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Pedro Simonard

Antropólogo, documentarista, professor universitário e pesquisador

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Castelos de cartas das esquerdas na América Latina

É chegada a hora das forças de esquerda no Brasil, no Chile, no Equador, na Argentina e em toda a América Latina, África e Ásia seguirem o exemplo de Cuba, Venezuela e Irã e entenderem que as classes dominantes do capitalismo periférico são inimigos internos a serviço dos países imperialistas

(Foto: Foto: Pablo Nacer (Brasil 247))
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No dia 1 de novembro publiquei nesta coluna um artigo sobre a democracia como instrumento de dominação burguesa no qual afirmo que a burguesia muda as regras do jogo democrático a seu bel prazer e de acordo com seus interesses. Neste artigo tratava do governo do Evo Morales, entre outras coisas (A democracia representativa como instrumento de poder da burguesia https://www.brasil247.com/blog/a-democracia-representiva-como-instrumento-de-poder-da-burguesia). Nove dias após sua publicação, o governo de Evo Morales foi destituído por um golpe de Estado no qual houve sequestro de parentes de autoridades bolivianas, incêndio criminoso nas casas de algumas dessas autoridade e cenas de barbárie e selvageria. A burguesia imperialista não brinca em serviço. 

A Bolívia foi a bola da vez devido a alguns fatores entre os quais ter descoberto jazidas de lítio estimadas em 100 milhões de toneladas. O lítio é metal fundamental para a geração de energia para baterias que alimentarão carros elétricos e outros dispositivos que movem e moverão a economia do mundo. A Bolívia possui 50% das reservas mundiais deste metal. A Argentina que abra seu olho: Bolívia, Chile e Argentina são donos de 75% de todas as reservas mundiais de lítio. Os dois primeiros países já se encontram sob o controle do imperialismo mundial. Só falta a Argentina. 

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Em janeiro de 2009, Barack Obama lançou um plano de eficiência energética que prevê um alto investimento para a pesquisa e desenvolvimento de baterias mais eficientes e duradouras e é aí que entra o lítio: ele é uma espécie de “maná energético” do futuro e controlar suas jazidas tornou-se estratégico. As reservas descobertas no deserto de sal boliviano prometem gerar uma enorme corrida do ouro para esta região. 

Novamente um país é atacado pelo imperialismo por causa de reservas de commodities importantes para a geração de energia: Iraque, Afeganistão, Síria, Brasil e Bolívia só para lebrarmo-nos de alguns. No dia 10 de novembro notícias davam conta de que o Irã descobriu um novo campo de petróleo com reservas estimadas em 53 bilhões de barris. Pode ser que os países imperialistas comecem a pensar seriamente que é hora de “libertar” o Irã da “ditadura fundamentalista” e queiram levar a “democracia” para lá. Acho difícil porque o Irã, assim como Cuba e Venezuela, já se deu conta de que sua classe dominante age como traidora do povo e como inimigo interno. Estes três países tomaram providências para manterem sob controle esses traidores, apesar de terem que enfrentar embargos econômicos que impõem obstáculos ao seu desenvolvimento.Uma medida comum adotada tanto por Venezuela quanto por Cuba e Irã foi a formação de milícias ligadas ao Estado que são acionadas em caso de necessidade. Estas milícias desempenham a importante função de contra-poder às forças armadas e podem ser acionadas em caso de rebelião destas. 

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No caso dos países latino-americanos, as forças armadas são intituições que não se sentem obrigadas a mostrar nenhuma solidariedade ao povo e ao Estado nacional e os  traem por qualquer motivo torpe de maneira natural. Está em seu DNA. Para modificar esta situação, os governos populares têm que modificar conteúdo ministrado aos alunos das academias militares de maneira a buscar substituir o conteúdo entreguista, fascista e antinacionalista predominante nestas instituições por outro nacionalista e popular.

Todos os governos de esquerda depostos na América Latina nos útltimos dez anos caíram com um sopro, sem luta, como castelos de cartas abalados pelo simples balanço de uma mesa. O lobo mal imperialista soprou forte e eles desabaram. 

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Querendo evitar um possível banho de sangue, estes governos capitularam sem lutar. Contudo, o banho de sangue não é evitado porjá que os regimes autoritários que ascendem ao poder em substituição aos governos depostos iniciam seja um processo feroz de perseguição aos oponentes, seja a implementação de políticas econômicas que jogam os trabalhadores no desemprego, no desespero, na fome, na miséria, na informalidade, causando a morte de milhares deles.

Os governos capitulam porque são formados por aqueles que não têm muito a perder devido ao fato de estarem empregados, comerem três vezes ao dia e morarem em casas confortáveis, mas os trabalhadores, aqueles que têm muito a perder, inclusive suas vidas, não o fazem porque não querem abrir mão do pouco que conquistaram durante os governos “populares”. Como ocorreu no Chile, no Equador e, agora, na Bolívia, este povo corajoso parte para o confronto armado de paus, pedras, coquitéis molotovs contra armas pesadas que a direita fascista não tem o menor pudor em utilizar. Aquele banho de sangue que os que capitularam queriam evitar se torna realidade neste confronto com o detalhe que o povo enfrenta os fascistas sem o apoio daqueles que capitularam.

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Notícias recentes dão conta de que colunas de indígenas e de camponeses marcham para La Paz em solidariedade ao governo deposto. Marcham com suas ferramentas de trabalho em direção aos fuzis dos soldados das forças armadas bolivianas e das forças policiais. Oxalá alcancem sucesso.

É chegada a hora das forças de esquerda no Brasil, no Chile, no Equador, na Argentina e em toda a América Latina, África e Ásia seguirem o exemplo de Cuba, Venezuela e Irã e entenderem que as classes dominantes do capitalismo periférico são inimigos internos a serviço dos países imperialistas. Estas classes dominantes se locupletam graças ao controle do aparelho do Estado. Seus negócios, suas fábricas, seus bancos vivem do assalto ao dinheiro do povo e só existem graças a isto. Não são nacionalistas, têm ódio ao povo a quem tratam como seus serviçais. É preciso que os trabalhadores instaurem governos onde os investimentos em ensino, ciência, tecnologia, inovação, infra-estrutura, saúde e em todos os setores que movem a economia sejam feitos pelo Estado que, este sim, executará o papel primordial de indutor do desenvolvimento econômico, social, cultural, papel este que as classes dominantes entreguistas se recusam a desempenhar, preocupadas que estão em servir servilmente aos interesses do imperialismo. Este Estado deve representar os instereses de diferentes segmentos de classe, sobretudo os da classe trabalhadora, garantindo a liberdade de manifestação política, cultural e religiosa.

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