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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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Chile: pois é, não deu. Deu não...

"A direita, que já tinha maioria na Câmara de Deputados e empatava no Senado, saiu inegavelmente fortalecida", diz Eric Nepomuceno

Votação no plebiscito para a nova Constituição do Chile (04/09) (Foto: Twitter/Servicio Electoral)
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Por Eric Nepomuceno, para o 247 

Na verdade, foi uma surpresa acachapante, por mais que as pesquisas indicassem o resultado negativo. O placar de 62 a 38 para recusar o texto da nova Constituição chilena superou as mais pessimistas visões dos derrotados e as mais otimistas dos vitoriosos.

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Com isso, o Chile contina debaixo da Constituição herdada do regime sanguinário de Augusto Pinochet. E o governo esquerdista de Gabriel Borric, que mal chegou ao sexto mês, saiu abalado.

Há consenso de que uma nova Constituição deverá ser redigida e proposta à população. José Antonio Kast, o candidato da extrema-direita derrotado por Boric nas eleições do ano passado, é das poucas exceções que defendem a manutenção da Constituição dos tempos de Pinochet.

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Assim que o resultado foi divulgado, Boric fez um pronunciamento convocando o diálogo e a abertura de um novo processo constituinte. Desta vez, porém, o novo texto será elaborado no Congresso, e não haverá, como no caso da Constituição rejeitada no domingo, um grupo de parlamentares reunidos com a missão específica de redigir o texto.  

A direita, que já tinha maioria na Câmara de Deputados e empatava no Senado, saiu inegavelmente fortalecida. Com isso, deve-se esperar intensos debates na construção do novo texto.

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A forte campanha da direita, do empresariado e do agro-negócio contra a aprovação do texto teve lances insólitos. Nas redes sociais foram espalhadas um sem-fim de mentiras, dizendo, por exemplo, que o texto proposto terminaria com a propriedade privada, ou daria aos indígenas o poder de decidir onde haverá ou não mineração e agricultura.   

Embora defendendo a necessidade de um novo texto constitucional, essa direita fez de tudo para enterrar o que veio de uma Assembleia Constituinte peculiar: foi a primeira, em todo o mundo, a impor paridade entre seus integrantes, ou seja, equilíbrio entre homens e mulheres, e abrindo espaço para os povos indígenas. Deu no que deu.

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Como acontece em ocasiões assim, os buscadores de explicação variam entre os que apontam graves erros de comunicação em defesa do texto recusado e os que mencionam o desgaste sofrido por Boric graças à pressão dos que cobram medidas radicais impossíveis de serem adotadas em tão pouco tempo de governo.  

Há também quem critique o número de artigos da Constituição recusada – quase quatrocentos –, alguns dos quais, como os que tratam de meio-ambiente, considerados radicais.

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Gabriel Boric entra agora em uma nova batalha. Em seu pronunciamento após o resultado das urnas, ele se comprometeu a construir “em conjunto com o Congresso e a sociedade civil um novo texto que interprete a grande maioria cidadã”.

Resta ver o que o Congresso pretende fazer. Até lá, vale a Constituição pinochetista, que apesar de todas as reformas que teve nos últimos anos continua, em especial no que se refere à economia e aos direitos sociais (praticamente inexistentes), valendo. E o Chile continua sendo o paraíso dos ultraliberais, tipo o nosso Paulo Guedes.

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Enquanto isso, Boric terá de reformular seu governo, abrir novas frentes de negociação e diálogo com aliados e oposição.  

Serão novos tempos – novos e tensos – no país de Salvador Allende.

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