CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
William Robson Cordeiro avatar

William Robson Cordeiro

Jornalista, músico e Professor. Doutor em Jornalismo pela UFSC e mestre em Estudos da Mídia (UFRN)

43 artigos

blog

"Ciristas" não existem

Ciro tem uma das retóricas mais fantásticas da política brasileira. Inteligente, apresentou uma proposta importante de combate ao bolsonarismo efervescente. O tempo foi mostrando que a luta de Ciro e dos "ciristas" era demogógica. Seria protagonizar a oposição, atingindo o PT. Queriam o protagonismo sem voto e com o PT escanteado

"Ciristas" não existem
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Não há muito tempo percebemos que a insanidade de parcela dos eleitores brasileiros não era atributo apenas daqueles que apoiaram a candidatura antipovo do Jair Bolsonaro. Os bolsonaristas não estavam sós entre eles. Estavam acompanhados dos chamados "ciristas" ou, em outras palavras, protodireitistas com verniz de social-democratas.

Sem a necessidade de esforçar tanto a memória, vimos este grupo de insanos, com apoio informal ao Bolsonaro, crer que somente o Ciro Gomes era capaz de deter a onda fascista no segundo turno das eleições. A insanidade a que me refiro estava relacionada a uma simples equação: para vencer alguém no segundo turno, era necessário passar pelo primeiro.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Esta ânsia cirista foi baseada em pesquisas de opinião, cuja estabilidade era afetada com o menor das brisas e a cada gatilho de Whastapp ao custo total de R$ 12 milhões. O eleitor do Ciro (ou o como se chamavam, os "ciristas") acreditava que era preciso montar uma brigada intransigente e invasiva para deslocar os votos do Haddad ao presidenciável do PDT.

O inimigo a ser batido não era o Bolsonaro, o que parecia ser lógico. Era o Haddad. A perseguição por estes votos sob a alegação de enfrentamento mais eficaz contra o fascismo foi um dos episódios mais toscos nesta campanha eleitoral (e olhe que a concorrência foi grande!).

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Jovens neófitos e depolitizados entraram na moda cirista tais quais amantes esporádicos de futebol em tempos de Copa do Mundo.  Minavam da terra como walking deads, criticavam o PT, pediam sua tal "autocrítica" e alertavam que o partido deveria se submeter ao apoio à candidatura do Ciro Gomes sob todas as forças.

Ora, o PT com seu capital eleitoral inegável e comprovado após as eleições (maior número de governadores eleitos, maior bancada na Câmara dos Deputados, 47 milhões de votos no segundo turno) teria que se render ao PDT  e a Ciro, que dança conforme a música da vez, seja no PSDB, no PSB, na conversa com o Centrão (do qual foi sumariamente limado em seguida), e que historicamente não passa dos 12% em suas jornadas eleitorais. Essa era a conta dos "ciristas".

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Ciro tem uma das retóricas mais fantásticas da política brasileira. Inteligente, apresentou uma proposta importante de combate ao bolsonarismo efervescente. O tempo foi mostrando que a luta de Ciro e dos "ciristas" era demogógica. Seria protagonizar a oposição, atingindo o PT. Queriam o protagonismo sem voto e com o PT escanteado.

Não bastou muito para que os "ciristas" fossem entregues à própria sorte no segundo turno da campanha presidencial. Ciro parte para Paris e vê o país pegar fogo enquanto toca violino. Esqueceu sua batalha contra o fascismo. O orgulho e a vaidade não deixaram integrar uma frente democrática. O resultado disso conhecemos bem.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Passadas as eleições e neste clima de pré-obscurantismo,  os "ciristas" desapareceram no subterrâneo. Por uma única razão: jovens neófitos, usados para tumultuar a esquerda, conseguiram informalmente deixar Bolsonaro mais robusto. "Ciristas" foram um fenômeno. Inexistente no período pós-eleitoral.  "Ciristas" não esbravejam mais por aí.

Cirismo não é movimento, não é linha política, nem projeto. Foi um espasmo soberbo dos "isentões" antipetistas. Por isso, os "ciristas" não existem.  Cirismo não é uma coerência a seguir, nem os "ciristas" sabem a qual partido se filiar. Nem se trata de um posicionamento à esquerda ou contrário a Bolsonaro (do qual contribuíram para sua ascensão).

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

"Ciristas" (do PDT) apoiaram Carlos Eduardo (foto), candidato ao Governo do RN, que foi pedir as bênçãos a Jair Bolsonaro. Ciro Gomes esteve no Estado pedindo votos para Carlos Eduardo e pasmem, José Agripino -- o "Gripado" da lista de alcunhas da Odebrecht.

Cid Gomes, o irmão do Ciro, pensa numa frente de oposição a Bolsonaro.  Deixou isso claro em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, no dia 19 de novembro. Seria uma frente com PDT, Rede, PSB, PPS e, possivelmente, PHS e PRB. O PT estaria fora. Ou seja, m centrão, uma oposição nutella, que não faria cócegas no Paulo Guedes.  Afinal, uma oposição onde a maior bancada da Câmara não faz parte, é fazer discurso no deserto.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Neste estica e puxa, se vai para o centro ou vem para centro-esquerda, os "ciristas" estão silentes. Não se manifestam, nem avaliam o próximo governo Bolsonaro. Sabe por que estão calados? Porque "ciristas" não existem.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO