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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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Chacina de Campinas é um grito contra política de Bolsonaro

"Assassinato de cinco inocentes no fim de uma missa em Campinas coloca em questão a proposta de liberação de armas, um dos pontos principais do programa de Jair Bolsonaro", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia; "Nos Estados Unidos, país que inspirou a proposta do presidente diplomado, estatísticas do FBI mostram que, para cada pessoa morta quando cometia um crime, 34 foram assassinados sem motivo algum. Num país onde é possível encomendar fuzil metralhadora pelo Correio, eram pessoas que estavam na hora errada, no lugar errado", diz PML

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Por Paulo Moreira Leite, para o Jornalistas pela Democracia - O assassinato de quatro pessoas no fim de uma missa na Catedral de Campinas, uma das grandes cidades de São Paulo, só pode surpreender quem faz questão de manter-se desinformado.

Sabemos que é muito agradável imaginar que se poderia resolver problemas sociais gravíssimos – como a violência urbana – através de medidas instantâneas e espetaculares.

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Num país que acaba de assistir a eleição de um candidato a presidente que fez campanha pela liberação da venda de armas -- favorecendo o aumento da violência para combater a violência -- a chacina ajuda lembrar que essa essa visão deve ser enfrentada como prioridade. Antes que ocorram novas tragédias – todas previsíveis.  

Quem imagina que a liberação da venda de armas pode produzir resultados benéficos a sociedade, só precisa prestar atenção a um levantamento do Centro de Políticas de Violência, publicado recentemente pelo Washington Post, um dos grandes jornais dos Estados Unidos.

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Na contracorrente da maioria dos países desenvolvidos, os EUA possuem uma das mais liberais políticas de vendas de armas no planeta, que permite a um cidadão comum encomendar até fuzis pelo correio.

Embora ali o comércio de armas costume se proteger com ajuda de mitos que remetem a guerra pela independência, ainda no século XVIII, a justificava moral é um argumento decisivo em nossa época.

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Consiste em dizer que os cidadãos honestos – ou “pessoas de bem”, como se aprende na novilíngua do presidente diplomado – tem o direito de se defender de criminosos e assassinos. Na dúvida, impera a fórmula de um futuro ministro, segundo a qual “direitos humanos valem para humanos direitos”.

O problema é que a realidade nem sempre corresponde aos estereótipos.  É assim que Euler Fernando Gandolpho, 48 anos, que cometeu suicídio depois de matar quatro pessoas no final da missa, era um publicitário que morava com o pai, num condomínio em Valinhos, nas vizinhanças cidade. Não há registro de que tenha cometido qualquer infração grave, muito menos um crime. Apenas que sofria de depressão profunda, já tendo se submetido a diversos tratamentos.

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É aí que entra o estudo publicado pelo Post. Citando dados de homicídios do FBI, descobriu-se que ocorreram 8.855 homicídios por armas de foto nos EUA apenas no ano de 2012. Desse total, apenas 258 foram considerados, pela polícia, como homicídios justificáveis, que podem ser definidos como “assassinato de um criminoso, durante a prática de um crime, por um cidadão”.

A conclusão desse estudo é alarmante: para cada pessoa morta quando cometia um crime,  34 inocentes foram assassinados -- homens, mulheres e jovens que estavam na hora errada, no lugar errado e foram assassinados sem qualquer justificativa. O estudo também aponta para um aumento no caso de suicídios – e basta acompanhar a narrativa da maioria das chacinas para se reconhecer que muitas vezes se trata da cena final de uma sequencia de atos de violência.

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Como aconteceu com os quatro brasileiros mortos no fim da missa, em Campinas. Ou com o filho de um casal de integrantes da PM de Goiânia que matou dois colegas e feriu quatro, no ano passado. Ou ainda em 2011, um antigo aluno entrou numa escola no Realengo, no Rio. Matou onze crianças, feriu treze e suicidou-se. Se essas dolorosas tragédias ocorrem num país que conserva um controle na venda de armas, imagine o que irá ocorrer com a liberação do comércio.

Alguma dúvida?   

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