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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Celso Amorim diz que o melhor para o Brasil, dado o quadro atual, é ficar quieto

Para o chanceler, a grande preocupação é que a situação de tensão acontece quando o Brasil tem sido visto pelo mundo como um país que “está muito pequeno”. “Nessas circunstâncias, o máximo que se pode esperar é que o Brasil adote uma atitude de moderação, evitando alinhamento que nos possa causar problemas econômico-comerciais, políticos e, no limite, de segurança”, diz ele

Celso Amorim: a caça às bruxas no governo Bolsonaro
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia - O ex-chanceler Celso Amorim classificou o ataque que aconteceu na madrugada desta sexta-feira (03/01/2020) executado por ordem do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - conforme foi confirmado pelo Pentágono -, como “muito grave. Gravíssimo”.

A morte do comandante das Forças Quds (unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã), Qassen Soleimani, atingido por um míssil nas proximidades do aeroporto de Bagdá, aumenta a tensão na região, agita o mundo e terá consequências imprevisíveis. No mesmo ataque morreu o número dois da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, comandante das Forças de Mobilização Popular (FMP) Abu Mahdi al-Muhandis e deixou pelo menos mais oito pessoas da mesma comitiva. Soleimani, que liderava as Forças Quds desde a década de 1990, era a figura mais reverenciada das Forças Armadas do Irã e uma das autoridades de mais alto nível do país. 

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Para o chanceler, a grande preocupação é que a situação de tensão acontece quando o Brasil tem sido visto pelo mundo como um país que “está muito pequeno. Eu não gostaria de usar essas palavras, mas não tenho outras. O Brasil, sim, está pequeno”.

Amorim que atuou em comissões e três painéis do Conselho de Segurança da ONU durante a crise da era Clinton, no Iraque, e que ficou conhecida como: “Raposa do Deserto”, descarta a semelhança entre os dois acontecimentos, e adverte que o melhor para o Brasil, no momento, é “ficar quieto. Hoje ele não pode ter uma atuação desse tipo”.

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Amorim lembra que “o Brasil é um país de peso cuja voz sempre em favor da paz e do diálogo era ouvida. Participamos ativamente de mediações internacionais, inclusive por ocasião da operação Raposa do Deserto, em 1998/1999, depois do ataque anglo-americano ao Iraque e em questões complexas como a Declaração de Teerã sobre o programa nuclear iraniano juntamente com a Turquia e o próprio Irã, em 2010. Mas esta crise é muito mais grave que as anteriores e o Brasil desde o golpe contra Dilma, e especialmente no atual governo de JMB, se apequenou diplomaticamente. Plagiando o Eduardo Portella, o Brasil não é pequeno (como querem alguns), mas “está pequeno”. Nessas circunstâncias, o máximo que se pode esperar é que o Brasil adote uma atitude de moderação, evitando alinhamento que nos possa causar problemas econômico-comerciais, políticos e, no limite, de segurança.”

O chanceler pontua as diferenças entre o episódio em que atuou como mediador, (em 1998/99) e a situação de agora. “Isto foi um ataque anormal de uma personalidade de estado, por um outro estado, sem declaração de guerra. É diferente de um 11 de setembro, em que os Estados Unidos vão atrás de um Bin Laden porque o Bin Laden era um terrorista declarado. Neste caso é a maior potência do mundo atacando uma pessoa que não foi condenada pelo Conselho de Segurança (da ONU) ou nenhum órgão internacional. Que me conste, ele pessoalmente não estava sob nenhuma sanção da ONU”. 

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Em sua opinião, no quadro atual, sem a possibilidade de participar como mediador ou de ter uma atuação desse tipo, “o melhor é ficar de fora, porque a outra possibilidade com esses caras é o Brasil apoiar os Estados Unidos de maneira alinhada e submissa. Seria um desastre econômico e comercial e até com complicações – eu não sei se estou exagerando, mas complicações com segurança, porque você não sabe os desdobramentos que uma atitude desta pode ter”. 

Voltando à questão “Raposa do Deserto”, em que teve participação efetiva nas ações de moderação, diz que “esse caso agora é muito mais grave. Muito mais grave”. Naquela época, segundo ele, “as pessoas condenaram os Estados Unidos terem agido, mas o objeto em si não era uma coisa assim tão condenável porque o Iraque estava sob sanções, havia alegação de que o Iraque estava desrespeitando as regras da ONU... Esta é uma decisão puramente unilateral. O Conselho de Segurança não discutiu, não fez nada”.

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Levando em conta o “estilo” do atual ministro das Relações Exteriores do Brasil, Amorim considera que o melhor que ele tem a fazer é “olhar para o secretário da ONU, ver o que ele está fazendo... Porque o secretário geral da ONU tem que pesar muitos fatos. Não pode agir só como ele acha que é certo. Ele não vai, certamente, brigar com os Estados Unidos, frontalmente, que é o maior contribuinte, ainda. Também não vai brigar com a China... Então o melhor que a gente tem que fazer, dado o governo que é, sem credibilidade como ele é, melhor é ficar quieto. É o melhor que o Brasil pode fazer nesse momento”, atesta.

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