consequência, de discernir sobre a mentira e a verdade. De qualquer modo, o panorama hoje é outro, bem diferente do existente em 2018 e, portanto, o expediente usado por Bolsonaro para chegar ao poder já não produz o mesmo efeito e muitos dos seus eleitores já admitem o equívoco. O mesmo fenômeno está acontecendo nos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump, também produto de fakenews nas redes sociais, começa a desmoronar. Ao que parece, Steve Bannon, o estrategista da eleição de Trump e Bolsonaro, só ensinou como chegar ao poder mas não como manter-se nele.

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Talvez a próxima cirurgia do Presidente para eliminação da bolsa higiênica possa lhe dar um fôlego, amenizando ligeiramente a sua situação, mas não produzirá o mesmo resultado do atentado de que foi vítima durante a campanha eleitoral, que multiplicou os seus votos, até porque um documentário que circula no youtube questiona a veracidade da agressão que, segundo os autores do filme, teria sido uma grande farsa. Bolsonaro, no entanto, apesar do esforço, sobretudo dos militares, para blindá-lo, terá de manifestar-se sobre o caso do filho Flávio que, a cada dia que passa, mais se complica diante de novas descobertas sobre suas ligações com bandidos. E não adianta defender o seu “garoto” acusando a imprensa de, através dele, tentar atingi-lo, porque essa estratégia não está conseguindo convencer nem mesmo os integrantes militares do seu governo, que insistem numa investigação mais profunda, inclusive com o impedimento de Flávio de assumir seu mandato no Senado para não prejudicar as negociações para aprovação das reformas.

Percebe-se, sem muita dificuldade, que Bolsonaro, no presente caso, terá de dissociar a sua figura de pai da de Presidente para posicionar-se diante dos fatos graves denunciados, que já rondam o Palácio do Planalto e podem ser o começo do fim do seu governo. O seu vice, general Hamilton Mourão, no exercício da Presidência procurou conquistar a simpatia da imprensa, não apenas por sua solicitude nas entrevistas aos jornalistas como, também, por suas posições opostas ao titular, notadamente nas questões internacionais, parecendo estar inteiramente à vontade se for preciso substitui-lo. Na essência, porém, ele não difere muito do capitão-presidente pois, na interinidade, assinou decreto que, na prática, acaba com a Lei de Acesso à Informação, credenciando chefes e assessores para, a critério deles, declararem documentos sigilosos. Com isso Mourão fechou as portas para o acesso às informações da máquina pública, garantindo o sigilo sobre tudo o que acontece nas entranhas do governo, o que permite seja escondido dos olhos do povo as ações suspeitas. Ou seja, acabou a transparência, o que, obviamente, facilita as mutretas.

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O imbróglio do filho do Presidente, por outro lado, também está deixando mal os ministros Sergio Moro, da Justiça, e Luis Fux, do Supremo Tribunal Federal, o primeiro, que ficou famoso como paladino do combate à corrupção e caçador de petistas, porque mergulhou num silêncio ensurdecedor sobre o episódio; e o segundo porque determinou a suspensão das investigações do Ministério Público do Rio de janeiro sobre as ligações perigosas do senador eleito. Acredita-se que se tais investigações não fossem suspensas já poderiam ter sido descobertas muito mais tretas nessa relação entre Flávio Bolsonaro, o ex-assessor Fabrício Queiroz e o crime organizado no Rio. Muitos questionamentos a respeito já começam a ser feitos dentro do mundo jurídico. Tudo leva a crer que o relator da ação movida por Flávio, ministro Marco Aurélio Mello, anulará a decisão de Fux, permitindo que o MP carioca prossiga em suas investigações, o que pode agravar ainda mais a situação do primogênito do Presidente que, a julgar pelo andar da carruagem, pode, inclusive, vir a perder o mandato. A esta altura dos acontecimentos, diante das repercussões negativas do caso, com graves danos à imagem do novo presidente, tudo pode acontecer.

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