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Fernando Horta

Fernando Horta é historiador

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Cem anos até janeiro

O governo Bolsonaro ficará conhecido como o “governo dos cem anos”. O Brasil retrocedeu em todas as áreas que analisarmos

Lula e Bolsonaro (Foto: Ricardo Stuckert | REUTERS/Ueslei Marcelino)
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O governo Bolsonaro ficará conhecido como o “governo dos cem anos”. O Brasil retrocedeu em todas as áreas que analisarmos. A ideia sobre a Amazônia voltou a antes das do Marechal Rondon, o manejo da nossa economia retornou a antes de 1930, nossa educação retornou a antes do governo Vargas ... Para qualquer lado que se olhe o retrocesso de cem anos é um argumento defensável.

Além disso, no que tange ao trato sobre a informação, também retrocedemos. Toda informação que possa prejudicar o governo (como denúncias de corrupção, prevaricação, advocacia pública, tráfico de influência ou indícios do mau uso do dinheiro público recebem – do governo ou por ordem dele – o famoso “sigilo de 100 anos”. Como o PGR se encontra num “sono de cem anos”, parece que nada se opõe ao absurdo da sonegação da informação pública que a atual administração fez prática corrente. Fico me perguntando quantas vidas foram prejudicadas durante a pandemia quando o Ministério da Saúde do General Pazuello passou a sistematicamente boicotar as informações de saúde pública sobre o vírus e mortes no Brasil. Pazuello que também foi beneficiado com o “sigilo de cem anos” sobre o processo administrativo aberto contra ele a partir das condutas ilegais de um militar da ativa fazendo política.

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Se Hitler imaginava que o III Reich duraria 1000 anos e Mussolini falava na “Roma eterna”, nosso fascista também tem problemas com relação a sua referencial temporal. Bolsonaro gostaria, por óbvio, governar vitaliciamente. Seria uma forma de esconder a sua corrupção e de seus filhos, e uma garantia de que ele mesmo se manteria fora da cadeia. O povo, contudo, não colabora. Infelizmente o povo brasileiro tem uma estranha mania de gostar de comer ao menos uma vez por dia. Algo que não tem acontecido no governo dos “cem aos de sigilo”.

Cem anos de sigilo impostos ao processo sobre a morte – numa câmara de gás improvisada numa viatura da polícia – de Genivaldo. Em pouco tempo as investigações sobre a morte de Dom e Bruno também vão receber a mesma situação. Os gastos mensais milionários do cartão corporativo de Bolsonaro também foram pelo mesmo caminho: “cem anos de sigilo”. Eu apostaria que Bolsonaro vai fazer “denúncias” sobre as urnas eletrônicas que gerarão um “processo” que também será colocado em “cem anos de sigilo”. O escárnio e o absurdo são marcas deste governo tanto quanto o retrocesso e a corrupção. Militares e religiosos se mostraram corruptos de monta igual ou pior do que os políticos do centrão. Centrão que, aliás, vive de um “orçamento secreto” que sequer o STF – mesmo tendo ordenado – não consegue tornar público.

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Ainda antes de sair do governo, Bolsonaro vai decretar mais dezenas de “sigilos de cem anos” sobre questões que sequer ainda sabemos.

O lado bom disso é que em função da boa memória do povo brasileiro teremos o interessante caso de cem anos passando até janeiro. Se Bolsonaro impõe um sofrimento nacional que parece efetivamente estar durando cem anos, o povo brasileiro – que ainda se lembra da vida que tinha no governo Lula – lhe dará vitória no primeiro turno. Sofreremos um século em pouco mais de cem dias que faltam até 1º de janeiro, mas o fascista verá TODOS os seus decretos de sigilo caírem em janeiro, para o início das investigações que, tomara, levem a ele, seus filhos e seus apoiadores diretos para a cadeia. Talvez fosse o caso de mudarmos o Código Penal para permitir prisão de cem anos. E cem anos seriam pouco para todo o sofrimento que Bolsonaro impôs ao país.

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