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Jean Menezes de Aguiar

Advogado, professor da pós-graduação da FGV, jornalista e músico profissional

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CDH – um ano de Feliciano, um ano de atraso e obscurantismo

Se algum partido político sério não retomar a questão dos direitos humanos no Brasil, no Legislativo, e não higienizar a Comissão dessa sanha feliciana e mesmo moralista religiosa, o país terá perdido um grande foro de debate

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À frente da Comissão de Direitos Humanos, Marco Feliciano, deputado por um partido "cristão" de São Paulo, deixa sua marca de ódio às diferenças e fundamentalismo às crenças e opções não semelhantes às suas. O saldo aparece agora, quando o PT ensaia retomar a Comissão para lhe dar uma feição técnica e não moralista como a que passou a ter.

Feliciano, com seu histrionismo ideológico em relação a gays homens – não a prostitutas, lésbicas ou mulheres -, conseguiu apor à Comissão algumas marcas. A marca de perseguição, em contraposição à de fraternidade. A marca de disjunção, em contraposição à de inclusão. A marca de diferença, em contraposição à de igualdade. Ou seja, tudo que a Constituição de 1988 garantiu à sociedade ele tentou fazer contra. Ao invés de a Comissão buscar somar, pela proteção e aceitação de todos, buscou dividir, segregar.

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A segregação desse Feliciano, como muitas segregações na história, foi ideológica e crencial, não apenas funcional. Seu problema com gays transpareceu não ser, por exemplo, apenas uma pauta religiosa e obscurantista da sua crença, algo que lhe seria heterônomo. Perceberam-se ali entranhas pessoais, íntimas e verdadeiras. Ele acredita que o gay tem que ser curado, convertido.

Mas ele não está só. Esta cepa mental retrógrada, quando autêntica; ou vigarista, quando interesseira, é mais comum de o que se pensa. Ela é retrógrada quando o sujeito verdadeiramente crê nela, como o deputado. Ela será vigarista quando o agente aceita o discurso por um proveito econômico, social ou político. Não foi, este, o caso de Feliciano. Ele não é, nisso, um mentiroso. Ele tem o seu ódio-sobrancelha-feita-e-unhas-pintada como algo próprio, seu, íntimo e verdadeiro. Ele produz isto, autenticamente. Daí ter vincado à Comissão de Direitos Humanos a marca da Comissão Gay, no sentido da perseguição.

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Se algum partido político sério, qualquer um que seja – já não interessa mais-, não retomar a questão dos direitos humanos no Brasil, no Legislativo, e não higienizar a Comissão dessa sanha feliciana e mesmo moralista religiosa, o país terá perdido um grande foro de debate. Também há que se conter no Poder Público brasileiro, com Estado laico, essa mania malandra e altamente capitalista de bancada "religiosa". A Comissão precisa olhar para outras pautas, laicas e mundanas, verdadeiras e próprias da sociedade, minorias, miseráveis, dificuldades sociais que parecem ter sido simplesmente esquecidas. A Comissão se calou, morreu.

Pouco interessa se esse Feliciano vai duplicar seus eleitores na própria eleição, como profetizou seu companheiro Malafaia, outro distribuidor televisivo de ódio e rancor. O Poder já é cheio de pessoas esquisitas, malucas, rancorosas e nada honestas, como os escândalos semanais mostram na imprensa. Uma esquisita a mais, em que cargo for, não fará diferença.

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A sociedade brasileira é espetacular em ter se acostumado a ver a esdruxularia política com uma gente desprezível. Essa convivência e "perdão" da sociedade para com essa gente é algo admirável. Mas esta mesma sociedade precisa se insurgir quando uma Comissão de Direitos Humanos é tomada espiritualmente por mentes infames e atrasadas, religiosas e moralistas. Afinal, há necessitados que precisam da voz da Comissão.

Do blog Observatório Geral

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